Quando falamos em burnout, falamos de uma resposta psicológica ao stress prolongado ou crónico, que advém da nossa profissão. É um esgotamento físico e mental, totalmente incapacitante, e é cada vez mais comum na nossa sociedade. Catarina Barreiros, fundadora do projeto Do Zero e criadora de conteúdos digitais, abordou de forma aberta este tema no seu Instagram, explicando que ela própria está, aos bocadinhos, a recuperar a alegria das pequenas coisas da vida.
“Faz falta viver. Aos poucos, tenho vindo a sentir-me novamente eu. Os últimos três anos na minha vida (e, até certo ponto, de todos nós) foram meio caóticos: uma filha, uma saída da vida profissional estável para me dedicar ao projeto Do Zero a 100%, uma pandemia. (…) Foi preciso aprender da pior maneira o que é um burnout para compreender que dizer que sou workaholic não é um elogio. Tive a sorte de encontrar nas consultas de psicologia uma maneira certeira de aprender novamente a viver. Lembro-me de a minha psicóloga me perguntar o que é que me fazia feliz quando era miúda. O que é que eu gostava efetivamente de fazer. E a resposta foi meio que uma chapada, porque era música, pintura, arte… Era tudo aquilo que tinha abafado na minha vida para conseguir ser tudo para toda a gente.
Estou a sentir 2023 como um ano de mudança. Claro, ajuda a minha filha “já” ter três anos e já gostar de ir à casa de banho sozinha e com a porta fechada – a melhor metáfora que tenho para a autonomia, para nós, é esta mesmo, sim. Ela quer o espaço dela, como eu quero o meu, sem deixarmos de nos querer muito uma à outra. Ajuda não estarmos confinados. Ajuda ter uma equipa comigo já.
Mas sabem o que também ajuda tantas vezes e nem sempre me lembro? Ajuda a vestir um casaco maluco de quando eu era “outra pessoa”. Porque essa pessoa continua a existir, desde que eu não a sufoque. E porque raio deveria eu sufocar alguém que adora música, arte, moda e vida? Alguém que gosta da loucura de ter, no mesmo dia, um pequeno almoço, um lanche e um jantar com amigos, que gosta de casacos malucos e arte colorida. De tocar piano até perder noção das horas ou ler na cama até fechar os olhos e perder o sítio onde marcou o livro. Alguém que vibra com um concerto na Gulbenkian (mesmo que seja de música para bebés) e delira com um bom espectáculo de comédia. Que bom voltar a conseguir respirar. Que bom, que incrível, que coisa tão maravilhosa é esta de, absolutamente, viver”.
Há vários sinais que denunciam um burnout. A maioria passam pela sensação constante de cansaço, por apatia e desmotivação, alterações no sono, fragilidade do sistema imunitário, isolamento social, sentimento de inutilidade e de fracasso, dores de cabeça, alterações do apetite e desmotivação profissional.