Inspira-se nas pessoas que a rodeiam para criar os seus looks mas nunca veste nada que não a faça sentir-se bem. Rita Montezuma faz parte de uma nova geração de influencers – ou criadoras – para quem a identidade é muito importante. Também por isso o seu estilo criativo é muito aplaudido e já conquistou a atenção da imprensa mundial. Rita é uma das Mango Girls – uma comunidade de talentos inspiradores da qual fazem parte nomes tão sonantes como Blanca Miró e Sofia Betak, integrada também por duas portuguesas: Sofia Mozer a Rita Montezuma. A ACTIVA conversou com Montezuma sobre moda, arte e inspiração.
Muitos conhecem o seu estilo criativo, mas poucos conhecem a mulher. Quem é a Rita Montezuma?
Antes de entrar no mundo da moda, via Instagram, estava no Técnico a tirar Engenharia Civil. Nada a ver, bem sei, mas tenho um mestrado em Engenharia. Infelizmente, ainda não tive disponibilidade para trabalhar na área (um projeto para o futuro). Comecei a trabalhar “mais a sério” com as redes sociais em 2022 e, até agora, tem sido uma viagem divertidíssima. Sempre quis tirar um curso de design ou moda, mas nunca tive coragem e agora, indiretamente, trabalho exatamente com isso e adoro. Sempre fui bastante criativa, já tive uma marca de peças em crochet, adoro criar, estou sempre a ter ideias
Como é um dia normal na vida da Rita?
Esta é provavelmente a pergunta que os meus amigos me fazem todos os dias. Tem muita graça, porque nunca consigo dar uma resposta concreta, todos os dias são diferentes. Não sou uma pessoa matinal, mas adoro começar o dia cedo para aproveitar ao máximo. Começo sempre com um café, acompanhado da escolha do outfit do dia, ando muito de um lado para o outro a buscar encomendas e a arrumar roupa (a parte chata) porque num dia normal, com o meu trabalho, acabo por trocar de roupa no mínimo uma vez por dia (divertido mas cria muita desarrumação). Há dias em que tenho eventos e ando a fazer piscinas por Lisboa, há outros dias em que fico o dia todo em casa a editar o trabalho que fiz no dia anterior, mas uma coisa é certa: o fim-de-semana é para amigos e família e não há telemóvel à mistura. Com um trabalho dinâmico como este, é fácil que o trabalho se estenda para a vida pessoal, mas eu tento que não seja o meu caso.
A Rita tem um estilo com uma identidade muito característica. Que conselhos daria a uma mulher que anda perdida à procura do seu estilo?
Para mim o início passa sempre por básicos. Claro que eu adoro andar colorida com mistura de padrões e texturas, mas tudo começa nos básicos. Umas boas calças de ganga, uma boa camisa branca ou uma boa t-shirt às riscas (que para mim é provavelmente a peça que mais uso). Como para mim não tenho um estilo bem definido, tanto saio de casa, num dia, com uma camisola às bolas e umas calças às riscas, como saio, no dia seguinte, de calças de ganga e uma malha branca. Não considero que tenha um estilo específico, pelo que é difícil dar uma “receita”. Para qualquer pessoa que esteja à procura de uma definição do seu estilo, acho que na moda não há etiquetas. Para mim, o importante é que me sinta bem no que visto quando saio de casa, essa é a parte divertida da moda, serve a todos os moods e todos os gostos.
“O fim-de-semana é para amigos e família e não há telemóvel à mistura.”
De onde lhe vem a inspiração para criar os seus looks?
Inspiro-me bastante nas pessoas que me rodeiam, quer na minha vida pessoal, quer através das redes sociais. Encontro muita inspiração nas marcas com que trabalho, eventos e viagens a que vou, sítios que conheço. Por acaso, acabei de chegar de Copenhaga e sinto que nunca vim com tantas ideias e vontade de criar como agora. Nada como mudar de ambiente durante uns dias. Uma parte ótima deste trabalho é que estou também diariamente com outras criadoras que me servem de inspiração e entre elas posso dar destaque à Caetana Botelho Afonso, Victoria Montanari, Inês Isaias e a Mafalda Patrício.
