Alma de viajante, espírito de cigana; devia ser esta a conjuntura do meu ser…
Uma vida de malas às costas, dividida entre o campo e a cidade, dividida entre o Alentejo e Lisboa.
Não me lembro nunca de ter estado em média mais de duas semanas sem fazer no mínimo 400 quilómetros.
Os fins de semana campestres sempre contrataram em tudo com a semana escolar mas eram diferentes sobretudo geograficamente.
A viagem de 200km era como um corredor mágico que me transportava para um outro lugar, outro lugar bem diferente da agitada cidade.
A estrada tornou-se uma companheira de brincadeiras e as malas um acessório indispensável.
A roupa, tal como eu, sempre teve duas moradas, e a parte mais difícil da viagem sempre foi decidir o que ia comigo e o que deixava para traz…
Como fazer esta escolha? Bem essa é uma lição que ainda não aprendi, arrasto sempre o armário inteiro comigo, em malas e malinhas de todos os tamanhos e feitios!
Foi esta minha teimosia em não querer fazer escolhas, não por futilidade mas porque cada peça tem um história e as que ainda não tiveram oportunidade para cristalizar um momento um dia quando menos se esperar vão tê-la, que me vi a fazer 400km. Duas horas de estrada até à casa de praia para de lá resgatar os últimos pedacinhos de verão!
Porque a roupa são memórias e as memórias não se abandonam…