Lá diz o povo, “é por isso que o mundo não se tomba”.
Ontem estava uma amiga a mostrar-me umas compras que fez num desses sites que colocam muita publicidade nas redes sociais – lojinhas essas que têm algumas coisas bastante amorosas, por sinal- e lembrei-me de seleccionar alguns terrores que também por lá andam. Nestas coisas é preciso mesmo paciência porque há oferta para, literalmente, todos os gostos. Numa pesquisa comum, a par com roupas perfeitamente normais, aparecem coisas de morrer a rir. Ou trágicas, conforme a perspectiva…
Uma pessoa pensaria que esses sites têm uma secção para strippers, se não conhecesse casos de raparigas ditas “normais” – do piorio e do menos polido, vá, mas estudantes e coisas desse jaez – que adoram usar pavores destes e até os compram de propósito sem que ninguém lhes aponte uma arma nem nada, para alegria dos namorados bimbos de ginásio que as passeiam todos contentes.
E assim compõem elas o guarda roupa perfeito para todas as ocasiões na vida de uma boneca de feira: as aulas de puxar ferro para ficar com o derrièrre grande, as convenções de kizomba, o café com as “gajas” à porta do salão das nails e sabe-se lá o que mais, que eu não conheço a fundo os hábitos de tal tribo (o pouco que adivinho já é mau que chegue).
Tudo com muita lycra, não vá algum contorno do corpo ficar coberto, muita abertura porque as banhitas precisam de arejar, muito brilho para contornar a musculatura e ar a circular por todo o lado, para mostrar muita pele pouco tratada.
Fiquei com bastante urticária a escrever isto porque não aguento estar exposta a roupa feia por mais de cinco minutos, mas tudo pelo Imperatrix.
Silvanas Sóraias deste mundo e Carlões seus parteinaires, deleitai-vos.
(A lista também é útil caso vocês, minhas decentes e elegantes amigas, queiram, sei lá, mascarar-se de pindérica kizombeira no Carnaval. Eu cá tinha medo, mas há gente com coragem para tudo…)
1- Básico de sobrevivência: a vida destas raparigas não é nada sem calções-cueca, mínimos (daqueles que as pessoas normais usam só na praia, e mesmo assim…) mas para levar à rua e quanto mais feios melhor. Se lhos confiscarem, nem que seja na tentativa de lhes dar uns melhorzinhos, começam a estrebuchar pelo chão e morrem em 10 segundos. Não queremos que isso aconteça- depois eu ia troçar de quem?
2- O traje de cada dia: os sintomas de privação de calções também valem quando se trata de leggings. Mas como para as mulheres desta tribo a necessidade de leggings roça a compulsão, as normais não são más que chegue. Têm de ter modelos com aberturas (pois o tecido colado à pele, estilo embalagem de enchidos, não permite exposição nem ordinarice suficiente) e desenhinhos, rasgões, aplicações…
3- Traje social: todas as mulheres precisam de toilettes para ocasiões especiais. No caso desta espécie, eventos não faltam: do baptizado do primo (porque o Padre é tolerante e não expulsa ninguém da Igreja) ao baile de danças latinas na associação cultural e recreativa passando pelos bares de forró, é uma canseira e há que estar sempre pronta!
4- O pequeno vestido preto (LBD,versão medonha): nenhuma mulher dispensa um LBD e estas enfim, não são excepção. A diferença é que a sua noção de “vestido preto, simples, básico, versátil, que tanto se leva para o emprego como para uma festa, dependendo dos acessórios” é um bocadinho…diversa. Ou retorcida.
Eu explico: é que se a roupa destas mocinhas tiver um tecido decente, ou um bocadinho mais de comprimento, se não tiver nem aberturas, nem rendinhas de nylon, nem uma aplicaçãozinha mais possidónia, elas entram em carência de lycra e poliéster, começam a espumar e a falar em línguas como no Exorcista, a cantarolar bô tem não sei quê, e…morrem, finam-se, vão desta para melhor, batem os saltos de plástico de 15 cm ou como elas dizem, falecem ( vide parágrafo 1). Sapatos de pele verdadeira tendem a surtir um efeito semelhante mas como elas não sabem muito bem o que é isso, se ninguém lhes contar às vezes dá-se o efeito placebo e não há crise. Mas com um vestido? Não há como dar a volta. Tem de ser mesmo algo deste estilo:
E se isto parece assim nas modelos, coitadas, que até estão em boa forma e fazem isto para ganhar o seu pão, imaginem o desastre nas espantalhas de feira da vida real. Para quem se interroga sobre a origem de tão feios fenómenos que têm invadido as ruas, fica tudo esclarecido. Sempre às ordens, gente fofa e respeitável.