Todas as mulheres o sabem: o cancro é a doença da qual temos mais medo. Muito desse medo vem de ainda não existir possibilidade de prevenir o seu aparecimento. No entanto, é sempre bom conhecer os factores de risco, isto é, elementos que podem tornar a pessoa mais susceptível de desenvolver a doença: não para ficarmos ainda com mais medo, mas para, de forma serena, tentarmos proteger-nos o mais possível.
O cancro da mama acontece quando as células deixam de se reproduzir normalmente. As células normais estão continuamente a multiplicar-se e a substituir as que estão velhas e morreram. O que acontece com as células cancerosas é que se descontrolam, invadem os tecidos vizinhos e formam tumores.
Quais os factores de risco? Há os de risco elevado e os factores de baixo risco. Os mais importantes, no caso do cancro da mama, são a idade, antecedentes familiares de primeiro grau, ter tido a primeira menstruação muito cedo ou menopausa tardia estão fora do nosso controlo. Não podemos impedir os anos de passarem nem mudar os genes que herdámos. Factores de baixo risco incluem obesidade, ausência de filhos, ou filhos sem amamentação, terapia hormonal de substituição e anticoncepcionais, ou ter antecedentes familiares com cancro.
O cancro da mama é estimulado pelas hormonas: quanto mais tempo está exposta, mais possibilidade tem de desenvolver a doença. Por exemplo, se menstruou muito cedo e se deixou de ser menstruada tarde, se teve filhos tarde ou se não teve filhos, esteve mais exposta às hormonas durante mais tempo. O estrogénio e a progesterona, que as mulheres possuem em maior quantidade do que os homens, estimulam o crescimento das células da mama, tanto as ‘boas’ como as ‘más’. Por isso, todos os factores que influenciem o sistema hormonal podem ser importantes.
MANTENHA O PESO SOB CONTROLO
A obesidade pertence aos factores de baixo risco, mas é sempre bom estar controlada, porque a síntese de estrogénio é feita à base de gorduas, principalmente depois da menopausa. Segundo o www.cancerresearchuk.org, os países onde a incidência de cancro é mais elevada são os Estados Unidos e a França, e onde é mais baixa é na China, Zimbabué e Japão, o que parece apontar, acima de tudo, para uma diferença no estilo de alimentação. É por isso que o exercício é um factor de protecção.
Habitue-se a uma dieta equilibrada com fruta, cereais integrais e vegetais (especialmente tomate e brócolos, que são anticancerígenos). Evite as gorduras animais (não se esqueça que os produtos lácteos também são gordura animal) e, se puder, prefira produtos orgânicos. Os médicos também recomendam que controle o álcool: este afecta o fígado, que regula os índices de estrogénio.
DEITE FORA ESSE CIGARRO
E claro que já nem devia ser preciso dizer isto: faça tudo, tudo, tudo o que puder para conseguir parar de fumar o mais cedo possível e de vez! Mesmo que não nos cause cancro da mama, o tabaco é o responsável por cancros mil vezes mais agressivos!
PREFIRA O CAMPO À CIDADE
Claro que não vamos mudar de vida por causa disto, mas se puder escolher, viva numa zona sem poluição. O cancro da mama ataca mais em países mais civilizados e em zonas urbanas, que, além de diferenças de estilo de vida (alimentação com gordura, tabaco, menos filhos e mais tardios), estão mais sujeitas à poluição e a agentes hipoteticamente cancerígenos. Em Portugal, por exemplo, as zonas de Lisboa, Setúbal e Alentejo têm as taxas mais elevadas de cancro da mama. Curiosamente, há um risco alto nas classes socioeconómicas elevadas.
NUNCA SE ESQUEÇA DO AUTO-EXAME
Acima de tudo, devemos colaborar na detecção precoce do cancro da mama, e isso é uma coisa que qualquer de nós pode fazer. O teste deve ser feito logo a partir dos 20 anos. Se é menstruada, faça-o dois a três dias depois do fim do período. Se não, no primeiro dia de cada mês. Deite–se e ponha o braço esquerdo debaixo da cabeça. Com a ponta dos dedos da mão direita palpe a mama esquerda, como se estes fossem os ponteiros de um relógio. Pressione em movimentos circulares toda a mama e palpe o mamilo para ver se há saída de líquido. Em seguida, palpe as axilas para verificar se existe algum caroço ou inchaço. Sinais de aviso: um caroço indolor, no interior da mama ou debaixo da pele, uma pequena elevação, retracção, ferida ou aspecto rugoso da pele, uma assimetria entre as duas mamas, sangue ou inversão do mamilo.
Se fizer o auto-exame todos os meses, as alterações que notar são provavelmente benignas: na maior parte das vezes, descobrir um caroço não significa que se tem cancro. De qualquer maneira, deverá relatar qualquer alteração ao médico. E, mesmo que não note nada, depois dos 40 deverá fazer uma mamografia bianual, que passa a anual depois dos 50.
NÃO IGNORE OS SINAIS
O mais importante continua a ser detectar precocemente o cancro. Os oncologistas lembram que há um tempo em que o tumor está confinado à mama e este é o tempo para descobri–lo e curá-lo. Lembre-se disto: o cancro da mama é impossível de evitar, mas quando diagnosticado a tempo pode ser curado.
Saiba mais na Internet
. www.breastcancer.org
. www.nationalbreastcancer.org
. www.breastcancercare.org.uk
. www.cancerresearchuk.org
NÓS E OS OUTROS
Esta doença continua a ser, no Ocidente, a primeira causa de morte das mulheres entre os 33 e os 55 anos e a segunda, se tivermos em conta as mulheres de todas as idades.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Senologia, em Portugal morrem diariamente quatro a cinco mulheres vítimas de cancro da mama.
Mais de 90% dos casos seriam tratáveis desde que fossem diagnosticados com a devida antecedência.
70% dos cancros da mama são detectados através do auto-exame. Mas nem todos os caroços são detectáveis por apalpação.