“A violência doméstica, a violência sexual, a violência obstétrica, o assédio no espaço público e em contexto laboral, o sistema de justiça machista, a transfobia, o tráfico de meninas e mulheres, a negação dos direitos sexuais e reprodutivos, o racismo e a xenofobia, entre muitas outras formas de violência de género, assentam na estrutura básica da nossa sociedade. As desigualdades laborais, a precariedade, a falta de apoio à parentalidade, as frágeis condições de habitação, a pobreza e a desigual atribuição dos papéis de género são fenómenos que penalizam sobretudo as mulheres. Saímos à rua porque vivemos, ainda hoje, num mundo profundamente
desigual, que desvaloriza a nossa força e a nossa dignidade. Somos nós, mulheres, que representamos a maioria dos vínculos laborais precários e a tempo parcial, a dupla jornada por que passamos para garantir o trabalho
doméstico e os cuidados informais, aos filhos, filhas e outras pessoas dependentes”.
Estas palavras fazem parte do Manifesto da Rede 8 de Março (onde cabem tantas outras constatações) que convoca todas as mulheres, e a sociedade civil, a saírem à rua para a V Greve Feminista Internacional e para a Marcha do Dia Internacional da Mulher, que se vão realizar em 12 cidades portuguesas – Aveiro, Barcelos, Braga, Bragança, Coimbra, Faro, Guimarães, Leiria, Lisboa, Porto e Vila Real, e, dia 11 de Março, em Chaves.
Sob o mote “Mulheres em União fazem a Revolução”, a Rede 8 de Março sai à rua para exigir, entre outras coisas:
- o alargamento da rede de casas de abrigo e mais apoios para as mulheres e crianças vítimas de
violência doméstica; - o fim das penas suspensas e da impunidade dos agressores e o uso
mais frequente de medidas que imponham o seu afastamento e
detenção; - o fim do trabalho precário e salários iguais para trabalhos iguais;
- o fim dos ataques aos direitos de parentalidade e o reforço dos apoios
sociais a famílias monoparentais e a mães desempregadas; - o reconhecimento do valor social doméstico e dos cuidados, a
partilha de responsabilidade na sua prestação e mais respostas
públicas de socialização do trabalho doméstico para que homens e
mulheres beneficiem igualmente dos tempos de lazer e descanso; - mais formação sobre inclusão de pessoas LGBTQIAP+ para
profissionais de saúde; - o parto humanizado e o fim de todas as violências obstétricas, a
reabertura e reforço das maternidades, das urgências e dos serviços
de ginecologia/obstetrícia em todo o território nacional,
particularmente no Interior e noutras zonas de baixa densidade
populacional.