“Ui! Já disse a minha primeira mentira à séria. Nem acredito! Uau! Até transpirei e o meu coração acelerou. Mas o mais inacreditável é que todos caíram nela. Faço isto bem afinal. Que sensação incrível! Estava cheio de medo, mas medo de quê? Afinal, consigo enganá-los e eles nem deram conta de nada. Boa! Eheheh! Sou o maior! Mas espera! Será que o meu nariz vai crescer como dizem que acontece e que aconteceu com o Pinóquio? Boa! Yes! Não cresceu. Está igual, está tudo igual!”
E quando uma mentira entra e ganha espaço, vicia a sensação de prazer de não sermos apanhados e a seguir vem outra, outra e mais outra.
O hábito de mentir adquire-se mentindo, mentindo, mentindo cada vez mais, mentirinha aqui, mentirinha ali.
Tenho a certeza pais que a vossa resposta vai ser “NÃO!” à pergunta: Gostariam que o vosso filho vos mentisse? Não, pois não?
Então, convido-vos a visitar aqui as formas que temos de evitar que o nosso filho se torne num mentiroso compulsivo:
– Digam sempre a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade.
Ora aqui está um dos grandes desafios dos pais. “Ai mas eu nunca menti ao meu filho!”, de certeza que afirmam isto com toda a convicção? E quando dizemos que não ligamos a tv porque está estragada, ou que não há mais chocolate porque o cão comeu? Ou então que “a vacina não vai doer nada!”? Ou “vá finge que vais embora para o teu irmão não ver!” Pois é. São mentiras pequeninas, mas são mentiras, verdade?
Quando eles são pequeninos podem até não ter noção de que de facto não corresponde à verdade e até aceitam como sendo, a questão é que como se falou no parágrafo acima: é o hábito que está por detrás disto que não nos deixa ter a capacidade de parar e continuamos com mentiras aqui e ali, sobre vários temas e tópicos. Mas eles já cresceram e já perceberam e fazem o quê? Aprendem connosco através do exemplo. E mentem-nos, claro!
– Deem exemplos práticos do quotidiano de como a verdade e sermos honestos é um valor importante e as vantagens que isso traz para quem o pratica
Vocês, pais, serão os principais agentes de passagem de valores para os vossos filhos, aproveitem-se disso para os ajudar a ser pessoas do bem, honestas, sinceras, começando por ser com eles próprios e para os outros.
– “Quem diz a verdade não merece castigo”
Se mentiu, é importante que ele perceba que a seguir nada de mal lhe vai acontecer. Que está tudo certo. Mas que mais importante do que não mentir, aqui e neste caso, é assumir as suas atitudes e comportamentos, assumir as consequências e perceber qual a razão que o levou a não praticar a verdade e, ao invés disso, a esconder, a fingir, a mentir.
– Ensinar que quando alguém mente, mente a si mesmo
A mentira, habitualmente, serve para nos proteger, contudo pesa-nos a consciência e isso traz para nós emoções de tristeza, frustração e, muitas vezes, medo de ser descoberto, logo, traz também angústia a longo prazo. Por isso, é importante mostrarmos ao nosso filho que sempre que ele mente, o grande desconforto de mentir é dele.
Até porque se alguém vos mentir, vocês em princípio até viverão bem com isso, mas quem vos mente não se esquecerá da sensação de viver com o facto de vos ter mentido. Só ele sabe a real verdade.
– Desmascarem a mentira
Se notarem que há mentira no ar, desmascarem. Questionem. E convido-vos a que possam dar um tempo para ele refletir a querer continuar com a mentira ou dizer a verdade reforçando que “Quem diz a verdade não merece castigo”.
– NUNCA chamem o vosso filho de “mentiroso!”
Ou ele será. Ele assumirá o que vocês dizem sobre ele. Não o façam. Não reforcem isso nele ou maior será a probabilidade que ele se torne um mentiroso e não é isso que queremos, por não?
Fez sentido? Espero que sim! Funciona e faz muita diferença. Espero que o sintam aí em casa. ????
Desejo-vos um mês de abril feliz em família e com conversas bem honestas. Não tenham medo de assumir! Força!
Beijinhos com todo o amor e de quem vos fala sempre a verdade,
Carolina Vale Quaresma