Não é nada que a maioria dos pais já não tenha reparado sem estatística nenhuma, mas cá vai a confirmação: as crianças de hoje páram de brincar com brinquedos ‘tradicionais’ – como carrinhos, bonecas ou Lego – muito mais cedo do que há uma geração.
Segundo dados divulgados pela Littlewoods, uma loja inglesa de brinquedos on-line, as suas vendas refletem a enorme diferença entre a forma tradicional de brincar das crianças de hoje e dos seus pais.
A conclusão geral é básica: durante a última década, as crianças têm vindo a virar-se cada vez mais e cada vez mais cedo para ‘brinquedos tecnológicos’ (playstations, wiis, além de um infindável manancial de portáteis, ipads e telemóveis), mas este movimento acentuou-se abruptamente nos últimos dois anos.
Aos sete anos, a maioria das crianças já largou as bonecas e os carrinhos e já está ao computador, afirma o site.
A evolução é tradicional até aos sete anos: entre 1 e 3 anos, a maioria das crianças ainda brinca com bonecos de pano ou brinquedos tipo cubos. Entre os 3 e os 5, escolhem, consoante os sexos, bonecas, carrinhos de empurrar, barcos de piratas, tratores ou pistolas.
A partir dos 7 anos, esse mundo tradicional acaba abruptamente e entramos no mundo da tecnologia. Ou seja, esta é a primeira geração que acha tão natural brincar com um ipad como com uma boneca. O que não é de estranhar: afinal, as crianças gostam de imitar o mundo dos adultos, e quais são os ‘brinquedos’ dos adultos?
Com a banalização da tecnologia, os preços dos brinquedos tecnológicos para crianças também se tornaram mais acessíveis e mais variados.
Os pais estão divididos: por um lado, dizem que a tecnologia faz parte do mundo das crianças e oferecem-lhes telemóveis e portáteis porque não querem que os filhos fiquem para trás. Por outro lado, dizem ter saudades de um mundo onde a vida se fazia com outro tipo de brincadeira.
Os psicólogos alertam para a ‘desumanidade’ de uma criança criada por ecrans, que não desenvolve a empatia e a literacia emocional, ou seja, arriscamo-nos a criar adultos que sabem programar um portátil mas não sabem interpretar uma frase irónica, por exemplo.
De qualquer maneira, ainda é tudo muito recente para se poder fazer mais do que especular. Entretanto, todas as crianças continuam a gostar de jogar à bola. Resta haver alguém que as tire de casa, e espaço para dar umas corridas…