Os sinais podem ser subtis: o seu filho parece ter sempre dores de barriga após comer torradas, ou talvez tenha episódios recorrentes de obstipação, e começa a suspeitar de que algo se passa. Esse algo pode chamar-se doença celíaca.
A condição pediátrica é causada por uma resposta imunitária anormal ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Danifica o revestimento do intestino delgado e dificulta a absorção de nutrientes. Como resultado, as crianças podem não receber a nutrição de que precisam para crescer e prosperar.
Este distúrbio intestinal requer cuidados ao longo da vida e, se não for tratado, pode levar a um atraso no crescimento e até mesmo promover a osteoporose.
Quais são os principais sintomas?
Os sintomas podem aparecer entre os seis e os nove meses, ou sempre que são introduzidos alimentos com glúten na dieta de uma criança. Os bebés e crianças pequenas podem ter vómitos, irritabilidade ou crescimento deficiente, enquanto as crianças em idade escolar tendem a ter dores de estômago, obstipação e diarreia. Já as crianças e adolescentes mais velhos podem sentir fadiga crónica, dores de cabeça, dores nas articulações, erupções cutâneas e até distúrbios de humor.
“Às vezes, os sintomas do paciente são significativos e sabe-se que há algo errado”, diz Erin Feldman, nutricionista pediátrica da Clínica Pediátrica de Doenças Digestivas Cedars-Sinai, no blogue do centro médico. “Outras vezes, não há sintomas, mas um exame de rotina ao sangue revela anemia, e o exame de sangue de seguimento mostra que o paciente tem doença celíaca”.
Como é tratada?
Segundo Feldman, o tratamento passa por evitar completamente o glúten. Ou seja, quaisquer alimentos que contenham, trigo, centeio ou cevada. Também é importante consultar um nutricionista para avaliar a ingestão nutricional da criança e obter orientação e informações personalizadas.
Qual é a importância do acompanhamento nutricional?
Um nutricionista é um aliado nas missões de descodificar rótulos nutricionais e evitar fontes ocultas de glúten nos restaurantes, esclarece a especialista. Além disso, pode sugerir substitutos para os alimentos favoritos da criança e maneiras de confecionar refeições para que a nova dieta sem glúten não represente uma mudança drástica.
De sublinhar a importância de garantir que a criança recebe todas as calorias e nutrientes de que precisa. A doença celíaca danifica o revestimento do intestino, então a criança pode não conseguir absorver certos nutrientes essenciais, como o ferro. Estes profissionais de saúde também podem ajudar a evitar a contaminação cruzada de alimentos que contêm glúten (dentro e fora de casa).
Dicas glúten free
- A contaminação cruzada na aveia é comum. Verifique o rótulo da farinha de aveia e outros alimentos que contenham aveia para garantir que são certificados sem glúten;
- Informe-se sobre os medicamentos e suplementos nutricionais do seu filho. Se eles contiverem glúten, obtenha recomendações de alternativas sem glúten junto de um pediatra ou farmacêutico;
- Verifique os rótulos dos protetores labiais. Esses produtos podem ser fontes ocultas de glúten;
- O pão e bagels sem glúten precisam de lugares próprios na torradeira. Se não tiver espaço para duas torradeiras, designe e rotule uma fenda para os produtos sem glúten;
- No caso de atividades ou festas de aniversário na escola, dê ao professor do seu filho uma variedade de snacks e guloseimas não perecíveis sem glúten. Assim, a criança não irá sentir-se excluída.