Qual é o truque de estilo que considera mais valioso?
O que eu tento fazer, se bem que não sei se posso chamar de “truque”, é tentar surpreender, fazer o que as pessoas não estão à espera. Combinar padrões inesperados, misturar peças de inverno com peças de verão para dar textura e efeito de camadas, etc.
O seu estilo tem sido muito aplaudido pela imprensa estrangeira. Como se sente com esse reconhecimento?
Estou bastante surpreendida com a atenção, admito que não estava a espera. Fico bastante feliz que eu e outras criadoras portuguesas estejamos a ter reconhecimento lá fora e acho isto muito positivo, até para a indústria de moda portuguesa. Gostava que este boom tivesse tido o mesmo efeito em Portugal. Inicialmente as pessoas que não se relacionavam com o nosso estilo estranharam, mas como se costuma dizer, “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
“Para mim, o importante é que me sinta bem no que visto quando saio de casa, essa é a parte divertida da moda, serve a todos os moods e todos os gostos.”
Os três looks de Rita Montezuma
A Rita é uma das Mango Girls. A marca acaba de lançar uma coleção de festa exclusiva com a influencer Jen Ceballos. Qual é a peça que destaca da coleção?
Adorei a coleção, achei que está divertida e muito bem conseguida. Adoro roupa de festa em geral, mas este vestido ficou no meu coração. Também amei um casaco de pele castanho oversized que me pareceu um ótimo básico para esta estação.
Vestirmo-nos para uma festa é mais difícil do que para o dia a dia? Que regras segue quando está a construir o seu look para uma festa?
Para festa eu tenho dois moods: o festa total, vestido com volume ou lantejoulas, sapatos de salto alto e acessórios ao máximo, ou o descontraído, o look effortless que parece que não deu trabalho nenhum (mas na realidade deu muito mais trabalho do que por um vestido). Importante para mim são também os acessórios, que fazem mesmo a diferença. Uma flor no cabelo, um colar grande, uma carteira de lantejoulas 100 por cento fazem o look.
Os acessórios têm o poder de mudar um look. Qual é o seu acessório favorito?
Ultimamente ando comprometida com as flores no cabelo, sinto que entrei numa relação para a vida. Ponho no cabelo, prendo a um blazer ou a uma carteira, dá para tudo e faz o look instantaneamente.
Em termos de estilo/moda quais são as cidades que mais a inspiram?
Sem dúvida que a cidade que mais me inspira é Copenhaga, amei. Estive lá na semana passada, volto esta semana e irei novamente em janeiro. O que mais me impressionou foi que toda (mas toda) a gente anda bem vestida. Senti-me inspirada em todos os momentos. De forma completamente diferente, Tóquio também me inspirou bastante pela diversidade e arrojo. Outras cidades que nunca visitei mas amava pela moda, era Nova Iorque e Seul, de formas diferentes acho que seriam muito interessantes neste âmbito.
Diga-nos três mulheres que a inspirem pelo seu estilo?
É difícil escolher apenas três. Se tivesse que escolher, escolhia pessoas da minha vida que na realidade são as que mais me inspiram no dia-a-dia. A primeira seria a minha amiga Inês Isaías que, apesar de termos estilos bastante diferentes, é tao inovadora e criativa que me inspiro imenso nela. A segunda seria a Caetana Botelho Afonso que é a minha companhia de quase todos os dias para trabalhar. Neste caso temos um gosto bastante parecido e inspiro-me com ela todos os dias. Em terceiro diria a Mafalda Patrício pois é das criadoras que sigo há mais tempo e que me deu motivação para começar a tirar fotografias para por no instagram.