No passado dia 10 de outubro, assinalou-se o Dia Mundial da Saúde Mental e esta foi a data que a influenciadora digital Mia Relógio escolheu para partilhar com os seus seguidores a sua luta contra a depressão e anorexia nrvosa, que a levou a uma magreza extrema (30 e poucos quilos) da qual está a recuperar, e a estados de enorme tristeza e dor, que ainda persistem.Mia Relógio partilha luta contra a depressão e anorexia
Esta manhã, no programa ‘Dois às 10’ na TVI, em conversa com o apresentador Cláudio Ramos, a mulher do radialista Diogo Beja da Rádio Comercial, assumiu que ainda está em processo de cura, que o caminho até aqui tem sido muito doloroso e que tem consciência de que, apesar de sempre ter gostado de ser magra, “uma coisa é estar magra e outra é estar doente”. Mia reconhece que está a recuperar, mas não esconde que tem ainda dias em que se sente muito triste: “Tenho muitas coisas que me fazem feliz mas não estou feliz”, confessa.
Leia o testemunho de Mia nas redes sociais:
“Esta partilha era para ter acontecido no final do ano passado, quando me foi diagnosticada uma depressão e uma anorexia nervosa. Até chegar aqui, ter a certeza que estava doente e que precisava de ajuda, que não fosse apenas as minhas visitas à terapia, foi um caminho longo. Se a coisa promete ficar melhor com anti depressivos? Então, que assim seja. Continuar com 30 e poucos kgs e com um nível de ansiedade que dominava todo o meu corpo, é que não. Principalmente agora, que sou Mãe e que tenho uma filha para cuidar.
Tenho zero problemas em falar disto. Acredito que sempre que o faço consigo ajudar alguém que passa pelo mesmo, tantas vezes em silêncio. Eu já estive aí. Já estive nesse lugar escuro e tão solitário. Ainda hoje tenho esses momentos. Ainda hoje sinto, muitas vezes, que os que estão próximos, não entendem o que eu sinto, não percebem a minha dor. Porque, infelizmente, a terapia continua a ser um estigma. Continua a ser motivo de vergonha e eu juro que não entendo como.
A 1.ª vez que fui acompanhada por um psiquiatra tinha 18 anos, o meu namorado tinha-me traído com a minha melhor amiga e o mundo, como eu o conhecia, tinha acabado. Esse médico salvou-me e, a partir daí, eu comecei a entender a importância desta área de saúde. Porque a saúde física não pode ser mais importante que a saúde mental. E se tratamos o corpo devíamos, da mesma forma, tratar a nossa cabeça.
No último ano vivi coisas muito duras, senti-me muito triste e, até aceitar que há realidades que não vou conseguir mudar, o caminho foi muito solitário. Senti-me incompreendida e magoada, por tanta coisa injusta que me fizeram passar. Fui vítima mas não me queria ver nesse papel. No meio desta enorme luta, descobri a Alexandra, que tem sido luz. Sei que nem sempre é fácil criar empatia com um psicólogo mas eu tive e tenho muita sorte.
Sei que ainda estou muito longe do lugar onde quero chegar. Sei que há coisas que nunca serei capaz de mudar. Mas sei também que, todos os dias, dou o meu melhor e procuro praticar o que me é passado na terapia. Cuidem da vossa cabeça. Coloquem-se como prioridade. Procurem estar rodeados de pessoas que gostam de vocês. Desabafem, peçam ajuda, sem vergonha.
Sei que há muitos dias tristes mas também há muitos dias felizes e é por esses que vale a pena toda esta luta”.