Uma equipa de 30 especialistas do Centro Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (CIPC), ligado à Organização Mundial de Saúde (OMS), analisou vários estudos epidemiológicos internacionais sobre os efeitos negativos das radiações de telefones sem fios e telemóveis, concluindo que há um risco potencial de glioma, tumor do sistema nervoso central que se desenvolve a partir das células da glia (entre outras funções, protegem o sistema nervoso e nutrem os neurónios). Além disso, há ainda um risco acrescido de neurinomas do acústico, tumores benignos do nervo auditivo. Em 2010, a epidemiologista ambiental norte-americana Devra Davies acusou a indústria dos telemóveis, no seu livro ‘Disconnect’ (Desligue), de tentar eliminar qualquer prova científica dos perigos deste tipo de radiação, controlando e atribuindo fundos para a investigação científica, tal como as tabaqueiras o fizeram no passado, refere a revista ‘Time’.
QUAL O TEMPO DE EXPOSIÇÃO CONSIDERADO PERIGOSO?
A OMS diz que o risco é maior para os grandes utilizadores, que falam, em média, trinta ou mais minutos por dia, durante mais de dez anos. Um estudo conduzido por Nora Volkow, do National Institutes of Health, EUA, provou que 50 minutos de conversa ao telemóvel são suficientes para aumentar em 7% a atividade das células cerebrais mais próximas do ouvido encostado à antena, por aumentarem o metabolismo da glucose. Mas o estudo não achou provas de que cause danos à saúde.
Alguns epidemiologistas e cientistas que estudam radiações torcem o nariz a estas conclusões, que apontam terem sido baseadas em estudos epidemiológicos, onde se compararam pacientes de cancro com pessoas saudáveis e se perguntou quanto tempo usavam o telemóvel. Não existem ainda provas científicas, em animais ou humanos, que expliquem se e como a radiação de telefones sem fios causa tumores. Os epidemiologistas consultados pela ‘Time’ afirmam ainda que em 20 anos de existência de telemóveis não houve aumento de casos de tumores no cérebro. Além disso, os dados e estudos analisados pela OMS não são propriamente novos – os mais recentes datam de 2004.
PREVENIR NÃO CUSTA
Pelo sim, pelo não, tome nota de algumas medidas que podem ajudar a reduzir a exposição à radiação, sem que tenha que reformar de vez o seu telemóvel:
• Quando estiver a falar, afaste-o uns centímetros da cabeça. É preferível usar a alta voz ou os auriculares ligados por fios, diz Nora Volkow.
• Siga o exemplo dos miúdos e adote as SMS sempre que possa.
• Não traga o telemóvel no bolso das calças, camisa ou casaco.
• Evite dormir com o aparelho à cabeceira da cama.
• O telemóvel pode emitir mais radiação em locais com pouca cobertura de rede, como elevadores, túneis e áreas rurais. Evite grandes conversas nestes locais, aconselha a revista ‘Time’.
• Aplique estas regras às crianças e limite-lhes o uso do telemóvel.