Quando soube da notícia, Eduardo Lourenço referiu-se-lhe como "O Senhor Cinema", e o epíteto não poderia ser mais adequado. João Bénard da Costa esteve ligado à Cinemateca Portuguesa, em Lisboa desde 1980 – primeiro, como subdirector; depois, em 1991, como director -, mas também deu aulas aulas de História do Cinema no Conservatório e esteve à frente do sector de Cinema da Fundação Calouste Gulbenkian. Pelo meio, fez uma ou outra "perninha" como actor, participando em mais do que um filme do seu velho amigo Manoel de Oliveira.
Escreveu vários livros sobre o tema, entre os quais "Muito Lá de Casa", sobre as suas estrelas preferidas de sempre, e "Filmes da Minha Vida", onde desfiava as suas películas adoradas. Via cinema de todos os géneros e nacionalidades – a sétima arte era uma paixão avassaladora, devoradora – mas nunca escondeu (bem pelo contrário!) que "Johnny Guitar", de Nicholas Ray, era o seu preferido. Mas isso não significava que tivesse ficado preso ao passado. Continuava a ir ao cinema e era um acérrimo defensor da obra de M. Night Shyamalan, por exemplo.
Cronista, ensaísta, licenciado em Histórico-Filosóficas… Bénard da Costa era um comunicador apaixonado e apaixonante, influenciando o gosto pelo cinema de muito boa gente. Devido à doença, no entanto, cedeu o seu lugar na Cinemateca a Pedro Mexia, em Janeiro passado.
Vítima de cancro, morreu ontem, em sua casa. Foi a enterrar esta tarde, no Cemitério dos Olivais.