Dois dias antes do lançamento mundial da sua autobiografia, o príncipe Harry concedeu duas entrevistas – uma à CBS, a Anderson Cooper, e outra à ITV, a Tom Bradby. Nos dois formatos, o duque de Sussex fala sem tabus sobre vários temas – desde a sua relação com o príncipe William, à morte da mãe, a princesa Diana, o que sente em relação a Camilla, e tantas outras nuances que o compõem a si e à família real britânica. Numa análise de ambas as entrevistas, deixamos-lhe aqui os pontos-chave de cada uma.
Harry e William
Anderson Cooper começa a entrevista precisamente por aqui. E para o fazer, cita uma passagem do livro de Harry: “Olhei para o Willy, olhei de facto para ele, talvez pela primeira vez desde que éramos crianças. Absorvi tudo, as suas sobrancelhas franzidas, tão familiares, que sempre foi o seu defeito ao lidar comigo, a sua calvície alarmante, mais avançada do que a minha, a sua famosa semelhança com a [nossa] mãe, que estava a desaparecer com o tempo, com a idade”. Apesar destas duras palavras, Harry garante a Cooper: “O meu irmão e eu amamo-nos. Amo-o profundamente. Houve muita dor entre nós, especialmente nos últimos seis anos. Nada do que escrevi, nada do que incluí tem a intenção de ferir a minha família. Mas dá uma visão completa da situação enquanto crescíamos e também elimina a ideia de que, de alguma forma, a minha mulher foi quem destruiu o relacionamento entre esses dois irmãos”.
Na verdade, ao contrário do que se acreditava, Harry diz que houve uma separação entre ambos após a morte de Diana e, mesmo quando frequentavam a mesma escola, William terá dito para Harry fingir que não se conheciam. “Tivemos uma experiência traumática muito parecida, mas lidámos com isso de maneiras muito diferentes”, esclarece.
Harry diz que não fala com o irmão, nem com o pai, há já algum tempo, mas que gostava de encontrar novamente a paz com eles.
A morte de Diana
Com 20 anos, Harry pediu para ver o relatório da polícia sobre o acidente que matou a sua mãe, o namorado desta, Dodi Al-Fayed e o motorista, Henri Paul. “Quis ver para ter uma prova de que ela estava no carro. De que tinha ferimentos. E para ter, também, a prova de que os paparazzi que a perseguiram no túnel foram os mesmos que tiraram fotos dela deitada, praticamente morta, no banco de trás do carro. Até àquele momento, eu não sabia que a última coisa que a minha mãe viu nesta terra foi a luz de um flash”, disse, magoado, a Anderson Cooper.
À ITV, Harry disse que sentiu necessidade de percorrer o túnel onde Diana teve o acidente, à mesma velocidade a que o carro onde a princesa seguia ia. E que se não fossem os paparazzi, acredita que a princesa não teria morrido naquela noite.
Camilla
Harry assume que tanto ele como William pediram ao rei Carlos III para não se casar com Camilla. “Não era necessário, então, para quê ir tão longe? Mas queríamos que ele fosse feliz e vimos como estava feliz com ela”, assume. Ainda assim, o duque de Sussex garante que Camilla era uma mulher perigosa, pela necessidade que tinha de reabilitar a sua imagem perante os ingleses. E, para isso, forjou relações com a imprensa que são difíceis de cessar. “Deitou-se com o diabo para reabilitar a sua imagem”, atira a Tom Bradby, sendo que no seu livro, Harry escreve que Camilla o sacrificou “no seu altar pessoal de relações públicas”.
Kate vs Meghan
Harry diz que sempre foi a “terceira roda” de William e Kate, mas que cedo percebeu que os intitulados Quarteto Fantástico, nome dado a William, Kate, Harry e Meghan, não iriam resultar. “Pensei que este quarteto me fosse aproximar de William, que pudéssemos trabalhar juntos, mas tornou-se rapidamente numa disputa Meghan vs Kate”, garante. E vai mais longe, na entrevista à ITV, dizendo que o irmão e a cunhada não fizeram Meghan sentir-se bem-vinda à família.
A questão do racismo
Depois de, na entrevista que concederam a Oprah Winfrey, Harry e Meghan terem admitido que houve membros da família real preocupados com a cor da pele de Archie, o filho mais velho dos duques de Sussex, Harry diz agora que nem ele nem Meghan acusaram a sua família de racismo. “Eu não diria que é racismo, pensando na minha própria experiência. Há uma diferença entre racismo e preconceito inconsciente. Quando te apontam isso, sejas uma pessoa ou uma instituição, tens a oportunidade de ganhar consciência e crescer, para fazeres parte da solução e não do problema. Se não, o preconceito inconsciente cresce e passa a ser racismo”, explica o duque na entrevista a Tom Bradby.