O primeiro mês depois de uma ruptura amorosa é um exílio forçado, um luto auto–imposto. A última coisa que nos apetece é sair de casa logo no primeiro sábado e planear um engate escaldante. Quando uma relação acaba, é preciso fechar para balanço, como as lojas: fazer as contas às perdas e ganhos, perceber o que não correu bem, não pôr de parte a hipótese de uma reconciliação e pensar nos benefícios, agora que estamos livres paz de espírito, em muitos casos.
Depois, o medo é não saber como voltar às lides de solteira. ‘Como se faz agora? Já estou fora do jogo de sedução há uns tempos.’ Onde estão os solteiros interessantes, como se seduz e namora agora, que já passámos a loucura dos 20 anos?
TERRITÓRIO DE CAÇA
Antes eram os bares, discotecas e até bailaricos de Verão, para onde se saía em bando com as amigas. Conseguia avistar ‘alvos’ em todo o lado: colados ao balcão, com vista panorâmica sobre o recinto, do outro lado da pista, a observá-la, ou na mesa do lado, atentos à sua conversa. Quem não acabava a noite com companhia, acabava com uns copos a mais. Metia-se conversa ao balcão ou quando um amigo comum nos apresentava o ‘objecto’ do nosso interesse. Hoje, sair à noite vai ser mais complicado.
A companhia é escassa: as suas melhores amigas não têm onde deixar o bebé ou estão mais interessadas em passar um serão calmo com o companheiro (algo que, secretamente, não lhes perdoa). Acaba por sair com uma amiga solteirona e outra divorciada. Vão sempre ao mesmo bar. Chateiam-se ao fim de meia-hora com a música e a falta de conversa. Regressam a casa quase sóbrias.
A solução: Seleccione melhor o ambiente. Está provado que a maior parte das relações começam com amigos de amigos ou com companheiros de trabalho. Aceite convites para jantares e pequenas reuniões de amigos ou peça-lhes descaradamente para os organizarem, se possível onde possa conhecer gente nova.
Não despreze a Internet como meio de fazer novas amizades. Basta lembrar-se de três regras simples: não combine encontros em sítios desertos, pois nem toda a gente é o que diz ser, e prepare-se para a possibilidade de não gostar ‘ao vivo’ da pessoa que lhe parecia irresistível on-line.
O SENHOR CERTO?
Antes, falava do rapaz em quem estava interessada a todas as suas amigas e uma acabava sempre por dar com a língua nos dentes e contar tudo ao seu ‘alvo’ (no fundo, era isso mesmo que queria). Ficava em casa, colada ao telefone, à espera de um contacto. Os mais perseverantes tinham o privilégio de a levar ao cinema ou a jantar e só conheciam os seus pais ao fim de quatro ou cinco meses de namoro quase clandestino. Hoje, os homens interessantes são raros e a maioria está ocupada. Quando alguém a cativa, geralmente dá-se um de três cenários: 1) acha que jamais terá hipóteses; 2) diz que não está assim tão apaixonada e quer é ser livre; 3) fecha-se na sua concha e torna o namoro ainda mais clandestino que na adolescência, porque agora a concorrência é feroz.
A solução: Conheceu alguém interessante no ginásio? Arranje maneira de andar na bicicleta ao lado dele e meta conversa. Convide o colega simpático mas tímido para um café depois do trabalho. Não fique à espera do príncipe encantado; ele não irá aterrar-lhe no colo com um anel de noivado. Evite sabotar as tentativas de aproximação de todos os homens de jeito que lhe aparecem com medo de sofrer e dê uma segunda hipótese até aos mais chatos. Pode ter uma agradável surpresa…
AS DÚVIDAS DO GUARDA-ROUPA
Antes, experimentava tudo o que tinha no seu armário, no da sua irmã mais velha e nos das suas amigas. Começava a planear com uma semana de antecedência, mas 30 minutos antes da hora ainda não tinha decidido o que vestir. O ponteiro da balança não passava dos 50 kg e qualquer trapo que vestisse lhe assentava como uma luva. Hoje continua a experimentar todo o guarda-roupa, mas torce o nariz a tudo e fica deprimida só de pensar em ir às compras. Decide-se na véspera por uma toilete discreta mas vai mudar de ideias à última hora. Quando passar da porta da rua, percebe que está a chover e que as sandálias de salto alto e o vestido de alças não foram uma boa opção.
A solução: O estilo sexy casual jeans e top com um decote ou blusa branca desabotoada nas primeiras casas é uma aposta segura para saídas informais: nem demasiado leviano nem demasiado recatado.
Afinal, não vai querer parecer desesperada por impressionar, com um vestido matador e quilos de maquilhagem.
