É certo que quem ama, não esconde – porque não consegue. Homem ou mulher, se está apaixonado sente orgulho no outro e vontade de o gritar aos quatro ventos.
Não pequemos por wishful thinking: se alguém diz que ama mas não o assume ou faz por ocultá-lo – seja pessoalmente, ante os amigos /família ou nas redes sociais – então anda debaixo de sofisma, a não querer perder o que está lá fora, a evitar comprometer-se ou a tramar alguma.
Mas o extremo oposto é igualmente mau. Uma coisa é não esconder, assumir o óbvio com dignidade, transparência e orgulho de enamorado, outra é a ostentação barata que só traduz uma necessidade igualmente barata de afirmação. Desconfio sempre quando vejo casalinhos de qualquer idade a declarar amor eterno, principalmente quando a relação é recente, e pior um pouco quando vêm com discursos “apesar dos altos e baixos, és o amor da minha vida“. Para quê, senhores? Uma imagem – discreta – vale mais que mil palavras, não é preciso embaraçar-se a si, à cara metade e aos outros. Ou pior ainda, dar a terceiros, não necessariamente interessados ou bem intencionados, demasiada informação sobre a sua vidinha.
O mesmo vale então para o que me trouxe aqui, para os casamentos espectaculosos, temáticos, aberrantes, gigantescos, de bridezilla. Não só são geralmente de mau gosto e demasiado trabalhosos – um casamento é a união eterna entre duas pessoas, não um circo – como me dá sempre a ideia que os noivos estão mais interessados no inglês ver, em dar uma bofetada aos ex, em fazer inveja às amigas, do que propriamente um no outro.
O casório de George Clooney não foi de mau gosto em termos de conteúdo – mas foi-o na ostentação. Três dias de viagens, de almocinhos, de jantares, de cobertura noticiosa, de barquinhos, não sei quantas mudanças de vestido, os convidados (coitados!) de Herodes para Pilatos numa agitação desgraçada, o meu feed não podia já com o casamento apesar de eu simpatizar com a noiva.
E quatro meses volvidos, diz que já andam de candeias às avessas.Quando se abre a porta para que o bom se saiba, também se escancara a janela para que o mau seja gritado em praça pública.
Para mim há certas coisas que não devem passar do vestíbulo, e olhem lá