São muitas as fórmulas que temos à nossa disposição para atenuarmos os sinais de envelhecimento que, naturalmente, vão surgindo na nossa pele. No entanto, por mais cuidados estéticos que se tenha, há fatores do nosso dia-a-dia que não ajudam neste processo. E o sono é um deles. Na verdade, Claúdia Loureiro, Pneumologista e Sonologista, e Master em Medicina estética e antienvelhecimento, explica-nos como dormir pouco potencia o envelhecimento precoce. “A pele, como a maioria dos outros sistemas, tem um ritmo circadiano associado à ritmicidade endógena. Uma série de genes circadianos CLOCK (Circadian Locomotor Output Cycles Kaput), BMAL1 (Braib and Muscle Arntlike 1), PER (Perio) e CRY (Cryptochrome) influenciam diretamente a proliferação celular, a sua renovação e o envelhecimento. Essa renovação celular cutânea ocorre sobretudo durante a noite, quando também há maior secreção de melatonina, adenosina, cortisol e hormona de crescimento e que vão influenciar as propriedades anti-inflamatórias e regenerativas da pele. Quando esse ritmo não é respeitado, a aparência facial é afetada, favorecendo edema palpebral, olheira, olho vermelho, palidez cutânea e o aparecimento de rugas, para além de comprometer a recuperação da barreira cutânea após agressão externa”, partilha.
Neste sentido, dormir mal e menos do que devia acelera processos que, de outra forma, iriam acontecer mais lentamente. E o primeiro sinal mais evidente disso mesmo acontece na pele. Sono insuficiente é sinónimo de mais linhas finas, de pigmentação irregular e de redução de elasticidade.
Contudo, este envelhecimento não acontece só na pele. Dormir pouco também tem impacto no bom funcionamento do organismo e até no apetite sexual. Mas, mesmo assim, as perturbações do sono são questões que não parecem ser valorizadas. “A restrição aguda e/ou crónica do sono é altamente prevalente na sociedade moderna, tendo-se tornado um problema de saúde pública que afeta entre 25-33% dos adultos, jovens e profissionais ativos. É crescente a evidência sobre o papel primordial que um sono adequado tem no envelhecimento saudável, já que regula os sistemas fisiológicos major (como o imunológico, o metabólico, o termorregulador, o endócrino) e interfere com inúmeros processos neuronais como a aprendizagem, a memória, a regulação emocional e o processo decisional”, sublinha Cláudia Loureiro, admitindo: “Para além de promover um estado inflamatório, a privação crónica de sono também se associa a imunossupressão, obesidade e síndrome metabólico, contribuindo para a senescência celular”.