Ao longo dos anos, inúmeros estudos têm associado a alimentação e estilos de vida ao desenvolvimento de determinadas doenças como hipertensão, diabetes, osteoporose ou a determinados tipos de cancros.
Um estudo publicado pela revista Lancet em 2019 concluiu que anualmente cerca de 11 milhões de pessoas morrem em resultado da sua má alimentação. O consumo excessivo de produtos de origem animal (como a carne), açúcar e sal são alguns dos erros alimentares mais comuns.
Praticar uma alimentação variada, de acordo com as necessidades de cada um, é a melhor forma de prevenir doenças, ter uma vida com mais qualidade e durante mais tempo. O que colocamos no prato tem reflexo na nossa saúde, inclusive quando estamos doentes.
Nem todos os alimentos têm o mesmo valor nutricional. O açúcar, por exemplo, é um alimento nutricionalmente desinteressante. Apenas contém sacarose, que dá energia. O impacto do açúcar no excesso de peso e na diabetes já é bem conhecido de todos. Além disso, estudos indicam que consumir açúcar com frequência pode ainda aumentar a pressão arterial e a inflamação crónica. Por isso, devemos todos fugir do açúcar!
Do lado oposto, existem alimentos que se destacam pela sua riqueza nutricional, nomeadamente em fibras, proteínas, ácidos gordos insaturados e vitaminas ou antioxidantes. Estes superalimentos, ao serem integrados na alimentação, potenciam o valor nutritivo das refeições, podendo ajudar em vários objetivos de saúde.
Por exemplo, a riqueza em gorduras benéficas (como os Ómegas 6 e 9) e em ácido linoleico conjugado (CLA), fazem das sementes de girassol um aliado para controlar os níveis de colesterol. Outro exemplo de superalimento é o cacau. O cacau é uma ótima fonte de flavonoides. Os flavonoides do cacau são principalmente monômeros de flavanol e procianidina, que são conhecidos como importantes antioxidantes e anti-inflamatórios. As quantidades de triptofano presentes no cacau são também um aspeto relevante da riqueza deste fruto. O triptofano é um aminoácido essencial muito importante na produção de serotonina e melatonina, dois neurotransmissores importantes na regulação do humor. Estas propriedades são obtidas através do cacau puro.
Um estudo do departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard observou que existia uma menor taxa de mortalidade entre pessoas que consumiam cereais integrais de modo regular.
Nas sociedades ocidentais, o uso de cereais refinados passou a ser cada vez maior, uma vez que ficam com uma consistência suave e conservam-se durante mais tempo. No entanto, o processo de refinamento retira muitas qualidades nutricionais aos cereais. Com ele perdem-se grande parte das fibras e de outros nutrientes. Os cereais integrais (não refinados) contêm farelo (camada externa) e gérmen. Este último é uma importante fonte de óleos, minerais e proteínas, para além de ser também uma poderosa fonte de fibras.
O consumo de cereais integrais traz múltiplos benefícios para a saúde humana, nomeadamente redução do risco de diabetes tipo II, doenças cardiovasculares e de obesidade.
A aveia é um excelente exemplo de um cereal que é também um superalimento! É rica em fibras, muitas das quais solúveis, que aumentam a sensação de saciedade e ajudam a regular o trânsito intestinal. Contém hidratos de carbono de absorção lenta, o que faz com que os níveis glicémicos aumentem lentamente após a refeição. É ainda uma fonte de avenantramida, um poderoso antioxidante. A avenantramida aumenta a produção de óxido nítrico, que ajuda a relaxar as paredes dos vasos sanguíneos. Desta forma, o sangue flui melhor e a pressão arterial baixa.
É cada vez mais do senso comum que somos o que comemos. Os alimentos que ingerimos e as refeições que planeamos têm um impacto direto na nossa saúde. É por isso importante seguir uma dieta variada e consumir macro e micronutrientes de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Ter uma vida ativa, com prática de exercício físico regular e não fumar ou abusar de bebidas alcoólicas.
A integração de alimentos que têm elevadas concentrações de nutrientes essenciais (os chamados superalimentos, como os três exemplos referidos atrás) é bem mais fácil do que imaginamos. Muitos deles já estão amplamente disponíveis e pode até encontrar opções muito benéficas, que juntam diferentes superalimentos, em farmácias. Comer bem vai fazer com que se sinta bem, tenha uma melhor performance física e mental e ajuda a prevenir várias doenças, algumas delas graves. São vantagens para toda a vida, para toda a família!
Ana Pinto
Nutricionista/Consultora Föld
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.