– Onde é que vamos?
Aposte na prevenção. Pode não haver tempo, mas compensa. Antes de partir, sente-se com as suas crianças e discuta com antecedência como é que as coisas se vão passar, o que é que vão fazer e quais são as regras. Não é em cima da hora que lhes vai gritar: “Eu disse-vos que só se podia estar 20 minutos na água!” Estabeleça as consequências para os infractores: se não saírem da água como lhes foi pedido, ficam um dia sem virem à praia. E depois cumpra.
– Quando é que chegamos?
Para não estar a ouvir isto a viagem inteira, vá fazendo paragens de vez em quando. De preferência, pare em sítios onde eles possam correr e saltar durante uns bons 20 minutos. Importante: mesmo que eles estejam aborrecidos, nunca lhes desaperte os cintos de segurança nem os tire da cadeirinha enquanto o carro está em andamento. Com bebés, nunca os leve ao seu colo. Se estiverem com calor e aborrecidos, um truque simples é tirar-lhes os sapatos ou dar-lhes água ou sumo fresco. (uma geleira é um bom investimento). De qualquer maneira, não abuse dos sumos, que têm demasiado açúcar. Para os convencer a beber água, pode comprar uma garrafinha para cada um e marcá-la com o nome respectivo. Eles adoram tudo o que seja privativo, e além disso há sempre aquele que, ao fim de três goles, deixa a água como um pântano com várias coisas a boiar, e aquele que gosta de tudo muito limpinho.
– Tenho fome
Às vezes, principalmente em viagem, fome é puro aborrecimento. Leve sempre alguns lanchinhos ‘anti-aborrecimento’ (mini-sanduíches, frutos secos, sumos) bem como lanches a sério. Evite os snacks com chocolate, açúcar e gordura. Tenha sempre à mão um ‘cesto de piquenique’, com água e uma manta resistente e alguns pratos de plástico. Pois pois, quem é que se lembra de um cesto de piquenique? Pode não se lembrar, mas é uma boa ideia. Em vez de sair disparada autoestrada fora esperando chegar o mais depressa possível, vá mais devagarinho e aproveite a viagem: saia de vez em quando e faça um piquenique com toda a calma. Se vai viajar de avião, leve alguma comida de que eles gostem. Os mais pequenos não costumam ir muito com a cara de comida a que não estão habituados.
– Quero os meus brinquedos
Peça-lhes para escolherem alguns favoritos para levarem com eles: de preferência mudos… nem pense em levar de férias consigo a adorável cornetinha ou a boneca que diz mamã em treze línguas. Escolha os brinquedos mais leves, resistentes, pequenos e divertidos.
– Não saio e não saio
Já cá estamos na praia e eles estão há horas dentro de água? Sejamos realistas: não se pode esperar que quem se está a divertir horrores aceite de boa vontade a proposta de deixar de se divertir horrores. Por isso dê-lhes tempo para se habituarem à ideia. Mais três mergulhos e vamos embora. Um, dois, três, dezasseis, vinte e quatro, e nada? Não espere até aos vinte e quatro: se aos quatro não estiverem ao pé de si, já sabem: no dia seguinte não vêm. Importante: não dê uma ordem. Uma ordem está mesmo a pedir para ser desobedecida. Não suplique: eles não respeitam quem suplica. Chame-os simplesmente em voz simpática, sem fazer aquela cara de “estou mesmo a ver que vai ser a batalha naval do costume”. Deixe-os espernear um bocado, coitados, também têm direito ao protesto, e torne a saída menos dolorosa prometendo uma história à chegada, ou um iogurte fresquinho, ou um jogo de futebol mais tarde.
– Quero fazer xixi
Ou pior: cocó. Não ceda à tentação de os pôr a fazer na areia. Um truque fácil é levar sempre uns quantos sacos de plástico: forre um balde com um saco e pronto, já tem uma casa de banho improvisada. Depois é só deitar no lixo mais próximo.
– Dá-me isso já! Ó mãe, olha o João!
Como sabe quem é casado, é difícil partilhar o nosso espaço e as nossas coisas com outra pessoa. Agora imagine uma pessoa que nem sequer se escolheu, que não tem um feitio necessariamente compatível com o nosso, e agora imagine isto num sítio diferente, com regras novas, rotinas novas e ajustes necessários? Sempre que houver a tradicional briga entre irmãos, não tente descobrir quem é o culpado, tente ajudá-los a resolver a questão. Querem a mesma coisa? Ou brincam os dois, ou brincam à vez, ou não brinca ninguém… Entretanto, há muito que se pode fazer para promover a boa relação entre irmãos: jogue com eles jogos em que eles façam parte da mesma equipa contra si. Mande um dos irmãos com uma boa notícia para o outro. Dê-lhes oportunidade de passarem tempo separados: crianças arrastadas em par para todo o lado, ficam absolutamente pelos cabelos uma da outra. Elogie sempre que se portarem bem. Mantenha-os ocupados: grande parte das brigas estalam entre irmãos aborrecidos de morte. Passe algum tempo a sós com cada um deles. E resolva aquilo que puder resolver com antecedência: decida logo o que é que vão visitar, quem vai comer o quê, quem vai ver a avó com a mãe e quem vai com o pai ao parque.
– Búúúúú!!!
Quando a birra estala, a birra estala: quer seja em casa quer seja em pleno café, praia ou supermercado. Eles não fazem de propósito para nos humilhar em público (embora pareça), para eles tanto faz chorar com audiência ou sem audiência. Não se preocupe demasiado: toda a gente que tem filhos já passou por isso, mas se estiver num lugar público com muita gente, é melhor pegar no birrento e levá-lo a arejar. De qualquer maneira, reaja o menos possível. Nem olhares, nem palavras, nada. Quanto mais atenção lhe der, mais a birra dura. Se as birras são constantes, pegue nele assim que a birra começa e ponha-o momentaneamente num lugar isolado. Entretanto, ensine-lhe como se comportar: converse com ele, ensine-o a pedir água se tem sede, a dizer que está farto quando está farto, a traduzir sentimentos por palavras em vez de birras.