Sinto que há imensas famílias neste momento a sentirem-se em baixo, tristes, com as baterias descarregadas , excessivamente cansadas. De repente as nossas vidas deram uma volta de 180º e as famílias estão confusas, inseguras, exaustas com o que se está a viver.
Este estado de emergência apanhou-nos a todos de surpresa e acabou por abanar os nossos mundos, mais ou menos organizados, numa rotina mais ou menos equilibrada. Apercebemo-nos que, de um momento para o outro, aquilo que fazia sentido há uns meses, já não faz qualquer sentido agora.
Foi e continua a ser necessário, urgente, reprogramar hábitos, adotar novos estilos de vida e o mais importante de tudo, ser resilientes.
Gostaria muito de contribuir para o bem estar da vossa família e de vos ajudar de alguma forma, por isso, partilho 5 dicas que considero serem muito importantes para que possam (sobre)viver na quarentena em família o melhor possível.
– Dormir bem
Não posso deixar de falar da importância que o sono tem. Descansar bem é vital na tomada de (boas) decisões, para a nossa sanidade mental e os nossos níveis de paciência, de tolerância, gerindo melhor o nosso autocontrolo, não só da boa disposição, mas também alimentar. Essencial que os adultos procurem descansar as 8h por noite e as crianças as suas 12h noturnas e as sestas se for o caso, dependendo da idade, sendo que até aos 6 anos eu recomendaria uma hora para descanso, depois de almoço.
Crianças descansadas caiem menos, choram menos, são menos exigentes e mais bem dispostas e alimentam-se melhor. Dormir bem é um pilar-base para o bem-estar de toda a família.
– Elevar a energia
Pode parecer mais fácil não nos arranjarmos logo pela manhã, como faríamos habitualmente, num dia comum durante a semana. Não nos arranjarmos, dá-nos uma aparência superficial de pouparmos tempo e que facilita logisticamente. Contudo, quando nos preparamos como se fôssemos sair o nosso nível de energia aumenta, o que nos faz sentir mais confiantes e mais produtivos. O estar de pijama, por exemplo, o dia inteiro, faz-nos sentir com mais preguiça, com menos disposição para resolver, levantar, para executar.
Proponho que as manhãs sejam idênticas àquelas que teriam se fossem trabalhar: acordar, tomar banho, vestir para ir trabalhar, maquilhar (se for o caso), tomar pequeno-almoço e começar o dia de trabalho, mesmo que em casa. De certo esta mudança de atitude mudará o resto do dia.
– Rotinas de sono
Muitas famílias viveram o seu dia-a-dia antes da quarentena com várias fugas à rotina, uma vez que estamos tão pouco tempo com os mais pequenos permitimos que não se faça a sesta, e que a hora de ir para a cama possa ser mais tardia. Não investimos em regras, nem em rotinas.
A quarentena exige mais disciplina neste sentido. Apesar de ser uma situação temporária, é longa e ninguém sabe ao certo de quando durará, efetivamente. Por isso, idealmente manter o ritmo que as crianças tinham antes de tudo isto acontecer fará toda a diferença.
Dá-lhes a oportunidade de descansarem mais, relaxarem mais e estarem mais bem dispostas para o dia, sabendo exatamente o que esperar. Assim como alivia os pais, tranquilizando-os.
O momento das sestas ou do descanso, ou o facto dos mais pequenos irem para a cama cedo, ajuda os adultos também a organizarem-se e a cumprirem tarefas que exijam eventualmente mais concentração.
A situação em que vivemos, é temporária, mas longa. Vale a pena “investir” o nosso tempo em criar esta rotina de sono.
– Definir prioridades
Para os pais mais ansiosos, para os pais que sentem que de facto o tempo não chega e que há muita coisa para fazer no dia-a-dia, com os filhos, com a casa, as refeições a solução passa por definir as prioridades.
O que é que realmente importa? De que forma é que eu me posso organizar? De que forma é que a minha família se pode organizar? Lanço o desafio de, em família, ou individualmente, estabeleça a sua lista de prioridades. Coloque-a visível para a consultar as vezes que sentir que está a perder o “Norte”.
Esta lista vai fazer com que se sinta mais tranquilo, mais organizado e todas as tarefas vão parecer menores e descomplicadas.
Evite levar este tempo em casa, como uma corrida contra o tempo, contra tudo e contra todos. Não é. Respire fundo. “Feito é melhor que perfeito” como diz um grande amigo nosso.
– Ser grato
Os pais vivem, de forma geral, num estado de ansiedade muito grande, o que influencia diretamente o estado emocional dos mais pequenos também. Solução? Sejam gratos. Em família, ou individualmente, escrevam, ou no caso de crianças mais novas, desenhem. Comuniquem desta forma para pensarem, exteriorizarem e focarem naquilo que têm de melhor. Quando fazemos este exercício passamos a relativizar o que está pior, ou menos bem.
Isto altera de imediato a nossa energia, a nossa disposição para muito melhor. Quando as crianças e adultos fazem este exercício, estão ao mesmo tempo a controlar a sua ansiedade. A controlar o seu sistema nervoso. Estão a conduzir os seus pensamentos para o que é bom, bonito, simples. Acredito que esta prática diária poderá ajudar a “salvar” a sua família, assim como a sua sanidade mental, por isso, desafio a escrever uma lista de gratidões, a conversarem sobre as oportunidades que estão a ter nesta fase.
Agradecer o facto estarmos todos juntos, agradecer o facto de estarmos saudáveis, de termos boas condições para vivermos bem e felizes em família