
Frances Bean Cobain, filha do falecido vocalista dos
Nirvana, admitiu, durante uma entrevista recente, não ser fã da música do pai. Em declarações à revista Rolling Stone acerca do seu documentário ‘Kurt Cobain: Montage of Heck’, a filha do cantor revelou que não aprecia os temas da banda.
“
Não gosto assim tanto de Nirvana” disse. “Gosto mais de Mercury Ver, Oasis, Brian Jonestown Massacre, não estou muito interessada em grunge.”
No entanto, Frances considera o pai um génio e admitiu que algumas das suas músicas ainda a comovem. “‘Dumb”, faz-me chorar cada vez que a ouço. É a percepção que ele tinha de si mesmo, de si mesmo em relação às drogas, de sentir-se inadequado ao título de Voz de uma geração.”, comentou.
A jovem, de 22 anos, que tinha apenas 20 meses quando Kurt se suicidou, disse que, para ela, não é estranho
nunca ter sido fã da música do pai. “Penso que me sentiria mais estranha, se tivesse sido fã,” confessou. “Mas, aos 15 anos, percebi que ele era inescapável. Mesmo que eu entrasse num carro, com o rádio ligado, estava lá o meu pai. Ele é maior que a vida. E a nossa cultura é obcecada com músicos falecidos. Adoramos coloca-los num pedestal. O Kurt podia ter sido só mais um tipo que abandonou a família da pior maneira possível… mas não foi. Ele inspirou as pessoas, para que o pusessem num pedestal, que o tornassem no Santo Kurt. Tornou-se ainda maior depois de morto. Pensávamos que não podia tornar-se maior. Mas tornou-se.”, partilhou a filha do vocalista.
Na reveladora entrevista, Frances também confessou saber porque é que o seu pai, há 21 anos, se tinha
decidido suicidar com um tiro, aos 27 anos.
“O Kurt chegou a um ponto em que teve de, eventualmente, sacrificar cada pedaço de quem ele era, para a sua arte, porque o mundo o exigia. Acho que essa foi uma das principais razões que o fizeram sentir que não queria estar aqui e que toda a gente estaria melhor sem ele. Há sempre alguma insanidade e loucura em torno de qualquer grande artista e muitas pessoas vivem bem com isso. O meu pai era extremamente ambicioso. Mas carregava um fardo enorme. Ele queria que a sua banda fosse bem sucedida. Mas não queria ser a Voz de uma Geração. Se ele tivesse vivido, eu teria tido um pai. E isso teria sido uma experiência incrível.”, afirmou.
Frances é a
produtora executiva do aclamado documentário sobre o seu pai, que estreou no Festival Sundance Film deste ano, e disse ao realizador e argumentista Brett Morgen que não queria focar o romantismo ou a mitologia em torno do pai.
“Apesar de o Kurt ter morrido da pior maneira possível, existe uma mitologia e romantismo em torno dele, porque ele terá 27 anos para sempre,” disse ela. “O Kurt auferiu ao estatuto de ícone porque nunca vai envelhecer. Vai ser sempre relevante, naquela época, e vai ser sempre bonito.”
Frances também falou da relação do seu pai com a sua mãe, Courtney Love: “Sempre soube que a relação deles era tóxica. Não penso que tenha sido bom terem tido um bebé para tentar consertar problemas, que foi a minha função – consertar os problemas deles. Mas sei, através de vídeos dele e de cartas que que o Kurt me escreveu… que o meu pai me amava.”