É preciso falar de Obesidade não só hoje, mas todos os dias. A obesidade é uma doença crónica, de etiologia multifatorial que envolve uma interação complexa entre fatores genéticos, hormonais, psicológicos, comportamentais e uma multiplicidade de fatores socioambientais.
A prevalência de obesidade aumentou nos adultos e nas crianças de todas as idades, independentemente da zona geográfica, da etnia ou da condição socioeconómica. Os valores quase triplicaram desde 1975 e aumentaram quase cinco vezes em crianças e adolescentes. A obesidade apresenta proporções epidémicas!
Os pilares para o tratamento da obesidade assentam numa abordagem multidisciplinar que inclui a alteração do estilo de vida, com especial relevo para: a intervenção nutricional, a prática de atividade física, o tratamento farmacológico e cirúrgico e a abordagem psicológica.
As recomendações do National Institute of Health-USA vão precisamente neste sentido ao sugerirem que devem ser incluídas estratégias de modificação de comportamento, sendo esta última área, por excelência, o campo de intervenção da Psicologia. A intervenção realizada pela Psicologia pode ter contribuições muito benéficas para a melhoria da saúde, em paralelo com outras intervenções realizadas nas áreas da Nutrição, Medicina e Fisiologia do Exercício (etc), sendo a obesidade uma área de trabalho multidisciplinar.
É necessário conhecer o comportamento alimentar e analisar a composição nutricional da dieta (por exemplo), mas também será importante lidar com uma imagem corporal mais empobrecida, uma baixa auto-estima, ajuda na gestão do stresse, promoção da literacia, aumento da auto-regulação e da autonomia, ou lidar com a alimentação “emocional” no dia-a-dia (emoções que influenciam as escolhas alimentares que fazemos).
O tratamento da obesidade é complexo e de longo prazo, não pode ser redutor nem simplista. Pelo que, as abordagens muito rígidas e restritivas não são sustentáveis, podendo vir a acarretar efeitos negativos, embora possam ser usadas por um período limitado sob supervisão do nutricionista e do médico.
Desta forma, num processo de gestão e de perda de peso é importante a pessoa explorar os seus próprios recursos, as suas preferências pessoais e capacidades de forma a promover a sua autonomia. O processo tem que estar associado a características, valores, objetivos e significados pessoais, para que a integração dos “novos” comportamentos seja mais fácil de concretizar. Se a pessoa se sentir bem com as alterações que faz, menor é a probabilidade de desistir e maior a probabilidade de manter essas alterações a médio-longo prazo (porque foram compreendidas e integradas no seu estilo de vida).
Não é só no dia 4 de março, que é importante conversar e debater a problemática da obesidade, mas sim todos os dias para que seja possível a alteração do statu quo e transformar os resultados de saúde da população, em resultados mais positivos.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.