Quando o tema é saúde, não é de hoje que as notícias falsas parecem ganhar ainda mais força na sua circulação.
Desde dezembro de 2019, quando o novo coronavírus foi descoberto e os primeiros casos foram registados na China, informações pouco fidedignas têm sido as grandes responsáveis por causar o pânico desmedido e a negligência em relação às medidas de prevenção para combater o surto. A começar pela definição de descrição dos coronavírus como “uma gripe forte”.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), a definição correta é “uma família de vírus que podem causar infeções nas pessoas. Normalmente estas infeções afetam o sistema respiratório, podendo ser semelhantes à gripe ou evoluir para uma doença mais grave, como pneumonia.”
Especificamente falando do novo coronavírus, designado SARS-CoV-2, a entidade diz que “nunca tinha sido identificado anteriormente em seres humanos” e a fonte de infeção é ainda desconhecida. A DGS acrescenta que a via de transmissão ainda está a ser investigada.
Os infetados costumam ter sintomas como tosse, febre e dificuldade respiratória. A intensidade desses sinais varia de pessoa para a pessoa, sendo que indivíduos com mais de 60 anos, pacientes com doenças crónicas e baixa imunidade formam o grupo de risco, ou seja, estão mais vulneráveis e podem ter complicações ao contrair o vírus.
Para esclarecer dúvidas sobre esta o novo coronavírus, que foi declarado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), separámos algumas notícias falsas que andam a correr o mundo.
1. Há um teste caseiro para fazer o diagnóstico
Um dos boatos fala sobre uma espécie de teste caseiro para determinar a contaminação: respirar fundo e suster a respiração por mais de 10 segundos. Se a pessoa conseguir fazer isso sem tossir, não está infetada.
A desinformação ganhou tamanha proporção que a Organização Mundial de Saúde (OMS) se viu obrigada a desmentir a existência do teste, sendo que o porta-voz Tarik Jasarevic afirmou que não existem provas que corroborem a teoria. O único teste comprovadamente eficaz é realizado em hospitais públicos, privados ou em laboratórios autorizados.
3. O coronavírus causa pneumonia de imediato
Relembramos que os principais sintomas do novo coronavírus costumam ser febre, tosse e dificuldade respiratória. Porém, não está comprovado que a doença causa imediatamente pneumonia. Em alguns casos, infecções, como pneumonia, podem aparecer, mas isso não é uma regra.
Também é importante sublinhar que existem casos assintomáticos. Aliás, segundo um estudo recente da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, os portadores sem sintomas são responsáveis por dois terços das infecções.
A DGS diz que o SNS24 (808 24 24 24) é o “contacto ideal para os casos suspeitos de COVID-19, porque encaminha os doentes para o local mais adequado”. Este é o contacto mais importante e organizado.
3. O vírus não resiste à temperatura de 26ºC ou 27ºC
Outra das supostas “informações importantes” que corre as redes sociais diz que o “o vírus exposto a uma temperatura de 26 a 27 °C morre”, pelo que se deve “evitar comer gelados ou pratos frios; os alimentos quentes são mais seguros, visto que o calor elimina o vírus”.
Ester Sabino, a diretora do Instituto de Medicina Tropical, no Brasil, e uma uma das responsáveis por sequenciar o genoma do novo coronavírus, esclarece que o vírus tolera uma temperatura de pelo menos 36ºC no corpo humano. “Portanto, esta afirmação é falsa,” conclui, em ceclarações ao site G1.