Apesar de trabalharem fora de casa, as mulheres dedicam, em média, cerca de cinco horas diárias a tratar da casa e dos filhos. Os homens apenas duas. Não admira, pois, que sinta que tem mais que fazer do que parar para meditar em como é que há-de usar tempo que não tem para não fazer nada.
Poupar tempo exige um investimento inicial em planeamento, mas acredite que acaba por recebê-lo a dobrar. O sentimento de controlo da nossa própria vida, de acordo com as nossas prioridades, é muito compensador, explica a psicóloga Lucy Macdonald no livro “Aprenda a Gerir o seu Tempo” (Plátano Editora). Sobretudo se conseguir ter mais tempo daquilo que é importante para si. O primeiro passo é definir objectivos. O que é que pretende? Ser eficaz no trabalho, estar mais tempo com os filhos, emagrecer? As suas prioridades é que vão definir o que será um bom uso do tempo para si.
É importante que sejam mesmo as SUAS prioridades, definidas a partir do seu interior, e não do que os outros acham mais adequado. “As pessoas que têm sempre inúmeros afazeres e estão sempre ‘extremamente ocupadas’ muitas vezes pautam o seu comportamento por uma obsessiva aprovação externa”, explica o psicólogo Pedro Dias Coelho. Também para não cair nesta armadilha convém criar tempo para reflectir regularmente.
“Todos temos necessidade de uma vida interior, de nos reconhecermos como somos e como queremos vir a ser, de dar sentido à vida, para isso é necessário darmos atenção a pensamentos subtis que nos surgem na mente. Dessa maneira suspendemos o processamento normal do estado de vigília, e temos acesso a outra parte de nós, muito importante na construção e reforço dos mecanismos da nossa identidade”.
Aprender a relaxar
Ok, já conseguiu algum tempo, o que significa que ganhou disponibilidade, mas isto não é suficiente. É essencial saber relaxar. Mas curiosamente muitas pessoas têm dificuldade em descontrair, garante o psicólogo Pedro Dias Coelho. Se é o seu caso, este especialista tem uma sugestão simples: contraia um determinado grupo muscular, e de seguida abrande progressivamente essa contracção. “Isto é o suficiente para ganhar consciência no que consiste o relaxamento e na sensação que produz, desta forma percebe que o processo está inteiramente ao seu alcance. Sentirá os benefícios de bem estar com 2 ou 3 sessões”, garante.
Depois, e se quiser tornar o processo mais dinâmico, pode também dedicar-se a uma actividade que em si mesma a obrigue a relaxar. “As pessoas sujeitas a grandes pressões profissionais e sociais em dada altura da sua vida, encontram uma actividade prazeirosa que lhes repõe o equilíbrio, seja a dança de expressão livre, muito catártica, ou a pintura”.
E se continua a achar que isto é tudo ligeiramente “irrelevante”, saiba que pode ser das melhores coisas que vai fazer por si. “O ócio é essencial à saúde física e mental. Ter tempo para nós é o mais importante seguro de vida”.
O que fazer no “nosso” tempo?
Há formas e truques para simplificar a vida e organizar prioridades. Mas a primeira de todas deve ser o seu bem-estar. Ou seja, não vale estar a planificar a vida de tal forma que acabe a obrigar-se também a relaxar de forma ‘organizada’. A ideia não é aniquilar a espontaneidade. É sim, como lembra Ernie J. Zelinsky no livro “O Prazer de Não Trabalhar” (editorial Presença), ser capaz de ser criativa, e também de alterar planos e quebrar a rotina quando se proporcionar. Ter um plano não significa que tenha de o cumprir à risca sempre. De outra forma ele transforma-se numa fonte de stresse.
E livre-se de se sentir egoísta por estar a reservar tempo para si. Tenha em conta que, ao fazê-lo, melhora o seu estado de espírito e, desta forma, acaba por estar mais disponível emocionalmente quando estiver com os outros. Ao fazer por si, está a fazer por eles.
Como é óbvio não há receitas universais. O que é que para si tem um efeito relaxante? É meditar? Gastar calorias no step? Ir dar um passeio no parque à hora do almoço? Aninhar-se no sofá com um livro? Tomar um banho de imersão? Qualquer actividade serve desde que tenha um efeito regenerador. Pense em algo que a faça esquecer o tempo do relógio.