“Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, e essa coisa é o que somos”. Esta frase, de José Saramago, espelha na perfeição a grandiosidade da vida do escritor. Uma grandiosidade em nada fabricada, que vinha de dentro, da essência das palavras que ofereceu ao mundo. Se estivesse vivo, hoje faria 100 anos.
“Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo”. E a verdade é que até conseguir fazer da sua escrita uma forma de vida, Saramago, que morreu aos 87 anos, vítima de leucemia crónica, foi serralheiro, mecânico, empregado de escritório, jornalista e editor. Só quando escreveu o seu 18º livro é que alcançou a independência e o reconhecimento como escritor.
Na realidade, José Saramago foi um autor único, tanto na forma como escrevia, como na maneira como expunha todas as suas inquietações. Características que lhe granjearam o Prémio Nobel da Literatura e um lugar de destaque nos grandes nomes da escrita. Em Portugal, no país que o viu nascer, mas que nem sempre soube entender as suas palavras e posições, hoje é reverenciado pela genialidade com que soube escrever a vida. Porque, afinal, “que seria de nós se não sonhássemos?”. E esse sonho continua para sempre vivo, tanto nos seus livros, como na forma como Pilar del Río, mulher do escritor, continua a fazer ouvir as palavras de Saramago, através da sua Fundação.