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60% das mulheres queixam-se de ter pele sensível ou reativa, por vezes pontualmente, outras sem tréguas. Formigueiro, vermelhidão, ardor, sensação de repuxamento… são sinais de uma pele sensível, reativa, intolerante. Que, na verdade, não é um tipo de pele, mas um ‘estado’ que pode ser crónico, intermitente ou pontual e afetar desde a pele mais seca à mais oleosa. Uma pele sensível reage exageradamente a coisas que deixariam as outras indiferentes e tudo tem a ver com a relação entre a epiderme e o cérebro, como explica Ariadna Ortiz Brugues, dermatologista e diretora médica da Avène.
Quando a pele e o cérebro comunicam aos gritos
“As sensações da pele têm origem nos recetores localizados nas extremidades dos neurónios sensoriais que se encontram na periferia da pele. Estes recetores convertem estímulos mecânicos, químicos e térmicos em mensagens elétricas que vão até ao cérebro, onde desencadeiam uma perceção sensorial. Na pele intolerante e reativa há uma resposta inapropriada, em forma de formigueiro, vermelhidão e desconforto, causada por um aumento da reatividade dos neurónios sensoriais e/ou por uma diminuição do limiar da irritabilidade. Os mecanismos envolvidos continuam a ser um enigma e é por isso que a pele intolerante é tão imprevisível”, diz a médica. “Paralelamente, há também uma barreira cutânea deficiente, o que torna mais fácil a difusão dos estímulos, aumentando os seus efeitos, e uma inflamação neurogénica que causa a vasodilatação responsável pela vermelhidão da pele e sensações de calor, e também desencadeia a libertação de histamina, o que por sua vez aumenta a sensibilidade da pele.”
As novas abordagens cosméticas
Numa pele reativa gera-se muitas vezes um círculo vicioso em que todas as coisas que a originam se amplificam umas à outras, por isso as marcas de cosmética procuram não só acalmar a pele, mas quebrar esse ciclo para a ajudar a normalizar. E há boas novidades nesta área.
Na Bioderma, a estratégia da linha Sensibio Defensive é reforçar a capacidade de autodefesa da pele face aos estímulos que recebe, usando ativos biomiméticos que a vão reensinando a viver em paz e ajudando a aumentar o seu limiar de tolerância.
Na Avène, a aposta é num novo ativo pós-biótico (presente na linha Tolérance Control), extraído de uma bactéria específica que dá à água termal de Avène as suas propriedades calmantes e regula a transmissão das mensagens sensoriais.
Na Clarins, a abordagem passa por um conceito ‘pele calma e mente calma’: a sua linha Calm-Essentiel, com mais de 95% de ativos naturais, contém um extrato de salva-esclareia que há séculos é usada como planta de bem-estar e calmante da pele.
Na La Roche-Posay, a combinação do Sphingobioma (um ativo que apoia o funcionamento do microbioma), com o ingrediente apaziguante Neurosensine (que atua sobre os sinais de irritação da pele), e a Água Termal de La Roche-Posay (naturalmente calmante e anti-irritante), dão à linha Toleriane o poder de acalmar a pele.
Como cuidar da pele sensível e reativa
A pele reativa ou sensibilizada precisa de ser acalmada, a nível das sensações desconfortáveis e da vermelhidão (nem sempre presente, já que uma pele pode ‘picar’ sem que nada se veja na sua aparência), e o seu filme hidrolípido tem de ser protegido e restaurado. Adote rotinas simples (limpar, hidratar, proteger dos UV) e use produtos de alta tolerância e fórmulas minimalistas (com listas curtas de ingredientes). Evite ativos potencialmente agressivos como o retinol, ou que alteram a barreira cutânea como os ácidos de frutos e os esfoliantes. Limpe sempre a pele com um produto específico, sem tensioativos agressivos (como os sulfatos), enxaguando bem e enxugando depois sem esfregar. Se gosta de águas micelares, passe sempre a seguir um algodão embebido em água termal ou mineral, para não deixar tensioativos sobre a pele.
O stresse também potencia a sensibilidade da pele, por isso tudo o que a relaxe a si pode ajudar a sua pele a acalmar.