Porque adoram tudo o que seja gigante, seja ecrãs, seja carros, seja packs de cervejas, seja, pronto, outras coisas que não neurónios. Fisicamente até podem ser metrossexuais e usar hidratante anti-rugas e serum anti-barriga como se não houvesse para a semana, mas de cabeça ficaram todos na pré-história, quando quem ficava com a melhor caverna e a fêmea mais cabeluda era o neanderthal que arrastasse para a frente das ditas o maior plasma. Quer dizer, mamute.
… quererem todos ser Rambos?
Porque acham que se forem giros, lavadinhos, sensíveis e com covinhas ao canto da boca, os outros homens vão achar que eles são gays, e podem inclusive saltar-lhes para a espinha se os apanharem a sós num beco escuro. Um tipo já de si com ar lavadinho, bem vestido e civilizado envergonha-se sempre secretamente de ser lavadinho, bem vestido e civilizado, e, ou deixa rapidamente de o ser, ou se inscreve rapidamente na classe avançada de body-combat para aprender a dar uns urros másculos e uns chutos para o ar, como um macho a sério. Também acham que as mulheres gostam genuinamente de machos com ar feroz e bíceps de respeito e um tapete da entrada nas costas, quando as mulheres a única coisa a que acham graça é a alguém que tome banho e lhes sussurre ao ouvido (até podem ser as duas coisas ao mesmo tempo,que nós não somos esquisitas).
… ver filmes de acção?
Porque são aqueles em que o argumento é compatível com o número de neurónios deles, quer dizer, mais ou menos zero. Quase todos os homens se regem pela lei do menor esforço, e ver um carro a atirar-se para cima de uma retroescavadora e depois explodir, é o máximo de argumento que o cérebro deles está programado para aguentar. Se for em 3D melhor porque acham que estão a ser explodidos também eles. Não percebem qual é o objectivo de um filme sem qualquer coisa que (ai que mal que isto soa) expluda. Além disso, acham que se forem ver filmes românticos ela vai achar que isso quer dizer que ele está pronto para o casamento, e macho que se preze nunca, mas nunca, está pronto para o casamento.
… ter medo do compromisso?
Primeiro porque são como as crianças, querem os brinquedos todos, e a possibilidade de escolherem uma só mulher e ficarem automaticamente sem TODAS as outras os apavora (o que se compreende). E segundo porque têm o fantasma de serem dominados por uma mulher, o que não é uma coisa nada máscula. Se ela quiser casar, ou enfim, assentar, eles desatam a suar frio e a ter ataques de pânico em plena rua assim que vêem alguém vestido de branco. Claro que, se ela disser que não está interessada num relacionamento sério, ficam fantasticamente ofendidos e fazem tudo o que podem para que ela mude de ideias: mandam uma avioneta para o céu a implorar ‘Carina Alexandra Casa Comigo Já’ em letras de fumo cor-de-rosa, enviam-lhe cinco dúzias de rosas vermelhas com poemas da Florbela Espanca e escondem um anel de noivado no gelado que ela depois acaba por engolir.
… perder a cabeça por futebol?
Por que é o único campo de batalha que lhes resta. Essas coisas custam a sair dos genes, e os campos de batalha ainda estão nos genes masculinos, tal como os vestidos compridos ainda estão nos genes femininos (ponham qualquer menina de três anos em frente ao armário da mãe e ela há-de arranjar maneira de transformar qualquer peça de tecido numa saia a arrastar). Um homem sem Sport TV não é ninguém. Um homem privado de assistir à final da Champions League é um pobre diabo. A gente sai da sala dois segundos e já eles estão de dedinho crivado no comando à procura do Domingo Desportivo. Podem não se lembrar do dia em que se casaram, do nome da sogra ou da hora a que é suposto levar o Fidel ao veterinário, mas conseguem recitar sem um estremecimento de alma o plantel completo das equipas do Benfica desde 1896. Enfim. Antes isso que andar a oprimir outros povos e a chacinar nações.
… largar tudo pelos amigos?
