Descobrir um admirador ou admiradora secretos Não tem nenhum? Uma boa noticia: geralmente, toda a gente tem um admirador secreto. O que acontece é que geralmente não está no sítio onde pensamos que está. Pode ser aquele seu colega que se oferece para lhe desempanar a máquina das fotocópias. Ou aquele rapaz que conheceu nas férias em Vilamoura e nunca mais viu. Ou aquele amigo da sua prima que a achou gira e não disse a ninguém, ou disse à sua prima que é daquelas pessoas que guardam um segredo até ao túmulo. Pode não ser elegível para levar ao altar e pode não ser elegível nem para ter um caso e pode ficar horrorizada com as paixões que atrai, mas a verdade é que eles andam aí, os nossos admiradores e admiradoras , melhor ou pior camuflados, portanto faça o seu melhor sorriso e não deixe o seu batom a criar bolor cor-de-rosa no fundo da gaveta.
Escrever uma carta de amor (SMS não vale) (whatsapp ainda menos) Lembra-se daquela sua amiga que já não vê há tanto tempo? Daquele rapaz que conheceu nas férias? Da sua avó que mora longe? Da sua prima de Paris? Escreva-lhes uma grande carta, como dantes. Lembra-se do amor da sua vida? Não espere pelo Dia dos Namorados e declare-se já por escrito. Já que estamos em época festiva, escreva cartões de boas festas a amigos, conhecidos e desconhecidos. E já que vai embalada, comece finalmente o seu romance, a história da’ sua vida ou tudo aquilo que sempre quis contar mas nunca se atreveu. E se acabar por descobrir que não é o Saramago pelo menos divertiu-se à grande.
Visitar um castelo Nem sequer tem de emigrar para a Áustria, temos cá tantos… Ver um castelo tem várias vantagens: no caso de não lhe calhar um daqueles em derrocada iminente e torcer um pé a tentar escalar as ameias, é sempre emocionante. Dá para ver as vistas lá de cima, tirar imensas fotografias originais, doutrinar as crianças acerca da Idade Média, e gastar algumas calorias a calcarrear torreões. De caminho ou de seguida, leia um romance histórico.
Tirar fotografias Comece pelo mais importante: arranje alguém que tire boas fotografias. Não vale o turista que vai a passar, nem aquele seu amigo que lhe corta sempre a cabeça, nem a sua tia que treme das mãos, não, tem de ser alguém com provas dadas. Fase 2, peca-lhe para lhe tirar a si própria uma lindíssima fotografia. Não sei seja reparou, mas a maioria das pessoas tem toneladas de fotografias dos pais, dos filhos e dos cães, e de si própria, nada (enfim, caso não se seja rainha do Instagram). Pois tire-se a maior fotografia que conseguir, imensas, umas atrás das outras, como se fosse rainha do Instagram.
Fazer as pazes com os seus inimigos Não tem nenhum? Então arranje um e depois faça as pazes com ele…Fora de brincadeiras, inimigos nem sempre querem dizer aquelas pessoas com quem não se fala há 10 anos. Aí pode ser difícil de fazer as pazes. Até pode nem valer a pena. Podem ser simplesmente aquelas com quem fala menos, com quem simpatiza menos, com quem por qualquer razão não se dá. Dê-lhes outra hipótese. Convide-os para um cafézinho (atenção, convém não deitar cianeto lá para dentro). Pode ser que descubra neles qualidades escondidas, e se decidir continuar a embirrar com eles, o que até pode ser saudável, pelo menos já sabe que não foi por falta de tentativas amigáveis de reconciliação.
Enfeitiçar alguém Não, não tem de arranjar nenhuma galinha preta. Só tem de arranjar um sorriso.
Sorria à mãe e ao primo, à esquerda e à direita, no elevador e ao espelho. Os outros humanos ainda não descobriram que você é adorável? Enfeitice-os com o seu charme, esmague-os com a sua simpatia, e depois não se espante quando lhe vierem dizer que é linda… E se não lhe sorrirem de volta, são uns malcriados que não merecem a sua boa vontade (que também os há, infelizmente o mundo está cheio deles).
Cultivar a paciência Para que é que há-de apitar ao carro da frente? Só causa mais poluição sonora… Para que é que se há-de chatear só porque o professor de matemática/o chefe/o Zé Manel ainda não percebeu que você é um génio (não da matemática, mas não se pode ser génio a tudo)? Decrete tréguas natalícias. Pelo menos até Janeiro de 2024, recuse perder as estribeiras. Não há maçãs? Coma laranjas. Dê a outra face. Cante. Faça ginástica.Vá nadar. Compre bolas de natal muito grandes e muito vermelhas. Em resumo, cultive a paciência. É mais fácil que cultivar ananases e tem muitas vantagens. Se lhe apetecer cultivar a impaciência esteja à sua vontade, mas depois não se queixe quando tiver de apanhar os cacos.
Ser solidária Ofereça o seu dinheiro, o seu tempo, a sua boa vontade. Colabore, inscreva-se, dê conversa àquela sua vizinha de quem geralmente foge assim que a avista na outra esquina. Se estiver numa onda contra e lhe apetecer mesmo é ser egoísta e comprar imensas coisas para si própria, olhe: seja solidária consigo. Se isso servir para ficar mais feliz, o mundo já melhorou. E às vezes fazia tanta falta que nos lembrássemos primeiro de nós próprios.