AS CONVERSAS SÃO COMO AS CEREJAS
Antes, quando as hormonas falavam mais alto, não era preciso exibir dotes intelectuais (eles, aliás, fugiam disso). Passava-se a noite a trocar cromos sobre música, filmes, férias e outras coisas inconsequentes mas isso não interessava porque ele tinha uns olhos lindos! Hoje eles dão mais valor a mulheres com conversa. Como já não é uma pós-adolescente deslumbrada, tem muito mais experiência, sabedoria e opiniões para partilhar. O pior é quando não surge assunto… Ele sabe todos os resultados da Superliga e gosta de aeromodelismo; você não diz que não a uma comédia romântica e gosta de literatura moderna. O que fazer?
A solução: Em vez de falar do tempo ou ficar à espera que ele tome a iniciativa, faça-lhe perguntas sobre os gostos e os projectos dele, ao estilo da ‘Grande Entrevista’. Ninguém resiste a uma pessoa interessada em saber coisas sobre ele próprio. Os pontos em comum revelam-se no seguimento da conversa.
PAGAR A DESPESA
Antes, o dinheiro era tão curto que chegava a ser romântico. Contavam-se todos os tostões, ‘rachavam’ cada café, faziam jantares românticos de fast food ou torradas à luz de velas porque o orçamento era curto para o restaurante. Hoje, a grande dúvida, quando sai com ele, é saber quando respeitar o cavalheiro e deixá-lo pagar a conta ou quando ‘rachar’ a despesa ao cêntimo.
A solução: Optem por um sistema diplomático de pagamentos à vez: hoje paga ele, para a semana paga você.
NA CAMA COM ELE
Antes, encarava o sexo com um misto de pudor e vontade de descobrir. Surpreendia-se (positiva ou negativamente), mas como não tinha grande experiência no assunto não fazia comparações desconfortáveis. O grande problema era a falta de local: moravam os dois com os pais e o carro era o único recurso e o manípulo das mudanças atrapalhava sempre. Hoje tem medo de já não saber como é ter intimidade com outro homem depois de ter passado tanto tempo com o mesmo. É quase como ser virgem outra vez. Mas sabe proporcionar e retirar do sexo mais prazer. A maturidade ensinou-lhe a não embarcar em cenários sexuais em que se sente desconfortável só para agradar ao parceiro mas também a ter mais confiança para ir até onde nenhuma mulher ousou.
Solução: Leia sobre o assunto; livros não faltam: ‘Como Ser Uma Boa Amante’ ou ‘O Grande O’, ambos da sexóloga americana Lou Paget, e ‘O Sexo no Feminino’, de Sylvia de Béjar, são dos melhores. Também já não há desculpas para fazer contas de cabeça e falhar na contracepção e no sexo seguro. Ter um novo parceiro contribui para reavaliar o seu poder de pôr um homem doido um grande afrodisíaco para a sua auto-estima e experimentar tudo aquilo que tinha medo de propor ao namorado antigo.
ADEUS, TRISTEZA!
Antes, a conta de telefone disparava no fim de uma relação. Ligava para todas as amigas a desabafar, entre soluços, e a invocar vudus contra o desgraçado. Perdia o apetite e pelo menos cinco quilos no mês seguinte. Até que toda a gente lhe dizia que estava mais gira e isso era suficiente para voltar à carga. Hoje chora durante dois dias, perde o apetite durante uma semana, ganha um apetite voraz na semana seguinte. Não perde o controlo, até porque a vida já se encarregou de lhe dar outros problemas para resolver, mas, de vez em quando, lembra-se dos momentos a dois e tem uma crise que compensa com uma caixa de chocolates (são antidepressivos, aproveite), um filme com o Ralph Fiennes e uma terapêutica limpeza geral.
A solução: Aproveite a limpeza e ponha numa caixa tudo quanto ficou do ‘ex’ em sua casa. Remeta tudo para a morada dele. Pegue nas suas fiéis escuteiras de infortúnios amorosos a amiga divorciada e a amiga solteirona e combinem uma noitada juntas. Eles que se cuidem!
Tudo o que NÃO deve fazer quando uma relação acaba.
Fechar-se em casa: Há muita gente interessante a conhecer, muitos sítios a visitar, muitos sonhos a realizar.
Chorar baba e ranho: Todos os lutos têm um período crítico. e um prazo de validade. Além disso, a depressão afecta o seu sistema imunitário é uma porta aberta para infecções que a deixarão doente a sério.
Preservar relíquias do ‘ex’: Fotografias das férias no Algarve dispostas em cada prateleira, a camisa havaiana esquecida no armário, CDs dos Pink Floyd e dos Metallica misturados com os seus.
Chamar-lhe ‘terceiro Anticristo’: Nunca há apenas um culpado numa separação. Mesmo que ele seja o tal ‘filho de Satanás’, não irá querer para si o papel de vítima indefesa.
Achar que nunca mais irá ter outro como ele. Os romances são como os autocarros podemos perder um, mas, se esperarmos, aparece outro logo a seguir.
Pedir informações do ‘ex’ aos amigos: Se a sua intenção é a autoflagelação, mais vale comprar um chicote! Arrume as recordações no baú das memórias, mais a camisa havaiana e as fotos das férias no Algarve. E siga para bingo!