– 190mg/dl de colesterol total
O colesterol não é todo igual. Para estarmos nas boas graças do cardiologista, os níveis de colesterol ‘mau’ (LDL) devem ser inferiores a 115mg e os de colesterol ‘bom’ (HDL) acima dos 45. O HDL nas mulheres costuma ser elevado até à menopausa, altura em que decresce devido à falta de estrogénio. Por isso, as mulheres estão mais protegidas do risco cardíaco, mas só até à menopausa. "Morrem mais mulheres de AVC do que homens, mas morrem mais tarde, depois dos 65 anos. Os homens morrem mais de doença coronária e mais cedo", diz Luis Negrão, especialista em Saúde Pública e membro da Fundação Portuguesa de Cardiologia. "Mas as mulheres pagam com juros de mora: preocupam-se com a saúde dos marido ou dos pais mas não com a delas. Pensa que nunca teve o colesterol ou tensão arterial aquele nível e não acredita nos valores das análises. E estes problemas são mais chatos de curar nelas. A doença instala-se muito mais rapidamente e com consequências mais nefastas."
0,4 mg/dl de Proteína C Reactiva
Não ouvimos falar muito nela, mas é um indicador sanguíneo de que está em curso no nosso organismo um processo infeccioso ou inflamatório. As pessoas com níveis de proteína C reactiva tem um risco cardiovascular aumentado, uma vez que a ateroesclerose, que endurece as paredes das nossas artérias e vai libertando na corrente sanguínea coágulos e gordura que as vão entupindo, vem sendo considerada pelos investigadores como um processo inflamatório. "Para ser um indicador de risco cardiovascular é preciso que não exista outra infecção em curso no organismo. Um idoso que tenha reumatismo articular vai ter níveis elevados de proteína C reativa. Por isso, não se pode dizer que seja um teste a que os médicos se agarrem para fazer diagnósticos."
12g a 16g de Hemoglobina por dl de sangue
É o valor considerado normal para uma mulher. A hemoglobina (Hb) é uma proteína presente nos glóbulos vermelhos que permite ao nosso sangue transportar oxigénio. Se o nível baixar dos 12g, entramos em anemia. Mas níveis altos de Hb também comportam risco. "A medula feminina está habituada a trabalhar para produzir muitos glóbulos vermelhos. Quando deixa de ter menstruações, os valores de hemoglobina sobem. Com a hemoglobina a 17, o sangue fica muito mais espesso, a viscosidade aumenta e a circulação sanguínea faz-se com mais dificuldade nas artérias." Fumadoras, atenção: os vossos níveis de hemoglobina também são maiores por causa do monóxido de carbono dos cigarros. "É como a dança das cadeiras: só que o monóxido de carbono instala-se na ‘cadeira’ da hemoglobina de uma maneira mais intensa que o oxigénio. É um chato que não dança, nem deixa dançar! Como é que o organismo compensa isso? Produzindo mais hemoglobina para dar lugar ao oxigénio…"
120/80: o valor ideal para a tensão arterial
"Consideramos valores de 140/90 como pré-hipertensão", observa Luís Negrão. Os 140 (que abreviamos para 14) de tensão sistólica medem a pressão nas artérias no momento em que o coração contrai; os 90 (ou 9) de tensão diastólica, correspondem à tensão no momento em que o coração dilata. Diabéticos, pessoas com historial de doença cardíaca e colesterol elevado devem vigiar bem a sua tensão arterial, mas não só: "A hipertensão em mulheres jovens é muito chata de tratar. A resposta terapêutica não é tão boa", observa Luís Negrão. "Fumar e tomar pílula é um casamento desastroso. Essa combinação aumenta a tensão arterial e o risco cardiovascular."
É útil investir num medidor de tensão arterial para termos em casa? "Se for de medir no pulso não é útil nem recomendado pelo Infarmed. Não são muito fiáveis. Um aparelho de medir no braço será útil, se tirar proveito disso." Isso implica anotar os dados, todos os dias, para mostrar ao médico na próxima consulta e assim ele poder decidir do melhor tratamento para o seu caso. "Um doente mais informado tem menos consultas e está mais controlado", diz Luís Negrão.
10 mil passos por dia
"O ideal para uma boa saúde cardiovascular seria fazermos pelo menos cerca de 30 minutos por dia de actividade física moderada. As actividades domésticas são consideradas apenas actividade física ligeira", confirma Luís Negrão. A caminhada é uma dessas boas actividades moderadas. Mas tem de ser vigorosa, tem de nos fazer suar pelo menos um pouco, aumentar a frequência respiratória e cardíaca. "Se eu der 10 mil passos todos os dias, em períodos tripartidos de 10 minutos ou num de 30 minutos, o benefício cardiovascular é grande. Mas será que sabemos mesmo o que são 10 mil passos? Ir e vir do emprego, fazer a lida da casa, as andanças diárias representam só cerca de quatro mil."
70 batimentos cardíacos por minuto, em repouso
Ter a frequência cardíaca acelerada implica risco cardiovascular. "Os insuficientes cardíacos tem frequências cardíacas elevadas, ou seja, maior número de batimentos por minuto e cansaço fácil. Aquele coração, por muito depressa que trabalhe, não consegue responder às necessidades." Quem, em repouso, tenha 40 batimentos ou menos de frequência cardíaca, já terá bradicardia, ou seja, o batimento é demasiado lento. Aos 120, estará a bater depressa demais – taquicardia. Para medir basta contar os batimentos no pulso ou jugular (garganta) e contá-los pelo relógio. Os medidores de tensão também contam a frequência.
Um corpo nota 10
88cm de perímetro máximo de cintura: as mulheres com um perímetro superior têm um risco de doenças cardiovasculares duas vezes superiores às que têm 70cm ou menos. A obesidade abdominal é aquela que comporta mais risco de problemas cardiovasculares.
Até 25 – o índice de massa corporal (IMC): Calcula-se dividindo o peso pelo quadrado da altura. Por exemplo, se medir 1,65m e pesar 55 kg, calcula 55: (1,65 X 1,65)= 20,2. Considera-se um IMC normal entre os 20 e os 25. Entre 25 e 30 estará em excesso de peso e acima dos 30 num patamar de obesidade