Levantar a cabeça Não, não é andar por ai de nariz empinado, que é um hábito terrível e muito mau para a sua progressão profissional. Quando estiver perto de um prédio alto num dia de vento com muitas nuvens, não curve a cabeça para a poça do chão nem diga: ‘bolas, outro dia de Inverno’ nem vá para casa ver as fotografias do Verão de 2008 na Carrapateira. Levante a cabeça. Olhe para o céu. Olhe paras nuvens. Olhe à volta. Compre um balão (se estiver ao pé do Jardim Zoológico, não me lembro de outro sítio com balões).
Levar as amigas a tomar chá Porque é que há-de gastar tempo com pessoas que não lhe dizem nada e já não fala aos seus amigos há (sejamos optimistas) dias? Telefone-lhes, marque uma manhã, ou uma tarde, ou uma noite, para estarem juntos outra vez e trocarem novidades e irem àquele café com uns scones deliciosos onde já não vão há tanto tempo. Dezembro também é aquela altura em que se telefona àqueles amigos que Já não se vê há dois anos, porque não estando imbuído de espírito natalício, ninguém faz isto. Portanto, não fique à espera que lhe telefonem a si.
Apanhar sol Faça como os ingleses: quando vir um raiozinho, vá atrás. Claro que não se vai pôr na beira da piscina de monokini, a não ser que tenha uma piscina interior, claro, mas pode sempre ir a uma esplanada à hora de almoço, dar um passeio ao ar livre em vez de protestar que é demais para as suas pernas, meter-se no carro e partir à aventura. Acabe aquele autobronzeador que não gastou no Verão, vista uma camisola branca, chegue de manhã ao trabalho com ar de quem está de volta das Maurícias.
Ir ao teatro Ou ao cinema ou ver museus, ou pôr os neurónios a mexer de outra maneira igualmente agradável, mesmo que meta pipocas, e mesmo que o vizinho do lado não largue o telemóvel, e mesmo que não tenha lugar para pôr o carro, e mesmo que não vá ao teatro desde o Verão quente de 1985.
Tomar decisões Geralmente é daquelas coisas que se adia até não haver mais possibilidades de adiar, mas às vezes tem mesmo de ser. Faça uma lista daquilo que tem mesmo de mudar na sua vida. Não tem de resolver tudo (pode até não resolver nada) mas pelo menos organiza a cabeça.
Livrar-se da tralha Está a ver aquela jarra do tamanho do seu filho que está enterrada no fundo do seu armário há mais ou menos dez anos? Aaqueles casacos que não usa desde que se separou do Vasco? O banco torto que lhe assombra a cozinha? Livre-se da tralha que lhe enche a vida e vai ver que lhe saiu um verdadeiro peso de cima
Criar tertúlias Se se está sempre a queixar que as pessoas não conversam como antigamente, tem bom remédio: telefone a uns quantos amigos seus que tenham mais disponibilidade e junte um grupo só para falar. De si ou deles, do capitalismo ou do Pai Natal, de tudo e de nada. Pode sugerir temas ou pôr cada pessoa a falar sobre um tema-surpresa, pode sugerir que cada um fale daquilo que conhece melhor ou pode simplesmente jogar Scrabble ou sueca…
Ler Um livro é uma das melhores formas de sonhar sem perigo, viajar sem dinheiro, apaixonar-se sem consequências, aprender sem medo. Peça livros de presente, troque com amigos seus, peça conselho e opinião, vá a uma livraria ou vá a uma biblioteca, mas leia o mais que puder. Folheie, apaixone-se, fique a ler pela noite dentro, vá ver o fim se lhe apetecer, deixe a meio se lhe apetecer, entusiasme-se, beba chá, e não se esqueça de calçar umas meias porque ler de pés frios não é nada bom para a líbido.
Comer bombons com recheioOu outra coisa que a faça feliz. Pode ser bolo-rei e pode ser bolo-rainha, podem ser filhós e pode ser pão com manteiga, pode ser páo de ló de Alfeizerão e pode ser banana fá-si: tem calorias que davam para manter um cavador a cavar durante trinta dias? Relaxe: é Natal, o Menino está nas palhinhas, e com todas as calorias que gastou ou vai gastar na corrida às compras já ganhou o direito a alienar-se gastronomicamente, pelo menos uma vez.
Adotar um sofá Arranje um sofá a jeito. Pode ser o seu. Pode ser o da sua tia Adélia. Pode ser o do dentista. Tem é de ser um sofá onde se possa esticar á vontade. Com almofadas. O do psiquiatra não conta. Desligue o telemóvel, esqueça os filhos, os pais, as contas, as desgraças e o Manel que prometeu que ligava e até hoje, nada.
Ir em lua-de-mel Daquelas em que se vai na sexta e vem na segunda, e que sabem como se tivessem sido um mês no campo. Vá para fora cá dentro ou para fora lá fora mesmo, rapte o seu amor, a sua filha, a sua mãe, uma amiga, pegue no gorro ou no fato de banho, e livre-se das pessoas do costume e do mundo do costume e do Natal do costume, pelo menos no fim-de-semana…
Fazer a caixa mágica do Natal
Cá está qualquer coisa interessante para fazer no dia 26, quando não há nada de interessante para fazer a não ser ver o ‘Sozinho em casa 34’. Encontre uma caixa grande, com tampa, e de preferência que não cheire a hamburguer nem a comida chinesa. Agarre em algumas fotografias e cartões de boas festas. Escreva qualquer coisa sobre o Natal desse ano, quem esteve, quem escreveu, quem telefonou. Junte uma bola de Natal ou um anjinho. Ponha tudo dentro da caixa. Abra daqui a um ano.