Barbie Ferreira surpreendeu os fãs de “Euphoria” ao anunciar, em agosto de 2022, que deixaria de interpretar a adolescente Kat Hernandez na popular produção da HBO. Na altura, especulou-se que existiria tensão entre a atriz e o realizador Sam Levinson, que teria culminado perda de relevância da personagem.
Oito meses depois, a estrela quebrou o silêncio sobre o assunto. Sem grandes surpresas, confirmou que a saída se deve a diferenças criativas com o guionista e criador da série, porque Kat “não tinha um rumo”.
“Acredito que existiam rumos que ela poderia ter seguido, mas não se enquadravam no programa”, revelou recentemente no podcast “Armchair Expert”. “Não sei se estaria a fazer-lhe justiça, e acho que ambas as partes sabiam que eu realmente não queria ter de interpretar a melhor amiga gorda”, explicou. “Eu não queria isso, e penso que eles também não o queriam”.
Ferreira falou ainda na “dificuldade” em encontrar uma história digna para Kat na segunda temporada do programa. Depois de uma apresentação ao público marcada pelo empoderamento, a personagem passou a ter tempo de ecrã limitado, num enredo maioritariamente centrado em fingir uma doença terminal para romper com o namorado. Como resultado, disse que foi “muito doloroso” ao desenrolar da narrativa e “ver os fãs ficarem perturbados” com o declínio do papel.
Hollywood e o problema da melhor amiga gorda
Barbie Ferreira deixou uma série de sucesso por temer que Kat caísse num lugar-comum de Hollywood: o da melhor amiga gorda. Esta personagem nunca tem grande coisa a seu favor, exceto o facto de ser engraçada. Regra geral, está excessivamente ciente do seu peso e usa isso como punchline para piadas sobre, entre outras coisas, estar sempre com fome.
Vimo-la em “Friends”, onde o único propósito da Monica Gorda era fornecer algum alívio cómico, e no filme “Giras e Terríveis”, quando uma Regina George caída em desgraça ganha imenso peso e, por conseguinte, perde popularidade.
As personagens gordas raramente têm enredos sérios ou relevantes nos filmes e series. Porém, com as novas exigências do público e até mesmo dos atores, é possível que representações novas, mais respeitosas e realistas, estejam no horizonte. Até lá, à semelhança de Barbie Ferreira, resta-nos aguardar pelo corte definitivo com as caricaturas que ainda vemos no grande e pequeno ecrãs hoje em dia.