
Está a ver aquela cena clássica em que um marido infiel, mesmo depois de ter sido apanhado, diz à mulher que ela está a ver coisas que não existem? Ora bem, isso é um tipo de manipulação psicológica conhecido como gaslighting. Um termo emprestado do filme Meia-luz, ou Gaslight (1944), que conta a história de um homem que usa várias táticas para abalar e confundir a esposa, tentando levá-la a pensar que enlouqueceu. Isto porque ele descobre que ficará com a fortuna da mulher se ela for internada como doente mental.
A expressão em inglês ainda não tem tradução para a língua portuguesa, mas pode ser definida como uma forma de abuso psicológico, na qual o abusador mente, distorce a realidade e omite informações para fazer com que a vítima duvide da própria memória; dos próprios sentimentos e perceções e, como no filme, até mesmo da sua sanidade mental.
“Os ‘gaslighters’ ganham controlo ou evitam enfrentar as consequências do seu comportamento ao esconderem e distorcerem informações”, explica a psicóloga Melanie Greenberg, num artigo para o site Psychology Today.
Se estes sinais lhe parecem familiares, é altura de dar alguns passos para se proteger. Para que não haja dúvidas, a especialista partilha 5 táticas de gaslighting bastante comuns:
- A outra pessoa mente sobre coisas que já sabe que são verdade. Como já mencionámos, esconder e distorcer informações é uma estratégia para evitar as consequências;
- A outra pessoa acusa-a dos comportamentos negativos que ela teve. Esta é uma tática de defesa chamada projeção, que envolve negar uma qualidade negativa em si mesmo e vê-la noutra pessoa, mesmo que isso não seja verdade;
- A outra pessoa diz-lhe que é louca, emocionalmente instável ou demasiado sensível, impugnando a sua saúde mental. Ela, por outro lado, afirma repetidamente que não tem nenhum problema.
- A outra pessoa sabota-a de formas subtis, numa tentativa de ganhar controlo ao focar-se nos seus defeitos. Se lhe contar quais são as suas inseguranças, ela irá usá-las como uma arma contra si;
- Quando a outra pessoa é confrontada sobre o comportamento que teve, muitas vezes, desvia o assunto e arranja distrações. Um contra-ataque que pode incluir dizer que a culpa é sua e que tem um problema.