Ter osteoporose não significa desistir de uma vida sexual prazerosa. O prazer sexual depende da saúde física, mental e dos fármacos que tomam. No entanto são necessárias estratégias e algumas precauções adicionais.
O impacto da doença na sexualidade começa no dia em que o utente recebe o diagnóstico, a partir desse momento sente que “perdeu a sua sexualidade” ao não se sentir atraente, sentir-se incapaz, frustrado, desacreditado sexualmente perante o/a parceiro/a e sociedade, contagiar-se por sentimentos de impotência, os movimentos sexuais podem ser dolorosos e perigosos, algumas posições sexuais tornam-se impossíveis e o medo de ter uma fratura gera ansiedade, o que pode reduzir o desejo sexual e afetar a performance sexual.
É necessário explorar outras formas de intimidade, a relação sexual não começa e acaba na penetração. Existem inúmeras possibilidades para explorar com o/a parceiro/a (beijar, tocar, abraçar, masturbação mútua…), desenvolver outras formas de intimidade e prazer sexual, não pensar em tudo como uma perda, mas como uma oportunidade para uma vida sexual mais rica que permite aumentar o repertório sexual.
A osteoporose não afeta apenas um parceiro, na verdade afeta ambos, portanto comunicar, definir a intimidade, partilhar medos e expetativas com o/a parceiro/a é essencial, através de novas técnicas e posições, evitar aquelas que causem dor ou desconforto (privilegiar posição lado a lado, seja de frente para o/a parceiro/a ou costas), o parceiro com osteoporose deve privilegiar ficar por cima para exercer menos pressão e ter maior controlo sobre o posicionamento e movimento do corpo. Independentemente da escolha da posição, é boa ideia considerar o uso de almofadas para dar suporte extra e tomar um banho quente para diminuir a rigidez articular e dor. Programar as relações sexuais pode ser importante e, antecipadamente, tomar analgesia para alívio da dor ou, no caso da mulher onde é comum existir secura vaginal, aconselha-se o uso de um hidratante adequado diariamente e uso de lubrificante antes da relação.
A criatividade é uma ferramenta importante e pode ser benéfico o uso de brinquedos sexuais pois ajudam a evitar estimulação prolongada e o posicionamento desconfortável.
Tomar a medicação prescrita, praticar exercício físico regular e adaptado, seguir uma dieta equilibrada (rica em cálcio e vitamina D) beneficiam a saúde óssea em geral, incluindo a saúde sexual e o bem-estar.
Falar sobre sexualidade com um profissional de saúde pode ser uma experiência sensível, mas é fundamental, por isso, opte por um profissional de saúde em quem confie e que se sinta confortável. Isso pode facilitar a abertura durante a conversa sobre o tema. Escolha um momento durante a consulta quando se sentir relaxado e não apressado, esteja preparado para dedicar tempo à discussão e não hesite em ser direto sobre suas preocupações ou dúvidas. Lembre-se que a honestidade facilita a compreensão do profissional de saúde sobre as suas necessidades.
É necessário mudar mentalidades, uma vez que é um tema ainda tão tabu, falar sobre ele é uma expressão de confiança entre profissional e utente.
Os enfermeiros e outros profissionais de saúde podem intervir através de aconselhamento sexual básico, nomeadamente conhecer os padrões de atividade sexual anterior à doença, conhecer as expectativas do utente relativamente à sua sexualidade, prestar esclarecimentos sobre os efeitos da doença e do seu tratamento no funcionamento sexual, encorajar o utente e parceiro a pensar a sexualidade além do padrão tradicional de interação genital, fomentar a comunicação entre o casal, transmitir uma perspetiva positiva e por fim, mas não menos importante, reencaminhar o casal para um profissional especializado.
Sexo e intimidade são elementos importantes num relacionamento. Após o diagnóstico de osteoporose é possível continuar a aproveitar esta parte maravilhosa da vida com uma dose de cuidado, planeamento e bom senso. Conversar com o parceiro e o profissional de saúde é a chave.