O aumento de peso afeta negativamente a vida de todas as pessoas. Traz consequências físicas, tais como limitações nas atividades da vida diária, cansaço, maior propensão para lesões articulares e pior qualidade do sono. Metabolicamente, aumenta o risco de doenças potencialmente graves, como a hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes mellitus, risco de eventos cardiovasculares (enfarte agudo do miocárdio, AVC) e de cancro. E, do ponto de vista psíquico, conduz a uma redução da autoestima, compromete a vida sexual do casal, as interações sociais, entre outros problemas.
Na menopausa, este aumento de peso reflete, por um lado, o processo de envelhecimento, que tipicamente favorece um aumento do tecido adiposo (massa gorda) e uma redução da massa magra, mas resulta igualmente de alterações na distribuição da gordura corporal, ocorrendo uma maior acumulação da gordura abdominal, que se associa a um maior risco para as doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, hipercolesterolemia e Diabetes Mellitus.
Na base destas alterações estão inúmeros fatores, desde o património genético, hábitos de vida (da nutrição, ao tabagismo ou atividade física), desequilíbrio hormonal (uma redução marcada dos estrogénios, hiperandroginismo relativo, insulinoresistência) e alterações na regulação do apetite.
A questão colocada por muitas mulheres é então: o que se pode fazer para evitar este aumento de peso?
Atendendo ao risco para o aumento de peso e simultânea dificuldade na sua perda, a mulher deve adotar estratégias que mitiguem este risco. Um plano nutricional adequado, equilibrado e individualizado, idealmente elaborado em consulta de Nutrição, constitui uma das medidas preventivas mais importantes na prevenção e tratamento das mais variadas doenças, não sendo o excesso de peso e obesidade a exceção. A prática de atividade física regular é fundamental para a manutenção do peso e composição corporal saudáveis e para a prevenção de inúmeras patologias médicas e psíquicas.
E quando as medidas não farmacológicas se revelam insuficientes na manutenção do índice de massa corporal (IMC) abaixo de 30kg/m2 ou inferior a 27kg/m2 em doentes com comorbilidades relevantes (hipertensão arterial, diabetes mellitus, hipercolesterolemia por exemplo), a introdução de medicamentos deve ser ponderada. Estes fármacos, embora seguros e efetivos, requerem avaliação e acompanhamento médico diferenciados, idealmente em consulta de Endocrinologia.
Há ainda a alternativa da cirurgia metabólica, que se encontra indicada para doentes com IMC mais elevado, sobretudo quando as medidas higieno-dietéticas e farmacológicas se tenham revelado fúteis.
É, no entanto, importante referir que a obesidade é uma doença sobre a qual o conhecimento que a população detém é muito limitado, conduzindo rapidamente a crenças sem base científica e que levam ao estigma e à discriminação. É erradamente considerada uma opção de vida, totalmente reversível, que depende única e exclusivamente da vontade da pessoa. É na verdade uma doença crónica, com causas genéticas, biológicas e comportamentais, para a qual o tratamento vai muito além do “comer menos e mexer mais”. Um maior conhecimento e sensibilização da população acerca desta problemática, em especial das mulheres na menopausa, contribuiria significativamente para uma redução da sua incidência, gravidade e impacto na vida das mesmas.
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