De acordo com o Programa Nacional para a Atividade Física, da Direção Geral de Saúde, cerca de 80% da população não pratica atividade física suficiente para cumprir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). O sedentarismo está entre os principais fatores de risco responsáveis pelo aumento de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, doença coronária, entre outras, mas também doenças metabólicas, como a diabetes. Mas o que não é tão conhecida é a vantagem da atividade física na prevenção de quedas, principalmente na população idosa. As quedas podem originar fraturas, sobretudo se existir uma doença denominada osteoporose, que limita a qualidade de vida da pessoa afetada e de todos os que a rodeiam que que lhe prestam cuidados.
A Osteoporose é caracterizada pela redução de massa óssea e desorganização da microarquitetura óssea, com consequente aumento da fragilidade óssea e maior suscetibilidade a fratura. No início é silenciosa pois não provoca sintomas, até surgir uma fratura associada. É uma doença que preocupa a Saúde Publica pois abrange milhões de pessoas a nível mundial, principalmente na população idosa, afetando a sua autonomia e sendo responsável por elevados custos económicos.
Mas para se perceber o metabolismo ósseo temos que perceber que o osso é constituído por 3 tipos principais de células, osteoblastos, osteoclastos e osteócitos. Os primeiros são responsáveis pela formação e revestimento do osso. Os osteoclastos têm um papel inverso na medida em que promovem a reabsorção do osso e de cartilagens ossificadas. Os osteócitos são responsáveis por manter as células ósseas viáveis de modo que os valores do cálcio extracelular sejam constantes. O tecido ósseo tem a capacidade única de reparar fraturas e defeitos ósseos locais através da autorregeneração, permitindo uma reparação sem a presença de tecido cicatricial. A massa óssea é importante e, no final da puberdade, os homens possuem o dobro da massa óssea do que as mulheres. Mas à medida que a idade avança, essa remodelação óssea pode originar osso mais fragilizado, menos rígido e mais flexível e, consequentemente, mais suscetível a fraturas. Existem 4 fatores que podem a redução da massa óssea:
– Genética (pessoas com antecedentes familiares de osteoporose são mais suscetíveis),
– Hormonal (por exemplo a redução de estrogénios na mulher após a menopausa é um fator condicionante),
– Mecânica (a atividade física é responsável pelo aumento de massa óssea e muscular, prevenindo as quedas)
– Nutricional (aporte adequado de cálcio, vitamina D e proteína).
É essencial que a ingestão de cálcio e a prática de atividade física sejam adequados desde idades jovens, pois estão diretamente relacionados com a densidade mineral óssea e a prevenção de osteoporose.
Ao prevenirmos a osteoporose estamos a melhorar a qualidade de vida dos doentes, principalmente dos mais idosos, trazendo benefício não só para estes como para as suas famílias e a comunidade onde o doente está envolvido.
A prevenção da osteoporose deve passar por medidas não farmacológicas, onde a prática de atividade física em idades jovens tem um papel primordial, na medida em que permite maior densidade mineral óssea no processo final de maturação óssea, ou seja, no pico ósseo máximo (entre a 20 e 30 décadas de vida), levando a uma melhor qualidade óssea ao longo da idade adulta e idosa. A atividade física deve passar, se possível, em atividades com carga (por exemplo utilização de pesos) ou alto impacto (como ginástica, basquetebol, judo, vólei ou ténis) pois permite que ocorra uma maior força por unidade de área, estimulando assim a formação e o crescimento do osso. Alguns estudos traduzem um aumento de 7 a 8% de massa óssea no adulto com a prática de atividade física com carga em idades mais jovens. No entanto, qualquer pessoa deve praticar atividade física de acordo com a sua condição clínica, tendo claros benefícios na sua saúde. No idoso, caso não possua contraindicação para a prática de atividade física, esta deve ser recomendada pois promove melhoria de bem-estar, previne a depressão, melhora a massa muscular permitindo assim reduzir as quedas e melhora a massa óssea, combatendo assim o balanço negativo da remodelação óssea associada ao envelhecimento.
Para além da atividade física, a alimentação saudável baseada na dieta mediterrânica, com aporte de cálcio e vitamina D adequados e hábitos de vida saudáveis, como cessação tabágica e diminuição de ingestão de bebidas alcoólicas devem ser recomendados.