A Colangite Biliar Primária (CBP) é uma doença crónica cuja causa continua por identificar. Sabe-se que é uma condição autoimune, que se manifesta através de inflamação nas ramificações intra-hepáticas das vias biliares, e que se estima que possa afetar cerca de duas mil pessoas em Portugal, maioritariamente mulheres.
A CBP é silenciosa e, na maioria dos doentes, demora um longo período, por vezes de vários anos, até apresentar sinais. Contudo, pode começar a ganhar “voz” através de um conjunto vasto de sintomas, onde se destaca a comichão na pele (prurido), que é muitas vezes desvalorizada, mas que afeta tremendamente a qualidade de vida do doente.
Pode, ainda, manifestar-se por cansaço excessivo, secura dos olhos e da boca; dor na região abdominal direita, nos ossos, nas articulações e nos músculos; náuseas ou diarreia; mais tardiamente, podem também surgir olhos e pele amarelados (icterícia), urina escura, inchaço do baço ou acumulação de líquido no abdómen (ascite).
Ainda assim, a sua deteção pode ser feita precocemente, via análises ao sangue, ao detetar alteração das análises hepáticas, principalmente da fosfatase alcalina.
É de notar que a CBP tem uma maior expressão em mulheres em idade ativa, entre os 40 e 60 anos, daí dever ser sempre considerada esta hipótese diagnóstica em mulheres desta faixa etária que apresentem sintomas suspeitos ou alterações das análises hepáticas. Foram identificados outros fatores de risco como a predisposição genética (é mais frequente em pessoas que tenham familiares com esta doença), sofrer de outra doença autoimune e a presença de certas infeções, como infeções repetidas das vias urinárias.
Existe tratamento para a CBP, que não consegue ainda a cura da doença, mas evita, na maioria das vezes, a sua complicação mais temível, a evolução para cirrose hepática. A cirrose é a quarta maior causa de morte precoce em Portugal e, em muitos casos, só é solucionada através do transplante de fígado.
Neste Dia Internacional da Consciencialização para a Colangite Biliar Primária, o trabalho de casa é simples: se tem cansaço inexplicável ou prurido, ou se está nalguma das situações de risco, fale com o seu médico. Não espere até outros sintomas aparecerem, porque nessa altura já pode ser tarde para o seu fígado.
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