- 1) O luxo é despretensioso. O conceito de luxo tem sofrido alterações ao longo dos anos e a ostentação que antes nos esmagava transformou-se numa bela e acolhedora humildade. Com apenas 37 quartos, o Immerso cabe perfeitamente nesta última definição, pois em vez de se impor, conquista. O chamado ecochic não subjuga a sua envolvente. Pelo, contrário serve a paisagem, interlançando-se e promovendo uma melhor relação com ela. Quando se sobe a estrada em direção ao Immerso, a primeira coisa em que notamos (ou em que não notamos) é no hotel, em como ele passa despercebido, o que diz muito acerca do seu enquadramento na paisagem. Os tons neutros dominantes contribuem muito para essa feliz comunhão, onde a natureza ganha protagonismo. Aliás este novo luxo acolhe-nos logo à entrada, em que a tradicional e sumptuosa recepção foi substituída por duas simples e elegantes mesas. Esta elegante simplicidade está também muito bem incutida no staff, que nos recebe com uma educação sem salamaleques incómodos.
- 2) O chef consultor do restaurante Emme tem uma estrela Michelin. Confessemos que é impossível não nos sentirmos atraídos pelo estrelato de Alexandre Silva (premiado no LOCO), ainda que isso não vise retirar qualquer mérito ao chef residente Paulo Pedro. As técnicas são internacionais mas muitos dos produtos são locais, incluindo os que crescem na horta biológica quase contígua à piscina – as algas servidas com a gamba da costa são apanhadas pelo próprio chef na praia que se avista do restaurante. Se há expressão que não se aplica no Emme é ‘nem tanto ao mar nem tanto à terra’ – talvez apenas se nos referirmos aos pratos vegetarianos. Do mar um polvo no ponto, da terra uma costeleta de vaca suculenta, ambos capazes de nos levar ao céu. A rematar, um ‘pijaminha’ de sobremesas de sonho.
- 3) Os espaços divulgam o trabalho de artesãos portugueses. Reserve algum tempo para se perder a descobrir o talento nacional (e não só), seja no quarto ou nos espaços comuns, como se de uma exposição se tratasse. Os painéis de gesso de Iva Viana, os tapetes feitos a partir de desperdícios de lã e algodão orgânicos de Susana Godinho (SugoCork Rugs), os candeeiros e cadeiras suspensos de Diana Cunha (Oficina 166), e espelho de Anna Westerlund… São muitos os elementos artesanais escolhidos pela proprietária do hotel, Alexandra Almeida d’Eça, para compor a decoração de interiores – num contexto que sabiamente cruza natural e contemporâneo – a cargo de Tiago Silva Dias (que, de resto, assina todo o projeto de arquitetura do Immerso), com a colaboração de Bárbara Neto, da LemonVariance.
- 4) Tem cerveja artesanal própria que acompanha bem o por do sol. Um detalhe importante para os apreciadores de cerveja (se não é o seu caso, não se preocupe pois a carta de bebidas e cocktails é bastante democrática): o Immerso criou duas cervejas em parceria com a Vadia. A eleita foi a Lager Bica Mar para um fim de tarde de outono na varanda com vista para o oceano.
5) Fica apenas a 50km de Lisboa. Aqui está um bom argumento para quem mora na capital, se preocupa com o preços dos combustíveis e quer (re)descobrir uma zona que até agora não tinha nenhum alojamento de 5 estrelas. Mas se mora noutros pontos do país, não se deixe intimidar pela distância, pois o Immerso vale todos os quilómetros percorridos e tem a vantagem de ter um efeito regenerador imediato.