O Rock in Rio faz 40 anos – 20 no nosso país – e pedimos à carismática empresária Roberta Medina para fazer o balanço da sua experiência em Portugal. Este ano, o Rock in Rio terá lugar no Parque da Cidade, nos dias 15, 16, 22 e 23 de junho, com nomes sonantes como Ed Sheeran, Scorpions, Jonas Brothers e Doja Cat, entre muitos outros.
Que balanço faz destes 40 anos de Rock in Rio, 20 dos quais em Lisboa?
Depois 4 países, 130 dias de evento, mais de 3800 artistas e mais de 28 mil empregos gerados, o que me continua emocionando é o potencial da música e do entretenimento para criar ambientes seguros, de liberdade e de união entre pessoas de naturezas e crenças diferentes. Cada edição faz-me acreditar que é possível termos um mundo mais generoso e melhor para todos. O Ser Humano é complexo, mas é bom, temos de nos olhar mais como soma e menos como divisão.
Como tem evoluído o evento?
Com a chegada a Portugal, em 2004, desenhámos um modelo de negócio mais viável que nos permitiu fazer 19 edições em 20 anos (sem contar com as duas deste ano – PT e BR), quando nos primeiros 15 anos de vida do festival tínhamos feito 3 edições. Termos há 40 anos grandes patrocinadores a ajudar-nos a viabilizar o evento foi absolutamente inovador; há 24 anos transformar a marca em Rock in Rio ‘Por Um Mundo Melhor’ e comprometer verbas e esforço para apoiar iniciativas sociais foi inovador; há 20 anos – na chegada a Lisboa – as marcas virarem parte do entretenimento do festival foi inovador; há 18 anos ser o primeiro festival do mundo a ser neutro em carbono foi inovador; há 11 anos ser o primeiro a ser certificado pela ISO 20121 como um evento sustentável foi muito inovador, ser lixo zero em aterro foi inovador. Se assumir como um parque temático da música, ampliar a oferta e o convite a um público familiar, trazer o entretenimento digital e o gaming para dentro de um festival de música, ter casas de banho de verdade…. é uma lista enorme de desafios criados e vencidos, de erros e acertos, e continuamos com a mesma sede de continuar inovando e surpreendendo o mercado para oferecer sempre a melhor experiência para o nosso público e parceiros.
Portugal era um país diferente há 20 anos?
Além de ter entrado na moda, ter ganho visibilidade e apelo internacional, a maior diferença que vejo de há 20 anos atrás para cá é na cultura das gerações mais novas que já não se contentam com o ‘parecer bem’ e têm sonhos mais ambiciosos, o que me faz ser uma grande otimista em relação ao futuro do país. Cabe a nós preparar o terreno da melhor forma para eles poderem brilhar mais rápido quando assumirem a liderança das empresas e do país.
A Roberta era uma mulher diferente há 20 anos?
Opa, provavelmente sou diferente hoje do que era ontem, quanto mais há 20 anos! (risos) Somos o reflexo das nossas vivências, a cada dia aprendemos um pouco, somamos emoções novas (boas, ruins, indefinidas), o que faz com que sejamos um pouquinho diferentes a cada momento. Bem, fora ter mudado de país, assumido mais responsabilidades como empresária, ter virado esposa, mãe de 2 (e de mais 3 cães e 2 gatos), ter ganho ainda mais amigos incríveis, ter conhecido culturas diferentes em trabalho e etc….felizmente tem coisas que não mudam: continuo acreditando que o mundo pode ser melhor, dando gargalhadas nada discretas, rindo de tombos antes de conseguir ajudar quem caiu, adorando a Disney e filmes de animação, sendo, como dizem os meus filhos “uma criança em corpo de adulto”!
Se pudesse dar um conselho à Roberta que pegou neste projeto há 20 anos, o que diria?
Aproveita mais as viagens que vão surgir por trabalho para conhecer as cidades por onde você vai passar!
Quais as principais lições pessoais e profissionais destas últimas duas décadas?
Somos pessoas mais interessantes quando nos abrimos para somar à nossa visões diferentes de mundo. Somos mais saudáveis quando compartilhamos a liderança e as decisões com os nossos parceiros, sejam pessoais e profissionais.
Ser mãe é a melhor e mais desafiadora experiência.
Por detrás de um velho rabugento tem sempre um avô legal, isto é, vale a pena buscar o bom em cada pessoa.
Ser saudável significa cuidarmos do nosso físico, mental, espiritual, da nossa alimentação e das nossas relações pessoais e profissionais, tudo ao mesmo tempo, só cuidar de um destes pilares não resolve. O mundo só será melhor se formos pessoas mais saudáveis e entendermos que fazemos todos partes de um único projeto: este planeta. Somando e partilhando-nos é melhor.
Sorria, sempre!
Uma edição que a tenha marcado especialmente?
2022, pós pandemia. Impossível descrever a energia e a alegria que senti em mim e em todos que estavam na Cidade do Rock por podermos estar fisicamente juntos novamente.
Um artista que a tenha marcado especialmente?
A Amy Winehouse. Não vale tudo por fama, dinheiro, as pessoas são mais importantes e precisam ser cuidadas e preservadas.
Portugal e Brasil: o que falta às mulheres conquistar?
Equidade e Igualdade de verdade. Ver refletido no olhar de cada mulher e no olhar para cada mulher a confiança e a liberdade de ser e fazer o que quiser.