A neoplasia do pulmão é a primeira causa mundial de morte por cancro, assumindo 18% do total de mortes por neoplasia. A precocidade no diagnóstico é o principal fator determinante para a potencial cura, mortalidade e morbilidade nesta doença. Há cerca de 5% de sobrevida aos 5 anos em estádio avançado versus aproximadamente 80% em estádio precoce.
Os tumores do pulmão têm geralmente um crescimento rápido pelo que existe urgência no diagnóstico.
Em aproximadamente 80% dos casos de cancro do pulmão o fator etiológico principal é o tabaco. Isto não quer dizer que os não fumadores não possam ter cancro do pulmão (e este nº parece estar a aumentar) mas é menos frequente. Também as pessoas que não fumam, mas estão frequentemente expostos ao fumo do tabaco (fumadores passivos) têm um risco mais elevado de cancro do pulmão. Dos outros fatores de risco destaca-se a exposição ao radão que é um gaz natural radioativo, existente em abundância em certos solos e em certas construções, a exposição a poluentes químicos como urânio, níquel, arsénio, sílica, entre outros. Também a poluição atmosférica poderá ser importante e também poderão estar implicados fatores genéticos.
Apesar de em Portugal ainda não existir um programa de rastreio, existem certos sintomas que nos alertam para o diagnóstico. Os sintomas mais frequentes de cancro do pulmão são: tosse, com ou sem expetoração que pode ter ou não sangue, falta de ar, dor no tórax. Cansaço persistente, falta de apetite e emagrecimento são outros sintomas importantes. Pneumonias repetição também podem ter subjacente um tumor pulmonar. Nos doentes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) que já têm habitualmente sintomas respiratórios, como tosse ou falta de ar, a alteração das características habituais destes sintomas, deve ser suspeito e levar o doente ao médico.
Hoje em dia, existem meios de diagnóstico evoluídos que nos permitem com mais facilidade realizar o diagnóstico e saber o grau de evolução de um cancro, mas muitas vezes consultar o médico e efetuar um exame tão simples e económico como a radiografia do tórax, pode ser o primeiro passo para considerar precocemente a hipótese diagnóstica de cancro do pulmão e prosseguir de imediato com os restantes exames necessários.
Também, nos últimos anos, houve uma grande evolução científica em relação à terapêutica dos estádios mais avançados do cancro do pulmão, como a terapêutica alvo ou a imunoterapia, permitindo por vezes torná-lo uma doença crónica em que o doente mantém a doença controlada, mantendo terapêutica. Contudo, a terapêutica da doença em estádios precoces é muito mais eficaz, potencialmente curativa, com muito maior taxa de sobrevivência e maior qualidade de vida. É, pois, muito importante que se faça o diagnóstico o mais precocemente possível e para isso é essencial que não só o médico, mas também o doente estejam alerta para esta doença.
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