Era uma das presenças mais aguardadas do segundo dia da Web Summit 2022 e Rania não defraudou as expetativas. Embora tenha vindo discursar à cimeira de tecnologia, a rainha da Jordânia não fez a apologia da mesma, pedindo um maior investimento nas pessoas e não nas máquinas. “O verdadeiro progresso de que precisamos não está em máquinas melhores, mas que todos nós sejamos melhores seres-humanos. O número de pessoas deslocadas à força ultrapassou os cem milhões. Estes números podem parecer demasiado grandes para serem entendidos, mas não são números. São pessoas como nós. E como família humana, as nossas prioridades estão enviesadas se damos mais valor à realidade virtual, ao Instagram e aos gostos, do que à vida de uma criança refugiada”, sublinhou.
Neste seguimento, Rania acrescentando: “No nosso mundo interconectado não podemos evitar ver os outros sofrer. Temos de olhar uns pelos outros se queremos paz e estabilidade para todos nós. É difícil ignorar que a cor de pele e religião afeta os instintos humanitário. Temos de investir mais em mobilizar a compaixão e não apenas de forma seletiva e temporária. Todos têm o mesmo valor”.
Munida com dados de vários estudos, a rainha da Jordânia explicou que, só no último ano, a média online diária aumentou quatro minutos. “Pode não parecer muito, mas ao fim de um ano, são mais 24 horas, um dia inteiro”, disse. Para Rania, a tecnologia tem como objetivo tornar os nossos dias melhores, mas, segundo a mesma “estamos a desvalorizar a moeda mais preciosa de todas: o nosso tempo”. Por isso mesmo, apelou a que se “invista o tempo nas pessoas que se ama. O tempo move-se apenas numa direção e não o poderemos recuperar”.