Na senda de novas propostas de cosmética, deparámo-nos com a Partner in Cream. Trata-se de uma nova marca portuguesa de cosméticos, que desenvolve produtos naturais para o cuidado de rosto direcionados para um consumo mais preciso, mais eficaz e mais sustentável. A aposta é em fórmulas que usam 99% de ingredientes naturais, e têm já cremes e séruns para cada tipo de pele. Lançada no final de 2021, a marca conta com três cremes vegan desenvolvidos para pele sensível, seca e mista e que podem ser misturados e combinados com os quatro séruns vegan, que visam algumas das principais preocupações da pele (primeiras rugas, espinhas, pele sem brilho, manchas).
Quisemos saber mais sobre a Partner in Cream e conversámos com Ida Bourjouane, a fundadora, que nos explicou porque decidiu avançar com um projeto nesta natureza, mesmo em tempo de pandemia.
No seu caso pessoal, quais as lacunas que sentiu relativamente às opções disponíveis no mercado do skincare? Pode-se dizer que o que a sua pele precisava não estava à venda?
R: Estava absolutamente confusa pela complexidade do mundo da cosmética, em particular em perceber o que a minha pele realmente precisava. Tinha pequenas preocupações (espinhas, tez baça, vermelhidão…) e, apesar de fazer várias compras de cremes de grandes marcas em diferentes pontos de venda como perfumarias ou farmácias que se apresentavam com um look mais científico, a verdade é que foram tentativas infelizes e que, acima de tudo, deterioraram a minha pele. Sim, porque os cremes que comprava para a minha vermelhidão, tratavam-se na verdade de cremes feitos para pele seca e, quando quis uma solução para as minhas espinhas, na verdade, era um produto para o tipo de pele oleosa, muito adstringente.
A raiz do problema é que o meu tipo de pele nunca foi levado em consideração.
Será normal que os cremes sejam para “todos os tipos de pele” ou “ideais para pele seca, normal e sensível”? Na realidade, a pele seca não tem as mesmas necessidades que a pele normal ou mesmo sensível.
– Este projeto começa com as suas próprias necessidades a nível de skincare e com a partilha dessa experiência com familiares e amigos. Fale-me um bocadinho sobre este processo…
R: A minha busca pessoal pelos produtos que solucionassem os meus problemas de pele levou-me a descobrir o universo dos produtos naturais. No início comecei a estudar e a fazê-los em casa, para uso pessoal. Aos poucos, ao partilhar a minha experiência no meu círculo de pessoas próximas, descobri que muitas pessoas passavam pelas mesmas frustrações. Através da formulação personalizada tendo em conta as necessidades específicas de cerca de 60 amigos e familiares, pude verificar resultados excelentes. Poder ver diferentes combinações em pessoas com necessidades distintas foi uma oportunidade única de perceber melhor as exigências que cada tipo de pele compreende.
– Como é que ao final de três anos de ‘experiências’ acabou por nascer a Partner in Cream?
R: Já em Lisboa, participamos num programa de incubação de ideias de negócio. Entendemos que havia uma real necessidade do consumidor, uma grande ineficiência nessa busca pelo creme perfeito, com grande desperdício de tempo, dinheiro e toda a frustração envolvida. Com o apoio da incubadora decidimos transformar o nosso projeto numa startup de skincare natural e assim nasceu a Partner in Cream. Percebemos que a melhor forma de levar o nosso conceito de personalização a um público mais amplo seria dividir nosso produto em dois: cremes para cada tipo de pele que combinados com séruns especificamente destinados aos principais problemas que a mesma pode compreender. Com 7 produtos (3 cremes + 4 séruns) conseguimos criar 12 combinações possíveis.
– Como chegou às fórmulas finais e ao laboratório que se tornou no seu ‘parceiro no crime’?
R: As fórmulas finais são o resultado de três anos de colaboração com pessoas reais associado ao conhecimento do nosso laboratório parceiro que nos ajudou a afinar ainda mais cada fórmula e de modo a torná-las perfeitas para cada caso, tudo isto cumprindo todas as exigências, testes e certificações exigidas pelas instituições que tutelam esta área. Procurámos um laboratório que pudesse ser um verdadeiro parceiro no desenvolvimento das fórmulas e produção dos primeiros lotes. Para isso eram fundamentais a experiência no uso de ingredientes naturais de alta qualidade e a prioridade à produção de pequenos lotes, em contraponto à produção massiva que pode ficar por meses em armazéns e prateleiras até chegar às mãos do consumidor final.
