
Já estamos fartos de ouvir falar na crise do papel higiénico, bem como das piadas sobre o assunto, certo? Mas, afinal, será que entendemos mesmo como tudo começou? Desde a opinião de um especialista em psicologia, à pesquisa feita pela Vice, várias foram as nossas inspirações para tentar perceber porque é que os rolos de papel higiénico foram dos primeiros produtos a deixar prateleiras vazias, assim que foi declarada pandemia devido à rápida propagação do novo coronavírus.
O jornalista Eddy Lim, da Vice, teve a interessante tarefa de se dirigir a um supermercado e perguntar às pessoas, uma por uma, o motivo pelo qual levavam quantidades anormais de papel higiénico. Um resumo?
“Só sei que todos os meus amigos estão loucos por causa do papel higiénico”
“Tenho medo que as outras pessoas o comprem antes de mim e, quando realmente precisar, terá esgotado”
“[Estamos a comprar tantos] Porque somos idiotas”
“Acho que estamos apenas assustados de não poder sair de casa e o papel acabar”
“Não entendo porquê papel higiénico”
Ora, estas foram algumas das declarações conseguidas pelo jornalista, de pessoas na casa dos 21 aos 65 anos de idade. Mas numa coisa concordaram todas: sem dúvida que as notícias acerca da corrida a este produto, bem como as imagens a correr nas redes sociais foram o grande impulsionador para que esta se intensificasse.

Walter Veit, autor de Science and Philosophy e especialista em psicologia, escreve, na PsychologyToday, que pesquisas recentes sugerem que existe uma série de mecanismos psicológicos, mas também económicos, a causar esta crise do papel higiénico. O principal culpado? Um fenómeno cultural ao qual foi dado o nome de Efeito Bandwagon – ou Efeito Adesão -, que descreve o facto de uma determinada tendência, comportamento ou ideias serem “contagiosos”, à medida que mais pessoas os vão adotando.
Outros dos culpados, diz o autor, são os media. “Estou disposto a apostar que, se nenhum artigo tivesse sido publicado acerca do papel higiénico, agora não teríamos esta ‘crise’“, escreveu. Ou seja, ao nos ser dada a sensação de que o papel higiénico ia acabar, mais cedo este acabou, efetivamente, porque as pessoas correram aos supermercados, com receio de que tal viesse a acontecer.
Veit acrescenta ainda que a economia também consegue explicar este fenómeno, com uma teoria de jogo. “Isto pode parecer uma ‘irracionalidade coletiva’, mas faz sentido que cada indivíduo começasse a comprar papel higiénico, já que tinham medo que as restantes pessoas o açambarcassem“, afirma, referindo que as notícias que apelam ao senso comum, muito provavelmente, não resultarão. “O investimento no papel higiénico parece mais racional“, rematou.