Por vergonha, medo ou falta de tempo são muitas as dúvidas que se levam para casa no final da consulta. A ACTIVA pediu a seis médicos que respondessem às questões que mais preocupam as mulheres.
P.: Se comer os alimentos certos e fizer exercício físico, tenho menos probabilidades de ter um cancro?
R.: ‘Sim. Ao adoptar hábitos de vida saudáveis, como a prática de uma alimentação equilibrada e de exercício físico regular, estaremos a reduzir o risco de aparecimento de várias doenças, incluindo vários tipos de cancro. Uma alimentação pobre em gorduras e rica em frutas e legumes, juntamente com uma actividade física moderada, permitem combater o envelhecimento e promover a saúde.’
P.: A minha saúde é beneficiada se for apenas uma ou duas vezes por semana ao ginásio?
R.: ‘Ir ao ginásio, ainda que uma ou duas vezes por semana, é bem melhor do que não ir vez nenhuma. Contudo, o exercício físico deve ser encarado como uma prática regular, pois terá maiores benefícios se for praticado duas ou mais vezes por semana. Quem não tiver tempo para ir ao ginásio deve aumentar a sua actividade física ao longo do dia, caminhando e realizando actividades domésticas.’
P.: Como devo começar a mudar os meus hábitos alimentares: de um dia para o outro ou gradualmente?
R.: ‘A alteração dos hábitos alimentares depende sempre do indivíduo e de quais se pretendem alterar. Isto é, a estratégia depende de vários factores e não me parece haver um padrão firme que deva sempre ser seguido. No entanto, é correcto dizer que o peso corporal deve ser perdido de modo gradual e que a perda repentina de peso não é saudável nem inteligente.’
P.: Devo tomar suplementos de vitaminas e minerais?
R.: ‘Antes de tomar suplementos vitamínicos e minerais todos nós devemos avaliar o nosso actual padrão alimentar e perceber se não existem ainda alterações a realizar que permitam enriquecê-lo. É importante equilibrar a nossa alimentação através de uma escolha mais cuidada dos alimentos, apenas recorrendo à ajuda de suplementos em casos pontuais ou quando há recomendação médica.’
P.: Quando me sinto desanimada, como posso saber se é apenas uma fase ou uma depressão?
R.: ‘O termo ‘depressão’ é usado incorrectamente. Os problemas do dia-a-dia, acontecimentos nefastos, rejeições e perdas causam tristeza mas não necessariamente depressão. Este é um quadro complexo, patológico, que implica sofrimento e engloba todos ou alguns dos seguintes sintomas: intensa tristeza, angústia, ansiedade, insónia, sonolência, desvalorização pessoal, perda de auto-estima, desinteresse por si próprio e pela vida em geral, apatia, dificuldade em sentir prazer, tendência para o isolamento, cansaço fácil, dificuldades de concentração, perda de memória, pessimismo extremo e ideias de suicídio. A depressão pode ser tratada recorrendo à psicoterapia e, em alguns casos, a um suporte químico (ansiolíticos e antidepressivos), sempre prescrito por um clínico.
P.: Dormir mal prejudica a saúde?
R.: ‘Dormir mal pode trazer sérios problemas de saúde, como ansiedade, estados depressivos, temores diversos e preocupações crónicas. Por causar um desequilíbrio do sistema nervoso que leva a uma debilitação do sistema imunológico, propicia o aparecimento de doenças como úlceras, gastrites, fadiga crónica e hiper-tensão arterial. A maioria dos indivíduos precisa de 6 a 8 horas de sono por noite. De preferência, um sono seguido e descansado, porque se durante essas horas estiver sempre a acordar pode levantar-se mais cansado do que se deitou.
P.: O stresse causa doenças?
R.: ‘O stresse causa alterações a nível bioquímico que podem resultar nas chamadas ‘doenças de origem nervosa’, tecnicamente designadas por psicossomáticas. Destas, as mais vulgares são enxaquecas, distúrbios gastrintestinais, contracturas musculares, perturbações cardiovasculares, enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral.
P.: Estou na casa dos 20 anos. Como deverei preservar a minha fertilidade, de modo que possa vir a ser mãe aos 30 e tal anos?
R.: ‘Deverá ter consultas periódicas, em princípio anuais, de ginecologia. Para além disso, deverá valorizar alguns sintomas: corrimento, dores pélvicas ou abdominais, dores no período menstrual, utilização de uma correcta e se possível dupla anticoncepção. No caso de mais de um parceiro sexual, além de outro método contraceptivo, use sempre o preservativo.’
P.: É verdade que o DIU também pode ser usado por mulheres que nunca tiveram filhos?
