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YinYang

O Impacto do cancro da mama – Uma mudança! Que alterações nas atividades da vida diária se podem esperar?

O impacto
Só a palavra cancro, o diagnóstico (… ou a sua possibilidade), vem causar um impacto inequívoco na vida da pessoa que se confronta, de forma repentina e violenta com esta notícia. Um impacto que se alarga à família mais próxima.

Por ser um acontecimento brusco e violento assume um carácter potencialmente traumático, mas nem sempre conduz a trauma. E este impacto é sempre diferente! As histórias de vida, as vivências anteriores, os recursos externos e internos – traduzidos em capacidades que cada pessoa encontra em si e com os outros para poder lidar com a situação – são únicos e levam também reações diferentes e únicas.

Mudanças, o que esperar?
Estamos a falar de uma nova realidade, sim, que provoca mudanças a todos os níveis. Há um “antes” e um “depois”. A realidade como a conheciam é alterada! E de facto, o antes tem necessariamente uma grande influência no depois. A forma como cada pessoa vive a situação e se (re)organiza vai sendo suportada pelos recursos que vai encontrando – internos, mas também externos (a família, os amigos, a equipa de profissionais, entre outros).

Quando surge um diagnóstico desta natureza, os caminhos a tomar são diversos. As decisões terapêuticas envolvem equipas multidisciplinares, os doentes e as famílias. O tempo das decisões é fundamental e, nesse tempo, as ações sucedem-se com uma rapidez alucinante – exames, análises, resultados, cirurgias, tratamentos, mais exames! é um tempo que muitas vezes não dá tempo… para pensar, para refletir, para sentir, para (re)organizar! Por vezes, os caminhos a tomar envolvem o avanço de protocolos de quimioterapia e/ou radioterapia. E estes surgem como mais um novo impacto, que conduzem a mais reações…e, nessa altura, com tempo para relembrar as vivências anteriores.

Vivências reativas
Como referi, a realidade da pessoa foi alterada em todas as suas dimensões (organização familiar, físicas e emocionais, sociais, laborais, espirituais). Muitas perdas estão associadas ao processo e a sua Identidade sofre bruscas alterações! E então, que reações podemos esperar? Todas! Cada comportamento reativo é legítimo e deverá ser compreendido como tal. Não é estranho que muitos utilizem palavras como “o bicho” ou “esta coisa má” e não queiram utilizar a palavra cancro.

Quem está mais próximo de situações desta natureza é comum ouvir frases, desabafos e expressões mais ou menos acompanhadas de emoções intensas – “nem percebi nada do que o médico disse”; “…um tremor de terra… fiquei sem chão”; “fico sem saber o que fazer…pensar… sentir…”. É claro que sim! Seria impossível não sentir este impacto! E as reações atrás referidas são apenas formas que as pessoas encontram para conseguir dar uns passos dentro de um processo que começou. Ainda não houve espaço para qualquer tipo de aprendizagem. É, ainda, tempo de sentir e reagir.

O Tempo…
Assim, torna-se emergente uma (re)organização total… e claramente essa não se faz de forma rápida e instantânea. Todas as dimensões atingidas, agredidas e feridas, poderão ser reorganizadas com o envolvimento de todos. Surge a Incerteza. Parece que a vida deixa de estar sob o seu controlo: “O que digo aos meus filhos?”; “não controlo nada disto!… não sei como vou fazer!”; “Acha bem que continue a trabalhar?”; “E quando cair o cabelo?…” Tantas e tantas perguntas que naturalmente surgem. E para todas elas as pessoas vão encontrando repostas, mas necessitam, por vezes, de alguma ajuda e… do tal tempo. Só com Tempo se pode avançar para a compreensão e elaboração deste impacto!

A (Re)organização
Após o impacto inicial, é muito importante que cada pessoa possa encontrar a sua forma de estar, viver, sentir, recorrendo às suas capacidades de proteção. As defesas de que tanta gente fala atribuindo muitas vezes conotações negativas, assumem aqui um papel fundamental, sob um bom significado – o de Proteção. O que seríamos nós sem as nossas proteções?
E a partir daqui, num tempo próprio e único, cada pessoa inicia um Processo de Aprendizagem do que é viver uma vida associada à palavra cancro.

Esperam-se altos e baixos, grandes oscilações em que a capacidade compreensão e de gestão de todos os processos torna-se fundamental. O primeiro passo passa por aprender a proteger-se do que/quem não é útil para as suas vidas e procurar o que lhes faz bem. Falamos de pessoas, logísticas, emoções, hobbies, atividades laborais… É um caminho de desgaste a todos os níveis.

Torna-se imperativo que este percurso seja feito com todos os de referência, estabelecendo Limites úteis. E assim, se vai aprendendo quais as atividades que se podem desenvolver e que podem também constituir uma ajuda para lidar com a situação (ou não). E não raro é perceberem que continuar a exercer a atividade profissional (respeitando todos os limites físicos, entre outros) pode ser uma grande mais-valia e ajuda.

Voltar a ser quem era?

Um impacto assim descrito, muitas vezes cumulativo com impactos anteriores mais ou menos traumáticos, fica registado para sempre. No entanto, a forma como também esse registo é vivido é muito diferente. Temos relatos que vão de “É viver com uma espada em cima da cabeça” a outros que elegem focos de atenção que consideram mais úteis para si: “Nem penso nisso…nem me lembro”. São apenas estilos diferentes de lidar, e em que as emoções necessariamente implicadas na situação são geridas de forma diferente.

Conhecer a forma como as mulheres gerem a sua identidade, vida e caminho pós cancro são alguns dos pontos de discussão no ciclo de Encontros do programa #1500razões para estarmos próximos. Em conversas abertas a CUF Instituto de Oncologia junta especialistas, doentes, cuidadores e todos os que se envolvem ou interessam por este assunto para compreender o impacto do cancro da mama na mulher jovem.

O impacto está lá, na sua dimensão e forma. E esse é um facto! A grande diferença surge na forma como cada um consegue aprender a utilizar as suas próprias capacidades e os recursos externos para gerir as oscilações e as diferentes mudanças que vão sempre surgindo ao longo da vida. Serão os mesmos no depois? Provavelmente sim, com muitas aprendizagens que os torna necessariamente diferentes!

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Dra. Maria João Santos

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