Não é só a K-Pop que está a pôr a cultura sul-coreana no mapa: os seus escritores são cada vez mais lidos em todo o mundo. Com apenas 53 anos, Han Kang é a mais recente vencedora do Prémio Nobel da Literatura, sucedendo ao dramaturgo norueguês Jon Fosse. Nasceu na Coreia do Sul em 1970, ela própria filha de um romancista, e estudou literatura coreana em Seul. Estreou-se como romancista em 1995, mas o sucesso internacional viria com ‘A Vegetariana’ (publicado em Portugal pela D. Quixote), que recebeu o Man Booker International Prize em 2016. Além do Booker, venceria muitos outros prémios, como o Médicis, que ganhou em 2023, ao lado de Lídia Jorge.
‘A Vegetariana’ conta o percurso de uma mulher desde que decide deixar a carne até sonhar tornar-se ela mesma árvore, vegetal. Mas o livro é menos sobre vegetarianismo e mais sobre sofrimento, sexo, e morte. Segundo o comité do Nobel, a escolha de Han Kang deve-se à “prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”.
‘A Vegetariana’ é o seu livro mais conhecido, mas quem quiser aprofundar o seu conhecimento tem em Portugal muito por onde escolher: ‘Atos humanos’, O Livro Branco’, ou ‘Lições de grego’, todos da D. Quixote. A editora anuncia ainda que, em 2024, publicará o mais recente romance da autora, que terá como título ‘Despedidas impossíveis’ (o livro que recebeu o Prémio Médicis no ano passado, em França).
Recorde-se que a escritora sul-coreana é a 18.ª mulher a receber o Nobel da Literatura, que corresponde a 11 milhões de coroas suecas (mais ou menos 967 mil euros). A França continua a campeã dos Prémios, com 16, seguida pelos Estados Unidos (13), o Reino Unido (11), a Alemanha (10) e a Suécia (8). Tradicionalmente, é o último dos Nobel a ser atribuído.
As indicações de Alfred Nobel para o Nobel de Literatura decretavam que fosse atribuído a uma “obra excecional com pendor idealista”. Claro que este “idealista” tem sido interpretado de várias maneiras ao longo dos anos. Genericamente, aceita-se que o Nobel da Literatura é atribuído a alguém que reflete sobre a sociedade e o que andamos a fazer neste mundo. Muito adequado a Han Kang, portanto.