Com o ano letivo quase a começar, a associação Spine Matters revelou os resultados do seu estudo preliminar sobre a saúde dos alunos portugueses. E os primeiros resultados são preocupantes, no entender dos responsáveis pela pesquisa: 37% dos inquiridos – numa amostra de 110 alunos entre o 1.º e o 9.º ano de escolaridade – sofrem de dores nas costas, mas apenas 3% consultaram um médico a esse propósito.
A investigação, que continuará a decorrer pelo país durante os próximos meses, demonstrou também que é no 7.º ano que se encontra a maior carga transportada, com uma média de 7 livros por aluno.
Luís Teixeira, médico ortopedista e fundador da Spine Matters, alerta para as consequências de uma carga desadequada e contínua, nas mochilas e malas escolares, particularmente prejudicial na fase de crescimento das crianças e adolescentes: “Todos sabemos que as nossas crianças continuam a transportar cargas excessivas nos dias de aulas, mas é fundamental percebermos de que é que estamos a falar. Na verdade, os números mostram que há muitos alunos a suportar 15% ou mais do seu peso corporal na carga escolar, uma percentagem já muito elevada e prejudicial para a coluna“.
Os danos podem incluir mudanças nos ângulos do ombro, pescoço, tronco e membros inferiores, afetando a postura de forma global ao provocar uma curvatura anormal das costas, má postura, cifoses (corcundez), escolioses e uma maior probabilidade de se sofrer de dores lombares na vida adulta.
O excesso de peso nas mochilas tem ainda sido apontado como responsável, a longo prazo, por dores de cabeça frequentes e consequente falta de concentração das aulas. “A explicação é simples e reside no esforço, nem sempre consciente, que a criança faz de forma regular. O excesso de carga numa fase de crescimento vai, claramente, condicionar o mesmo, através de uma compressão da espinha que se manifesta depois também de outras formas. Uma das situações mais alarmantes que apurámos, foi a desvalorização das dores nas costas destes alunos. Apesar de ser uma realidade constante, não são consultados especialistas para auxiliar e travar a situação.”
O especialista que deixa ainda 3 dicas imprescindíveis aos pais:
1. Pese as mochilas dos seus filhos antes de saírem de casa. Se a carga exceder 15% do seu próprio peso, então é necessário retirar peso. Sempre que não necessários, os livros devem ficar na escola, nos cacifos.
2. Procure mochilas de duas alças e um bom suporte, em que o peso possa ser suportado uniformemente. Em último caso, use uma mala com rodas.
3. Corrija os seus filhos se a mochila estiver a ser transportada com as alças muito soltas: quando se encontra já perto do fim das costas, a pressão causada na coluna é muito elevada. Todas as mochilas devem ter as alças apertadas e justas para que não haja oscilação de peso.