R.: ‘Não. O uso do DIU não é recomendado em mulheres que ainda não tiveram filhos, pois a frequência com que ocorrem doenças inflamatórias pélvicas é maior nas portadoras de DIU do que nas mulheres que não o usam. Esta doença pode originar problemas ao nível das trompas, que resultarão em dificuldade futura em engravidar.
P.: Devo fazer terapia hormonal de substituição na menopausa?
R.: ‘Desde que a mulher seja bem vigiada, realize exames regulares e não havendo contra-indicação à utilização destes fármacos hormonais, a mulher pode ser medicada com terapêutica hormonal de substituição mas é aconselhável que o período de utilização não seja superior a cinco anos’.
P.: Porque é que tenho com tanta frequência infecções urinárias?
R.: ‘Importa fazer o diagnóstico correcto da infecção urinária e conhecer a bactéria responsável através de uma urinocultura. O tratamento médico deverá ser feito pelo tempo indicado pelo clínico e sem interrupções. Deverá haver uma ingestão correcta de líquidos e uma cuidada higiene ao nível vulvar e vaginal, recorrendo o menos possível a produtos artificiais. Estas normas de higiene não têm normalmente influência no aparecimento das infecções urinárias de repetição, mas sim nas infecções ginecológicas.’
P.: É normal ter dificuldades de lubrificação aos 30 anos?
R: ‘Normalmente, desde que a mulher seja saudável do ponto de vista ginecológico, não esteja em menopausa e haja uma fase de preparação estimulante de ambos os elementos do casal para o acto sexual, não existem dificuldades de lubrificação. Se as tem, converse com o seu médico. O problema poderá ser de origem psicológica’.
P.: Tomo a pílula há muitos anos. Terei dificuldade em engravidar?
R.: ‘Não. A pílula não altera a capacidade futura fecundante de uma mulher. Se, após tomar os anticoncepcionais orais durante vários anos, a mulher tiver dificuldade em engravidar, isso significa que o problema iria ocorrer mesmo que nunca tivesse tomado a pílula.’
P.: A partir de quantos cigarros estou a prejudicar a saúde?
R.: ‘Fumar faz sempre mal, mesmo que seja em pequena quantidade. Basta um cigarro por dia para causar hiperreactividade brônquica. Quem tem força de vontade deve esforçar-se por fumar zero, até porque uma pessoa que fuma apenas dois ou três cigarros por dia não é um viciado em nicotina.
P.: Convivo com pessoas que fumam. Isso poderá prejudicar-me?
R.: ‘Está provado por estudos científicos que os não-fumadores que vivem rodeados por um ambiente de fumo apresentam reactividade brônquica como se fumassem. Isso pode ser medido através da espirometria, um exame que avalia o volume e o ritmo do fluxo de ar dentro dos pulmões. Existe um outro avaliador, o dosímetro, que determina o monóxido de carbono no sangue arterial.
P.: O que posso fazer para prevenir o cancro do cólon?
R.: ‘Deve comer muitos legumes, especificamente couve-flor e bróculos, e fazer exercício físico. É importante que o acompanhamento médico seja assíduo, e que se façam exames complementares de diagnóstico ao mínimo sintoma, como hemorragias rectais ou hemorróidas que não desaparecem.’
P.: Costumo beber dois copos de uísque por noite. Faço mal?
R.: ‘As bebidas destiladas são nocivas à saúde e não devem ser consumidas sistematicamente, por poderem causar doenças. Pode beber vinho tinto, um copo a acompanhar as refeições, porque tem propriedades antioxidantes, e cerveja, embora esta deva ser bebida com moderação, pois, apesar de ter um índice alcoólico mais baixo, possui uma proteína com a qual é preciso ter cuidado. Não faz mal beber um refresco de uísque de vez em quando.’
P.: Aos 30 anos ainda vou a tempo de prevenir a osteoporose?
R.: ‘Sim, ainda vai muito a tempo. As mais recentes descobertas científicas indicam que as terapêuticas de substituição hormonal só devem ser utilizadas em última análise. O que é fundamental é aumentar a ingestão de lacticínios, saladas e legumes e fazer exercício físico, que é fundamental para a estimulação da matriz óssea e para mobilizar os complexos articulares. Também o sol e o mar ajudam a fortalecer os ossos.’
P:É possível ainda sofrer de acne aos 30 anos?
R:’Claro que é possível. O acne não é exclusivo dos adolescentes. Chego a tratar pacientes com acne com idade superior a 40 anos e até próximo dos 50, tanto do sexo masculino como do sexo feminino.’
P:Posso contrair doenças sexualmente transmissíveis através de sexo oral?
R: ‘Sim, existe essa possibilidade, desde que haja uma ferida, por vezes não visível, ao nível dos lábios ou da cavidade bucal, permitindo desta forma o contacto do esperma ou das secreções vaginais com a corrente sanguínea.’