Normalmente, somos nós a lançar desafios aos entrevistados, mas desta vez fomos nós a ser postas à prova. Durante um mês mudámos hábitos profundamente enraizados no nosso dia a dia ou ainda decidimos criar outros, mais saudáveis. Pelo menos, tentámos…
Mais ainda que na passagem de ano, os meses depois das férias de verão, trazem uma nova onda de boas intenções. Entre mergulhos e bolas-de-berlim, prometemos deixar o açúcar, fazer exercício o ano inteiro, ler mais e ver menos televisão à noite… Este ano, a redação da ACTIVA decidiu não ficar pelas boas intenções e passar à ação.
E nem sempre somos o exemplo de boas práticas democráticas. Que o diga Patrícia, empurrada para o ginásio à força, depois de uma vida sedentária que nunca a incomodou particularmente. Já Catarina não precisou de ajuda para dificultar a sua própria vida. Ainda lhe sugerimos que passasse a beber mais água, mas ela preferiu levar água ao seu moinho: comprou o passe Navegante e começou a vir de Lisboa para Paço de Arcos de transportes, desafio que veio a dar-lhe água pela barba. Foram 30 dias por vezes difíceis, com muita contestação (e gargalhadas) à mistura, agora aqui relatados numa espécie de desabafo público.
Aqui fica o testemunho da nossa editora de beleza Isabel Vidal. O próximo episódio sai daqui a uma semana.
“Agradecer o quê? Aquelas pequenas coisas boas que nos acontecem diariamente e nas quais não reparamos porque estamos demasiado ocupadas a reclamar das coisas chatas… O desafio chegou numa altura péssima, de grande tumulto familiar, mas pensei: se conseguir fazer isto agora, tirar 5 minutos destes dias onde não sobra nem um segundo, para tomar nota de 10 coisas boas, já valeu. A meu favor tinha, à partida, o meu gosto pela disciplina, a paixão pelos rituais e a mania de fazer listas. Comprei um caderno especial que coloquei à mesa de cabeceira e… vamos a isto. A primeira dificuldade foi escolher o que agradecer. A chegada do comboio mesmo quando estou a entrar na estação para eu o apanhar? Ir a passar na rua e estar alguém a tocar Mozart? Apanhar uma ameixa absolutamente perfeita? E dava para repetir? E só as coisas óbvias (a presença e o amor da família e dos amigos, ter trabalho e saúde) ocupavam logo metade da lista… No primeiro dia tinha demasiadas coisas para agradecer, no segundo não me ocorria nada, no terceiro apetecia-me ir ver um episódio do ‘Sobrevivente Designado’ em vez de fazer a lista… Mas ao fim de uma semana comecei a gostar daquele ritual de balanço diário e de terminar o dia, antes de fechar a luz e os olhos, a pensar em coisas boas. Mudou a minha vida? Não, mas ajudou-me a desdramatizar os dias mais complicados. Vou continuar? Não sei… A escrever tudo direitinho acho que não, mas a fazer a lista mental acho que sim. Noto que, ao longo do dia, estou mais atenta ao lado positivo das situações. Claro que ainda me passo e stresso por coisas estúpidas, e não me parece que as pessoas à minha volta me achem mais zen. Dizem os entendidos que o hábito da gratidão nos altera até a nível fisiológico e imunitário, mas é preciso tempo e constância na coisa. Vou tentar mantê-la. E voltamos a fazer um ponto da situação daqui a 6 meses…”