Começou como um segredo, mas claro que, num mundo onde tudo se partilha, o segredo foi descoberto com mais velocidade do que vos leva a dizer Robert Galbraith: o novo autor de policiais que tomava a Inglaterra de assalto era a famosíssima ‘mãe’ de Harry Potter, J.K. Rowling.
Claro que, tendo a imaginação absolutamente prodigiosa que tem, não se ficou por criar ‘apenas’ personagens, criou também um autor.
No site dedicado à série, https://robert-galbraith.com, a própria Rowling explica que escolheu um pseudónimo porque quis começar tudo de novo, num género novo. “Quis trabalhar sem a pressão do público, sem expectativas, e receber feedback totalmente inocente. Queria que tudoisto fosse apenas sobre a escrita. Foi uma experiência fantástica e só gostava que tivesse durado mais algum tempo.”
Desde que o segredo foi descoberto, manteve o pseudónimo para o distinguir de outro tipo de escrita e ‘porque me habituei a ele’.
Escolheu Robert, explica, porque é um dos seus nomes preferidos e em homenagem a Robert F. Kennedy. Galbraith foi uma escolha típica de Rwling. Explicação: “Quando era criança, adorava ter-me chamado Ella Galbraith, nunca percebi porquê”.
Quanto ao género, afirma que adora escrever policiais porque têm regras definidas. E quem lê algum livro da série, percebe que se trata de um policial clássico: o leitor tem os dados todos, mas o investigador está sempre um passo à frente. Nada de novo. O que é apelativo é, mais uma vez, a monumental imaginação de J.K. Rowling e a sua capacidade para criar universos inteiros à volta de uma só pessoa.
Esta pessoa, o ‘herói’ dos livros – e também da série da BBC, disponível na HBO Portugal – é Cormoran Strike, filho ilegítimo de uma estrela rock e de uma ‘groupie’, que teve uma vida conturbada até acabar no exército. Tudo isto lhe deu as capacidades necessárias para entender os motivos da alma humana como investigador privado, bem acompanhado pela sócia Robin Hellacott, uma mulher inteligente, bondosa e generosa.
Em Portugal, já estão publicados pela Presença quatro livros da série, sendo ‘Sangue Turvo’ o quinto. História: Strike investiga o misterioso desaparecimento de uma mulher em 1974, e, juntamente com Robin, começa a entrevistar as testemunhas e os documentos relativos. Claro que aquilo que descobrem é muito mais complicado do que aquilo que estavam à espera e aquele acaso não deixou de ser perigoso só porque aconteceu há décadas.
Um enredo cheio de reviravoltas, para quem gosta de passar as noites de outono com um policial impossível de largar.