Sou fã assumida de Ted Talks. Para mim, a melhor forma de aprender é a ouvir as experiências e aprendizagens de outras pessoas. Afinal, só falamos com 100% de certezas acerca de algo quando o vivemos de perto ou sobretudo, na primeira pessoa.
Não me lembro bem como é que a minha pesquisa se cruzou com o vídeo de que vos vou falar. Mas não terá sido difícil, até porque conta com mais de 48,5 milhões de visualizações. A protagonista? Brené Brown, professora, autora, investigadora e uma fenomenal contadora de histórias.
A conferência chama-se “O poder da vulnerabilidade” e a forma como Brown a conduz faz com que aqueles 20 minutos pareçam voar. No meu caso, fiquei “agarrada” desde o início. “As relações são aquilo que dá propósito e significado às nossas vidas“, diz. E pronto, estou a ouvir e não tenciono parar.
Sendo eu uma pessoa “de pessoas”, para quem a família e os amigos são o essencial, esta frase foi música para os meus ouvidos. A autora continua e diz que, cerca de seis semanas após ter começado a estudar as relações, deparou-se com algo que as destruía totalmente, de uma forma que nunca tinha visto.
Sem entender totalmente do que se tratava, decidiu afastar-se e dedicar-se por completo a perceber aquilo a que estava a assistir. Chegou à conclusão de que a vergonha e medo eram os dois principais elementos disruptivos nas relações – e que estes estavam fundamentados na vulnerabilidade atroz.
A vulnerabilidade
Afinal, o que é a vulnerabilidade? “A ideia de que, para as relações acontecerem, temos de permitir que nos vejam realmente“, ou seja, temos de ser quem realmente somos, mesmo sem a garantia de que tal vai ser bem aceite ou não.
Após recolher milhares de histórias em seis anos, Brené dividiu os testemunhos em dois grupos: aqueles das pessoas que tinham um grande sentido de mérito e integração, e aqueles das que estavam constantemente a duvidar de si. E focou-se no primeiro.
Eis o que as pessoas desse grupo tinham em comum: coragem (de ser imperfeitas), compaixão (eram gentis consigo mesmas em primeiro lugar) e conexão (com base na autenticidade, em serem elas mesmas e não quem achavam que deveriam ser).
Tudo isto, diz a investigadora, levou à conclusão de que estas pessoas eram também vulneráveis – acreditavam que aquilo que as deixava vulneráveis era o mesmo que as tornava bonitas. Além disso, não definiam a vulnerabilidade como algo bom ou mau, mas sim como algo necessário. Estas pessoas mostravam-se dispostas a fazer algo sem saber o resultado.
O grande problema? É que, por norma, “insensibilizamos a vulnerabilidade” e, ao fazê-lo, de acordo com a autora, também insensibilizamos a alegria. Ou seja, ao vermos esta característica como uma fraqueza que deve ser contrariada, não conseguimos estabelecer relações autênticas, muito menos ser gentis connosco mesmos.
Além desta, outras atitudes comuns que nos impedem de, no fundo, ser felizes são: tomarmos o incerto como garantido; aperfeiçoarmos tudo; e fingirmos que aquilo que fazemos não afeta os outros. Mas há forma de dar a volta.
Estando conscientes de que cometemos todos estes erros, devemos contrariá-los. Brené deixa alguns conselhos: “exponham-se”, “amem sem garantias”, “pratiquem a gratidão e a alegria” e “acreditem que são suficientes”.
É facil falar, não é? E tudo o que é fácil, não tem piada. Por isso mesmo, o melhor é, em vez de apenas ouvirmos conselhos, agirmos em concordância com os mesmos. Um passo de cada vez, e conseguiremos assistir ao impacto positivo de algo tão simples – mas esquecido – que é sermos quem somos.