– Tratarem-se de produtos vegans foi uma premissa inicial ao desenvolvimento deste projeto?
R: Sim, sempre acreditamos que é na união da Natureza com a Ciência que encontramos todos os benefícios necessários e trabalhar com ingredientes vegan é uma premissa inegociável desde o início.
– Que outras preocupações teve?
R: Desde o início fizemos um grande esforço para desenvolver fórmulas simples, minimalistas, apenas com o que a pele necessita, nada mais. Também priorizamos o uso de óleos naturais de primeira pressão para preservar seus benefícios ao máximo.
– O que distingue estes produtos de todos os outros que existem no mercado?
R: Trazemos o tipo de pele e as suas particularidades ao centro da discussão. Não trabalhamos com ingredientes com nomes complicados que prometem atingir padrões artificiais de beleza. A nossa força está na compreensão de que cada pele é única e tem necessidades únicas que podem ser atendidas com uma associação poderosa entre os melhores ativos naturais presentes na nossa gama de cremes e sérums. O consumidor tem a possibilidade de combiná-los da forma que melhor se adapte às suas necessidades. Queremos dar ao consumidor o poder de criar sua rotina de skincare adaptada, com excelentes soluções naturais, simples de entender, bons para a saúde da pele e para o planeta.
– Como tem sido a recepção aos produtos? Onde é que se encontram à venda?
Fizemos um pré-lançamento em Julho/2021 numa plataforma francesa de crowdfunding (Ulule) que superou as nossas expectativas. Recebemos o primeiro lote de produtos em Dezembro/2021 e desde então a adesão e opinião tem sido muito positivas. Os produtos podem ser encontrados no site da marca www.partnerincream.com
– Qual é o que tem feito mais sucesso e porquê?
O pack creme Your soulmate for combination skin (pele mista) + sérum Nourish & Regenerate (para nutrir e regenerar a pele) tem sido um best-seller.
O sucesso do creme valida nosso posicionamento de trazer as necessidades de cada tipo de pele ao centro da discussão. Já o sérum é uma combinação sublime de óleos naturais com propriedades nutritivas e que dão proteção extra à pele durante o inverno, por exemplo.
– Quais são os projetos para o futuro?
Apesar de sermos uma marca nascida no universo digital, sabemos da importância da experiência offline no nosso setor. Teremos sempre a nossa loja online e o contacto direto com a comunidade nas redes sociais, mas o plano é acelerar a distribuição através de retalhistas exclusivos para ampliar e facilitar o acesso aos nossos produtos.
– Como foi abraçar este projeto? Enquanto profissional, quais os maiores desafios com que se deparou?
Ao empreender somos desafiados todos os dias. Temos o privilégio de estar a construir um negócio de acordo com as nossas crenças e valores e fazer isso acontecer é também uma grande responsabilidade. Somos uma equipa pequena, mas focada e colaborativa, que participa em todos os aspectos do negócio. Nas áreas que não dominamos, contamos com o apoio de parceiros externos altamente especializados e que têm sido fundamentais durante a nossa caminhada. Foi assim desde o desenvolvimento das fórmulas até à colocação no mercado dos produtos finais. É um processo muito complexo e que nos grandes grupos de cosmética tradicional mobiliza dezenas de pessoas por largos meses. Muitas marcas podem recorrer, por vezes, a produtos white-label que já estão previamente desenvolvidos pelos laboratórios, só à espera de receber um rótulo. Decidimos não o fazer assim, porque acreditamos que conseguimos resolver o problema que nos inspirou e acompanha desde a nossa fundação – criar soluções adaptadas a cada tipo de pele. Optamos pelo caminho mais difícil, mas quisemos adaptar o nosso produto às necessidades reais do consumidor e não o contrário. Daí ter sido fundamental ouvi-los, recolher o seu feedback e desenvolver as nossas próprias fórmulas. Foi um processo mais demorado, mais difícil, mas os resultados mostram que valeu a pena.