A preocupação com o envelhecimento de qualidade é um tema que adquire uma atenção crescente. Se nas décadas anteriores, quando se falava de idade, e nas formas de travar o avançar dos sinais do tempo, o tópico era colocado no ‘anti’ envelhecimento – como se de alguma forma o processo natural dos anos fosse uma espécie de doença a ser erradicada apesar da impossibilidade real de o fazer -, é agora reposto numa outra esfera, em que o importante é aceitar de forma natural o envelhecimento, mas assegurar que este é feito da melhor maneira, retardando o mais possível as rugas, por exemplo, e apostando na prevenção. Falamos de envelhecer com qualidade, com saúde e com uma boa autoestima. A medicina estética reflexo essa mudança de paradigma, não só no que diz respeito a tratamentos não invasivos, mas também cirúrgicos. Além disso, há igualmente uma aposta cada vez mais forte na prevenção dos sinais de envelhecimento da pele e nas soluções destinadas a problemas que não conhecem idade, como machas e cicatrizes do acne ou o próprio acne. Nesta equação, não podemos também esquecer o contexto dos últimos dois anos: é que a pandemia fez estender os seus efeitos à forma como olhamos para nós e no recurso às soluções de estética.
Foi sobre estes temas que falámos com o médico Enrique Galvez, expert em medicina estética, na Clínica Endul, no Porto.
– O que mudou com a pandemia a nível dos procedimentos estéticos? Há uma maior ou menor procura?
A pandemia alterou muito os hábitos normais do dia-a-dia das pessoas, desde o isolamento inicial em casa. Houve alterações profundas no modo de estar profissional com reuniões virtuais, à forma de socialização cada vez mais digital, refletindo-se num aumento de tempo passado nas redes sociais. Estas mudanças trouxeram bastante ansiedade, stress mas também obrigou a uma reflexão sobre a saúde e estilo de vida. Como consequência as pessoas passaram a olhar mais para si próprias, a preocupar-se mais com o seu bem-estar físico e psíquico, em querer melhorar a sua aparência de forma a aumentar a sua autoestima, num momento tão difícil para todos nós. Estas mudanças aumentaram a procura por tratamentos de medicina estética, renovar a aparência deixando-a com um aspeto mais saudável e jovial, tornou-se um objetivo. A medicina estética aumenta a autoestima e a confiança dos pacientes que pretendem corresponder às exigências de um mundo mais preocupado com a saúde e cada vez mais virtual.
– Quais eram os tratamentos mais procurados antes da pandemia e quais os que são atualmente?
Não notamos um aumento específico na procura de um tratamento mas uma mudança no que o paciente quer para si. O paciente hoje é mais exigente e procura tratamentos que deixem um aspeto mais natural e saudável. Podemos destacar a procura pela harmonização facial realizada com preenchimento de ácido hialurónico, bio-estimuladores de colagénio para prevenir o envelhecimento e tudo o que possa combater a flacidez e melhorar a qualidade da pele (laser co2, Ultherapy, peeling, morpheus8). O paciente hoje também é cada vez mais jovem, entende que a prevenção é o melhor aliado no combate ao envelhecimento. Quanto aos tratamentos de corpo assinalamos os último tratamentos no combate à celulite como a cellfina e à flacidez (morpheus8).
– O que mudou (se mudou) com o primeiro e o segundo confinamento?
No primeiro confinamento as pessoas ficaram muito assustadas, a clínica manteve-se encerrada e a nossa maior preocupação foi encorajar as nossas pacientes a manter os seus cuidados habituais de beleza em casa e manter hábitos de vida saudáveis. Fizemos todos os esforços para continuarmos a comunicar com os nossos pacientes, mantivemos as consultas telefónicas e por vídeo. No segundo confinamento as pacientes puderam continuar a vir à clínica e portanto não houve grandes alterações apenas no número de capacidade de pacientes a ter dentro da clínica.
– A forma como encaramos o envelhecimento tem-se também alterado nos últimos anos. Pode-se afirmar que procuramos mais ‘envelhecer bem’ do que ocultar os sinais de envelhecimento?
Pode-se dizer que podemos reduzir e retardar os impactos dos efeitos do envelhecimento. Hoje em dia podemos assumir o controlo sobre a forma como vamos envelhecer, com mais ou menos rugas, sabendo que quanto mais cedo começamos a tratar mais fácil será prevenir.
– Um dos maiores receios das pessoas ao recorrerem a este tipo de procedimentos é sentirem que o seu rosto mudou e já não é o mesmo. Que soluções existem que não colocam em causa os traços da nossa cara?
A escolha de médicos competentes e especializados é fundamental para garantir um bom resultado. Igualmente importante é não tentar economizar fazendo tratamentos em instalações não médicas, com produtos não aprovados.
– Como se pode ‘rejuvenescer’ de forma natural e saudável com as atuais soluções da medicina estética?
A solução mais fácil é começar cedo a tratar da pele. A nossa pele está sujeita a elementos agressivos todos os dias, que aceleram o processo de envelhecimento. Tratamentos como o peeling, skinbooster, mesoterapia com vitaminas poderão ser incluídos como rotina desde jovem e sempre. São tratamentos que não alteram em nada as feições do rosto, vão apenas hidratar, devolver a luminosidade, e prevenir as rugas, mas também pode ajudar a melhorar a circulação sanguínea, ajudando o corpo a eliminar as toxinas que provocam e aceleram o envelhecimento.
– A nível de procedimentos estéticos no corpo, quais são os mais procurados pelos portugueses? Continua a ‘loucura’ do silicone ou também ai se assiste a uma alteração?
Ao nível da cirurgia plástica o aumento da mama continua a ser uma das cirurgias mais praticadas, e atualmente sentimos um crescimento na procura do preenchimento de glúteos com o aparecimento de novos produtos injetáveis, um procedimento que não necessita de cirurgia.
– Qual acredita que será o futuro da estética?
O envelhecimento é um fenômeno inevitável e a medicina estética tornou-se fundamental para o equilíbrio físico, mental e social, no dia-a-dia das pessoas. A relação entre saúde e beleza é próxima, a baixa autoestima por motivos estéticos é frequente e não pode ser ignorada.
E como a realidade está a mudar, a nova campanha da Fillmed, marca de produtos e protocolos de medicina estética, aposta exatamente em mostrar como, de forma natural, podemos fazer mudanças que se refletem na nossa autoestima de foma positiva. Batizada ‘Dare To Be You’ [Atreve-te a seres tu] mostra a mudança de algumas mulheres que se ‘atreveram’ a recorrer às soluções da medicina estética para combater os sinais da idade, mas também cicatrizes, acne e manchas. No final, o importante é que cada um esteja confortável na sua pele.