Porque ainda têm aquela ideia grega de que os homens são nobres criaturas merecedoras da amizade e dos sacrifícios de outros homens, enquanto as mulheres são umas inconstantes imprevisíveis à deriva das hormonas e nunca se sabe o que esperar delas, além de que de certeza que se estão a rir deles lá por dentro, embora por fora batam a pestana até fazer vento, as manhosas. Além disso acham sempre que nunca se pode dar muita confiança a uma mulher, porque num dia estamos a discutir se Jesus (ou mesmo Deus) deve continuar no Benfica, e no dia seguinte ela já quer casar connosco.
… serem todos hipocondríacos?
Porque são egocêntricos e acham que o mundo gira à volta do seu umbigo (e abdominais, e estômago, e intestino delgado) e têm poucas preocupações na vida. Nunca fazem a coisa por menos: estão sempre a morrer e são uns incompreendidos. Se têm uma dor de cabeça, não é uma enxaqueca, é um derrame cerebral. Nunca dão um jeito, têm uma ruptura de ligamentos. Uma dor de burro é uma cirrose hepática, umas borbulhinhas no tornozelo esquerdo não é alergia às meias, é cancro da pele, e escusado será dizer que um espirro não é uma vulgar constipação, é Gripe dos Porcos. Até já deixaram de comer porco. Por via das dúvidas.
… devorarem carne?
Porque acham que precisam de imensa proteína para reparar os músculos (mesmo aqueles que só usam o músculo do fim do dedo indicador para carregar no telecomando) e estão convencidos de que não há outro alimento digno de um verdadeiro macho. Tofu é para meninas, soja é para os chineses e para matronas na menopausa, milho é para as galinhas, muesli é para qualquer coisa com asas e bico, algas é para as baleias, aveia, como toda a gente sabe, é para os cavalos, alface é para as anorécticas, lentilhas é para os monges do Tibete que se comerem hambúrgueres de alce já não são capazes de levitar, e croquetes de quinoa (não que eles saibam o que são croquetes de quinoa) é para chefs gourmet amaricados com a mania que são zen. Os únicos alimentos compatíveis com o estômago e a alma de homem são os que incluem carne, mas também não pode ser almôndegas nem croquetes, que é carne para crianças e velhinhas, tem de ser bife na pedra, hambúrguer, feijoada, torresmos ou couratos. Quanto mais perto do mamute primordial, melhor.
… serem tão atados?
Porque vivem no pavor de que os outros se riam deles. Nunca fazem aquilo que de facto queriam fazer na vida: adorariam experimentar sabre japonês mas têm medo que seja preciso vestir qualquer coisa tipo um quimono às flores e portanto não vão. Gostavam de experimentar uma aula de pesos mas não vão porque acham que vai estar toda a gente a olhar para eles e a pensar: “Olha-me aquele marmanjo que tem arcaboiço para levantar a Torre de Belém e levanta menos que uma velhinha com artrite reumatóide”. Sempre sonharam descer o rio de caiaque mas têm medo que o barco se vire. Não têm medo de morrer afogados, têm medo é de serem salvos por uma menina e virem acima desgrenhados e a cuspir pedras e peixes. Babam-se para cima da loira que corre na passadeira do lado, mas nunca metem conversa porque têm medo que ela se ria deles. Vivem no fantasma de que os outros se vão rir deles. É preciso dizer que as mulheres também. Mas menos.
… viverem na inocência?
Porque acreditam em tudo o que lhes dizem, coitados. Acham mesmo que o tamanho importa, que a política têm importância, que as opiniões deles são levadas em conta, e que as mulheres, além de estarem a apreciar-lhes os bíceps (geralmente elas estão de olhar em alvo a pensar se se lembraram de fechar o gás antes de saírem de casa) também estão a ouvir o que eles dizem. Vivem a vida ao lado: depois de emborcarem 10 mojitos acham que o que lhes fez mal foi o sumo de manga light, que era um bocado ácido, comem três gelados, dois donuts e um croissant com chocolate todos os dias e depois espantam-se que estão gordos, mas não vão ao ginásio porque nunca serão atletas olímpicos, e para não serem os melhores, preferem ser gordos… Porquê? Basicamente, coitados, porque são primários…
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