
Diz-nos a experiência que os portugueses não têm o especial hábito de poupar, e quando as despesas apertam ou os imprevistos acontecem, normalmente procuram soluções milagrosas para dar a volta à situação. A experiência também nos diz que que a espera por milagres pode ser inglória e que normalmente corre mal.
Os subsídios, e neste caso particular o de férias, podem ser a solução para muitos problemas financeiros, basta saber como os usar e não cair em tentações. Ao longo deste artigo pretendemos partilhar algumas soluções para fazer render os subsídios de modo a ajudar nesta tarefa.
Contando que o ordenado médio bruto dos portugueses foi de 1276€ em 2019 (dados do INE) e se tivermos em consideração as duas pessoas que compõem o casal, o subsídio ronda os 2.000€. Um valor simpático para a criação de um fundo de emergência para fazer face a imprevistos ou despesas mais avultadas previstas ou para se iniciar um investimento. Seja qual for a opção, é fundamental fazer a escolha em consciência e cumprir com o plano definido.
Se a escolha recair sobre o investimento, saiba que existem diferentes opções desde as mais seguras e menos rentáveis, como os depósitos a prazo, até às aventureiras e com maior potencial de retorno, como as ações. No caso dos depósitos a prazo, as taxas de juro estão muito baixas neste momento pelo que a rentabilidade é praticamente nula, mas se escolher esta opção e não interromper o contrato já está a ganhar porque não está a gastar. Ainda sobre os depósitos a prazo, antes de escolher o banco deve fazer uma prospeção de mercado e escolher aquele que oferece a melhor taxa de juro para novos montantes e que não cobre comissões. Uma regra de ouro é verificar se a taxa de juro dos depósitos é superior à inflação, se não for e se o objetivo for exclusivamente fazer render o dinheiro, então esta opção não é para si.
Se gosta de jogar pelo seguro e o objetivo é começar a preparar a reforma, a nossa recomendação passa por um PPR. Um investimento com menos riscos e pouco rentável, mas que oferece a dupla vantagem de poupar e preparar o futuro para uma reforma mais tranquila do ponto de vista financeiro.
Do outro lado da balança, com maior risco e potencial de retorno encontram-se as ações. À medida que o risco aumenta devem aumentar também os conhecimentos de quem investe, principalmente quando este é um mundo novo.
Quem investe em ações deve distribuir o risco ou, como se costuma dizer, não apostar todas as fichas no mesmo cavalo. Deve escolher diferentes setores e empresas, de preferência sem correlação, para diminuir o risco. Assim, a probabilidade de todos os investimentos correrem mal, é menor. Para reduzir riscos, é recomendada a procura de um aconselhamento profissional. Neste caso, a regra de ouro é não investir em setores que não domina ou desconheça.
Caso seja daqueles que desconfia da boa vontade das instituições bancárias, pode sempre aproveitar esta folga financeira para saldar dívidas ou amortizar empréstimos que normalmente cobram juros elevados. Acabar com estas despesas mensais pode ser encarada como uma forma de poupança. Aproveite a oportunidade para ficar livre de dívidas e de juros indesejados, em vez de criar uma nova despesa mensal.
Mas, atenção, muitos portugueses estão a receber há já alguns anos parte dos subsídios em duodécimos, o que faz com que o bolo que se recebe no verão seja o equivalente a 50% do valor total. Se este é o seu caso, a nossa sugestão passa por guardar mensalmente o equivalente ao duodécimo como se este valor não existisse. Quando chegar a altura de investir, poupar ou amortizar, o bolo vai ser muito maior.