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Tão sossegadinha. Não dá trabalho nenhum. Sentadinha à mesa a fazer pinturas. O pior é no recreio. Numa festa. Na escola. Já toda a gente passou por uma fase de timidez; o problema é quando ela se transforma num problema…
Distinga
Há dois tipos de tímidos: uma coisa é uma criança introvertida mas que, se for preciso, consegue apresentar um trabalho ou entrar para a equipa de futebol. Outra coisa é uma criança a quem a timidez impede de fazer o que gostaria ou precisaria.
Aceite
Uma das maneiras mais fáceis de destruir a auto-estima de alguém é não aceitar a sua personalidade. Devemos guiá-los para conseguirem expressar-se de maneira apropriada, não exigir um transplante de personalidade.
Não os exponha demasiado
Esquecemo-nos muitas vezes que a vida das crianças é um carrossel constante de novas emoções. Há quem lide muito bem com isto e quem se assuste um bocadinho. Se ele pertencer ao segundo grupo, vá com calma.
Ensine-a a fazer amigos
Os tímidos podem ser vistos pelas outras crianças como antipáticos e serem postos de lado. Mas algumas crianças não têm mesmo noção de como meter conversa com outras. Às vezes basta um ‘Olá, eu chamo-me Pedro, e tu?’
Não cole a etiqueta
E não deixe que as outras pessoas o façam. Quem ouve dizer que é tímido fica a pensar que não há nada a fazer. Mais tarde pode usar a etiqueta como desculpa: ‘Não consigo, sou tímido.’ E ter muita peninha de si próprio e achar que é uma vítima da sociedade. Por isso, desactive logo o mecanismo. Diga qualquer coisa como ‘ele não é tími- do, só precisa de um bocadinho de tempo para se habituar.’
Dê-lhe apoio
Não sufoque: deixe que ela faça as suas próprias experiências. Mas não a abandone. Alguns pais pensam que se deixarem a criança à solta ela aprende a desembaraçar-se, mas isto pode ter o efeito contrário: quanto mais a criança se agarra às pernas da mãe, mais a mãe sacode. Errado. Os tímidos precisam de mais mimo e mais atenção do que as outras crianças, e não menos.
Não a deite às feras
Quer dizer, não a largue sozinha numa festa ou grupo se já sabe que ela se irá sentir perdida. Ah, e tente ser dos primeiros a chegar: é mais fácil habituar-se gradualmente a brincar com os meninos que vão chegando do que envolver–se num grupo já formado.
Dê uma ajudinha
Suavize o desconforto das primeiras impressões. Às vezes basta começar a brincar com ela e com outros meninos e ir-se embora quando já estiver enturmada. Os tímidos precisam de estudar o terreno antes de se atirarem às ‘feras’. Como acontece com os adultos (porque é que julga que se servem sumos e canapés em todas as festas?), socializar é mais fácil com alguma coisa na mão. Dê-lhe um brinquedo que ela possa levar.
Não a deixe isolar-se
Mas também não é preciso afogá-la em amigos: os tímidos dão-se melhor em tête-à-tête, por isso é uma boa ideia convidar um menino simpático para vir brincar com ela ou encarregá-la de olhar por uma criança mais nova.
Vire-a para o exterior
Treine-a para observar os outros, descobrir os motivos das suas acções, perceber que eles também podem sentir medo ou insegurança.
Ensaie
Os tímidos são sensíveis à mudança. Antes de uma festa ou de uma situação nova, explique quem irá lá estar, o que é que irá acontecer.
Não a obrigue a dar beijinhos
Nunca se obriga uma criança a beijar ninguém. Ela não responde quando lhe falam? Responda por ela e tente inclui-la na conversa.
OS MAIS E OS MENOS TÍMIDOS
Um estudo americano, ‘Stanford Shyness Inventory’, mostrou que a timidez também pode ser cultural. Os Israelitas são os menos tímidos e os Japoneses os mais tímidos. A explicação está na forma como cada cultura lida com o sucesso e o fracasso. No Japão, o sucesso de uma pessoa é atribuído a pais, família, tios, primos, professores, amigos, e o falhanço é um fardo individual. Resultado: medo de correr riscos. Em Israel, a situação é oposta: o falhanço é culpa dos outros, o sucesso é resultado do esforço individual. Outros autores defendem que a timidez se está a tornar uma patologia social: as crianças já não brincam na rua e raramente brincam sem supervisão de um adulto.